Caso do botox: 28 médicos pernambucanos são indiciados

Produto era contrabandeando de países asiáticos e revendidos a preços baixos no Brasil

por Damares Romão sex, 27/04/2012 - 11:35
Paulo Uchôa/LeiaJá Imagens O delegado Humberto Freire apresentou os detalhes sobre a Operação Narke Paulo Uchôa/LeiaJá Imagens

Vinte e oito médicos pernambucanos foram indiciados, pela Polícia Federal (PF), por integrarem uma quadrilha que comercializava e fazia uso de toxina botulínica (botox) contrabandeada para o Brasil. A lista de indiciados inclui ainda quatro distribuidores, oito comerciantes e outros 15 médicos de quatro estados brasileiros – Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e São Paulo. A PF concluiu o inquérito e divulgou na manhã desta sexta-feira (27). O esquema funcionava há seis anos.

A ação faz parte da Operação Narke, deflagrada há mais de duas semanas para reprimir a comercialização da mercadoria importada clandestinamente. Segundo as investigações, a introdução da toxina clandestina no Brasil ocorria de duas formas. A primeira delas era executada por empresários que contrabandeavam o produto. O segundo modo envolvia a introdução do botox em território nacional, misturadas ou confundidas com cargas de importação ilícitas.

Durante as investigações, ficou comprovado que Recife era uma das rotas mais utilizadas pelos contrabandistas. Conforme o delegado Humberto Freire, da PF em Pernambuco, o produto era trazido, possivelmente, de países asiáticos (não divulgados) e revendidos no Brasil cerca de 50% mais barato que o normal. “A mercadoria que deveria custar R$ 1 mil estava sendo vendida a R$ 300 a R$ 400”, explicou.

O produto também era, muitas vezes, misturado a água e álcool. De acordo com o delegado, se utilizado dessa forma, além da ineficácia e do efeito reduzido do produto, a toxina pode ocasionar danos irreversíveis no rosto do paciente.

A partir da deflagração da operação, a PF apreendeu inúmeros produtos ilegais e ouviu cerca de oitenta pessoas, entre médicos, pacientes e outras testemunhas. Além disso, a PF representou para que o Juízo informasse ao CREMPE e ao Conselho Federal de Medicina, para que os médicos fossem responsabilizados também na esfera administrativa e ética. Entretanto, até o momento não houve nenhuma medida cautelar que faça com que esses profissionais sejam impedidos de exercer suas funções.

Durante a operação, alguns médicos foram presos e autuados em flagrante, mas conseguiram hadeas-corpus e atualmente respondem ao processo em liberdade. Os indiciados responderão por crime contra a saúde pública, contra a ordem tributária e a maioria deles também por crime de contrabando.







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