Haitianos são baleados em Cuiabá. Polícia cogita xenofobia
Segundo o boletim de ocorrência, o brasileiro teria ficado irritado porque um dos haitianos não quis lhe pagar uma cerveja
Quatro haitianos foram baleados por um brasileiro após uma discussão em um bar no bairro Eldorado, na periferia de Cuiabá, na última sexta-feira, 18. Um dos feridos foi o dono do estabelecimento, Annous Saint-Fleur, haitiano que mora há quatro anos na cidade.
Até a manhã desta segunda-feira, 21, a polícia não havia localizado o autor dos disparos. O crime é investigado pela Polícia Civil. Além da suposta briga por causa da cerveja, será analisado se o crime tem caráter de xenofobia. Os baleados foram levados para o Pronto Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC), em uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), e liberados no sábado, 19.
Segundo o boletim de ocorrência, o brasileiro teria ficado irritado porque um dos haitianos não quis lhe pagar uma cerveja. Os disparos atingiram outros três haitianos. Saint-Fleur recebeu dois tiros, um em cada perna, e outro haitiano foi atingido no rosto.
O bairro Eldorado é um dos seis bairros de Cuiabá com maior concentração de haitianos. Oficialmente, a capital mato-grossense tem uma comunidade haitiana de pouco mais de 2 mil pessoas. Eles começaram chegar em 2010, e o fluxo aumentou com a possibilidade de trabalho nas obras da Copa. Na cidade, eles costumam trabalhar em lan houses, bares e como vendedores ambulantes.
A Pastoral do Migrante acompanha o caso preocupada. Em setembro de 2015, o haitiano Pauleme Merzilus, de 28 anos, foi assassinado a facadas na porta de sua casa, na cidade de Rondonópolis, 218 quilômetros de Cuiabá. Na época, a ocorrência foi considerada latrocínio (roubo seguido de morte).
Além de Eldorado, os haitianos podem ser vistos em outros bairros, como Bela Vista, Pedregal, Sol Nascente e Carumbé, todos próximos à Pastoral do Migrante e com preços de aluguel mais baratos.