Centro de Combate à Homofobia segue de portas fechadas
Mesmo no Dia Internacional do Orgulho LGBT, o programa do Governo Estadual continua com as atividades suspensas por quase 30 dias, desde o mês de maio
No Dia Internacional do Orgulho LGBT, o único Centro Estadual de Combate à Homofobia (CECH) comemora a data de portas fechadas. Com as atividades suspensas desde o último dia 31 de maio, os dez funcionários que foram demitidos aguardam a realizaçao de uma nova Seleção Simplificada. De acordo com a Secretaria Executiva de Direitos Humanos de Pernambuco, as atividades do centro estão "apenas temporariamente suspensas".
No Diário Oficial do Estado desta terça-feira (28), um novo edital foi divulgado para realização de uma Seleção Pública Simplificada. Na publicação, o texto informa que serão contratados temporariamente 96 profissionais de diversas áreas para atuar nos diversos programas desenvolvidos pela Secretaria. O CECH oferecia apoio jurídico, psicológico e educativo para lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transsexuais e transgêneros.
Para a primeira mulher transexual a ocupar um cargo público no Governo de Pernambuco, Cristiane Falcão, o sentimento é de grande tristeza e de perda. "Estamos regredindo; enquanto nosso papa pede pra o povo nos pedir desculpas, o Governo nos dá as costas", lamentou a funcionária que também teve seu trabalhado interrompido.
Com uma importante tarefa no combate à homofobia, Cristiane lamenta que a suspensão tenha sido feito justamente em um dos programas mais acolhedores do Estado. "Um Centro que tinha dez funcionários pra dar conta de um estado inteiro, é realmente duvidoso", explica. Ela conta que chegou até a trabalhar com recursos próprios para manter o CECH. "A gente que bancava, porque várias vezes não tínhamos diárias", completou.
Procurada pela reportagem do Portal LeiaJá, a Secretaria Executiva de Direitos Humanos informou que, ainda nesta terça-feira (28), divulgará um texto informando sobre a publicação do edital e os trâmites a partir disso. A assessoria de comunicação da secretaria falou que na publicação, serão explicados os próximos passos e possíveis prazos para que o Centro de Combate à Homofobia volte a atuar em Pernambuco.
Para os funcionários que foram demitidos, não há garantia de retorno ao antigo trabalho. Eles terão que realizar o processo de Seleção Simplificada do novo edital e aguardar o processo classificatório. "Não deveriam ter nos demitido. Agora vamos ser reavaliados e vamos aguardar se conseguimos nossos empregos de volta", concluiu Cristiane.
O CECH não atua só na capital pernambucana. Mais de 150 municípios de todas as regiões do Estado já receberam atividades do Centro. Entre ações de mobilização, sensibilização, formação e palestras já beneficiaram 12.690 pessoas.