Medo de dentista afeta qualidade de vida, aponta pesquisa
Pesquisa pernambucana revela que 23,3% das pessoas tem algum nível de ansiedade ao visitar o dentista, sendo que 7,3% são odontofóbicos
Uma pesquisa realizada pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) aponta que 23,3% das pessoas têm algum grau de ansiedade ao sentar numa cadeira de dentista. Desses, 7,3% são muito ansiosos, considerados, assim, odontofóbicos.
O medo de dentista, indica a pesquisa, interfere na qualidade de vida, uma vez que a condição bucal, em diversas populações, impacta negativamente a autopercepção do bem-estar das pessoas. A conclusão é do pesquisador Luiz Alexandre Moura Penteado.
O pesquisador também aponta haver diferença significativa entre homens e mulheres. "As ansiosas representaram 20% enquanto os ansiosos figuram em 6,1% dos casos", explica o autor. Ele continua: "Mesmo pessoas com potencial acesso ao tratamento podem se evadir desse ato em razão do sentimento que portam e, por isso, acumularem problemas odontológicos que podem impactar em suas vidas e atividades diárias".
A pesquisa ouviu mais de duzentas pessoas com média de 44 anos de idade de dois centros de referência na cidade de Maceió-AL. O questionário para detecção do nível de medo tem perguntas diretas, às quais o entrevistado responde em uma escala de zero a dez. Um outro questionário, de detecção e classificação de ansiedade, possui uma sequência de cinco perguntas que envolvem atividades de rotina de atendimento, desde o momento da espera, passando pela anestesia e culminando com procedimentos clínicos.
"Também fizemos o levantamento da condição odontológica, dental e periodontal dos participantes, para verificar se sujeitos ansiosos e com medo teriam uma pior condição bucal, devido ao provável retardo na busca de atendimento por causa desse sentimento", explica Penteado.
O pesquisador averiguou ainda que a autopercepção da condição bucal com impacto negativo na qualidade de vida, por escala, foi prevalente em 38,3% dos entrevistados.
Orientações - Alexandre Penteado aconselha que os dentistas procurem acolher os pacientes extremamente ansiosos, respeitando o momento individual de cada consulta. "Estudos evidenciam que, para alguns, isso ajuda, enquanto, para outros, isso os deixa mais ansiosos. Quantos de nós [dentistas] já vimos pessoas que vão passar por um procedimento que dizem: 'Doutor, não me diga nada e apenas faça, assim fico mais calmo'. Enquanto para outros o inverso é verdadeiro. Por isso, insisto, acolha, conheça, e particularize o atendimento".
Embora haja escassez de estudos na área, há indícios de que existe no Brasil uma prevalência clinicamente importante da ansiedade ao atendimento odontológico. A origem do medo seria ainda na infância, quando as pessoas são mais influenciadas. Outros traumas decorrem de vivências realmente negativas passadas pelos pacientes.
Sobre a diferença de medo entre homem e mulher, o especialista resume: "Busca-se explicar essa relação por questões sociais, uma vez que invariavelmente as mulheres procuram mais atendimento e cuidam da sua saúde. Outro fato é que as mulheres externam mais naturalmente seus sentimentos, sem pudores ou preconceitos que possam ser associados".
Com informações da assessoria