Apesar divisão clara no PT de Pernambuco sobre o alinhamento diante das eleições em outubro, se terá candidatura própria ou estará alinhado ao PSB, a vereadora Marília Arraes ganhou fôlego como pré-candidata ao pleito, no último sábado (27), durante um ato em Serra Talhada, no Sertão, que endossou seu nome para a disputa.
Mesmo com a falta de adesão das consideradas maiores lideranças da legenda no Estado, o senador Humberto Costa e o ex-prefeito do Recife João Paulo, ela se colocou no páreo e defendeu a formação de uma chapa do PT como base para reforçar as bancadas legislativas. Atualmente o PT de Pernambuco não tem deputado federal e ocupa apenas duas cadeiras na Assembleia Legislativa (Alepe).
“Temos que ter em mente que uma gestão do Executivo não consegue avançar sem uma bancada forte e coesa. Com certeza, uma candidatura própria dá legitimidade necessária para a busca do voto do eleitor que não compactua com os retrocessos que estão ocorrendo no estado e no país”, salientou Marília.
“Queremos defender Lula e colocar Pernambuco no rumo. Não se governa simplesmente defendendo um projeto de poder e eles sabem que não ganham uma eleição sem falar a verdade, mas nós vamos falar a língua do povo… Não temos máquina, mas temos muita disposição e coragem para estar ao lado do povo. Não é fácil”, acrescentou a pré-candidata.
Defensor ferrenho da candidatura de Marília e organizador do evento, o prefeito de Serra Talhada, Luciano Duque (PT), destacou que a postulação já tem força interna e deve se concretizar. “É muito fácil querer o tempo do partido, agora na hora de ir para luta se escondem e dizem que não querem nosso apoio. Dentro do partido já construímos uma candidatura e vamos continuar a luta, para ter a vitória histórica de uma mulher que não está aqui para comprar o voto de ninguém”, sustentou.
O ato também serviu para rebater a tese de aliança com o PSB. Líder do MST em Pernambuco, Jayme Amorim disse que a militância do PT e seus movimentos aliados não vão admitir uma aliança com "golpistas".
"O povo não aceita qualquer aliança com aqueles golpistas. Marília representa também uma nova geração, como candidata a governadora tem todas as condições para conduzir este processo. Não vamos aceitar o processo de aliança novamente com os golpistas. É necessário reconstruir. Dizem que não dá para fazer porque não tem prefeito, mas nós não precisamos de grandes estruturas e dinheiro, Marília para se eleger só precisa da força do povo", declarou.
Em apoio à Marília, o evento contou com a participação mínima de lideranças do PT. Além dos já citados, apenas a deputada estadual Teresa Leitão e o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carlos Veras, estiveram no local. Mesmo não comparecendo, Humberto foi representado pelo dirigente Dilson Peixoto, que declarou, em nome dele, apoio à Marília. Entretanto, nos bastidores, o senador é considerado o nome que está na linha de frente das articulações pelo realinhamento do PT com o PSB.