Situação de Bruno parece confortável

| qua, 19/04/2017 - 09:15
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Entre os pernambucanos incluídos na lista de Fachin, autorizando o Supremo a fazer investigações no esquema da Lava Jato, o ministro das Cidades, Bruno Araújo, tem amplas chances de escapar. Tomando como base a delação do ex-diretor João Pacífico, da Odebrecht, o ministro não pode ser encaixado entre aqueles que receberam ajuda da empreiteira. Como o ministro já havia informado, o que recebeu foi contabilizado e devidamente prestado contas à justiça eleitoral.

Em artigo em seu blog, ontem, o jornalista Reinaldo Azevedo, relata trechos que leu das delações do ex-diretor da Odebrecht que cuidava dos interesses do Nordeste, José Pacífico. Nas respostas ao procurador que o inquiriu, Pacífico diz conhecer Bruno desde adolescente. Afirma ter relações pessoais com a família do agora ministro das Cidades. Diz que as doações da empresa a Araújo foram feitas em razão as relações pessoais, mas também porque se tratava de uma aposta de que viria a ser um político de destaque. 

“Concretamente, o senhor se lembra de algum pedido feito, se ele [Bruno] trabalhou em favor da Odebrecht, em benefício da Odebrecht, alguma Medida Provisória, algum ato legislativo”, perguntou o procurador João Pacífico, que responde: “Não, não, não!” O ex-diretor nega com palavras e gestos, descartando peremptoriamente qualquer troca. E acrescenta. “Se isso aconteceu foi através de Cláudio Melo Filho. O que eu fiz foi apresentá-lo [Araújo] a Cláudio Melo”. 

O procurador voltou a questionar se ele havia falado alguma coisa por intermédio de Cláudio Melo? Pacífico também respondeu que não. Então é o caso de recorrer ao depoimento de Cláudio Melo Filho, sugeriu. E este, em seu depoimento afirmou: “Eu mantive com ele [Araújo] uma relação fraternal, institucional, profissional”. 

E acrescentou: “Depois disso, em 2012, fui agraciado com a medalha Honra ao Mérito Legislativo, e a indicação foi do próprio deputado. Várias vezes nós almoçamos juntos, conversamos, nos encontramos em ambientes sociais aqui de Brasília. E gostávamos muito de falar de política (…). A gente sempre falava de política, de Brasil e do meu Estado natal (Bahia). Essa foi a minha relação. Da parte dele, não houve nenhuma solicitação de nada em termos de campanha, porque ele tinha a relação dele através do João Pacífico”. 

O procurador ainda insistiu: “O João Pacífico relatou ao senhor em que o Bruno poderia ajudar ou estava ajudando os interesses da Odebrecht no Norte ou Nordeste?” Melo Filho disse não. Para encerrar, o procurador perguntou qual o interesse da companhia em contribuir com o deputado Bruno Araújo. Ele respondeu: “Bruno é um jovem talentoso politicamente, pelo menos no meu conceito; foi líder do partido dele ainda jovem, quer dizer, tem uma penetração no partido e no Congresso”. 

As conclusões, antecipando um julgamento favorável a Bruno, são do próprio José Reinaldo: “Acho que já está bom, não? Pacífico diz que a Odebrecht fez duas doações — R$ 300 mil cada — pelo caixa dois, para campanhas eleitorais de Bruno. Mas nem ele nem Melo Filho relatam qualquer contrapartida do parlamentar pernambucano e agora ministro. Nada!

Marcelo Odebrecht, que tem hoje poder de vida e morte sobre os políticos, disse com todas as letras: há políticos honestos que receberam pelo caixa dois – e, pois, o dinheiro não era propina. E há desonestos que levaram propina pelo caixa um, com doações registradas. A Justiça garante a todos os mesmos direitos. E, por isso mesmo, tem de tratar desigualmente os que foram tornados desiguais em razão dos crimes que cometeram. O que vai acima relata, sim, caixa dois, mas não corrupção”. 

PREVIDÊNCIA– O relator da reforma da Previdência Social, deputado Arthur Maia (PPS-BA), divulgou um esboço de seu parecer sobre as mudanças nas regras previdenciárias. A proposta final, porém, será apresentada somente, hoje, – e, até, lá, nada impede que sejam feitas novas alterações. De acordo com a apresentação do deputado, que foi divulgada para a imprensa, a idade mínima da regra geral de aposentadoria seria menor para as mulheres: 62 anos. Para os homens, a proposta continua em 65 anos. A proposta original do governo federal era estabelecer uma idade mínima única para ambos os gêneros, de 65 anos.

De braços abertos– Diferentemente da postura que assumiu no seminário “Pernambuco em ação”, quando não recebeu nem ciceroneou o governador Paulo Câmara (PSB), o prefeito de Garanhuns, Izaías Régis (PTB), fiel escudeiro do senador e pré-candidato a governador Armando Monteiro (PTB), recebe logo cedo, hoje, por volta das 8h30m, toda caravana da oposição, sete deputados estaduais que cumprem agenda no município fiscalizando obras do Governo. Aos parlamentares, Régis dará explicações das razões que se recusou a recepcionar o governador. 

Cobrança– Preocupado com o agravamento da violência em Pernambuco, o líder da Oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE), cobrou, ontem, a execução das medidas anunciadas recentemente pelo Governo do Estado a fim de estancar os índices de “guerra civil” registrados neste ano. “Caso isso não ocorra, Pernambuco será transformado em uma verdadeira praça de guerra”, avalia. Diante do aumento explosivo do quadro no Estado, com registro de mais de 1,5 mil pessoas vítimas de morte violenta e mais de 500 estupros notificados apenas nos primeiros três meses de 2017, o governador Paulo Câmara (PSB) prometeu contratar mais profissionais à área de segurança, aparelhar a polícia e melhorar a condição de áreas de inteligência.

Propinas– O executivo Márcio Faria, da Odebrecht, revelou, em delação premiada, ter sido procurado, em 2010, por Aldo Guedes, que se dizia "o único representante" do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para tratar de propinas de R$ 90 milhões, referentes a 2% do contrato da construtora com a Petrobras para construção da Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca. Do termo, ainda teriam sido pagas propinas para diretores da Petrobras, ao gerente do empreendimento e ao falecido deputado José Janene (PP). Eduardo Campos morreu em agosto de 2014 em um acidente de avião em Santos quando estava em campanha à Presidência da República.

PT prometeu, Mendonça fez– O prefeito de Serra Talhada, Luciano Duque (PT), ficou ancho da vida, como diz o companheiro José Adalberto Ribeiro, ao receber a noticia, ontem, do ministro da Educação, Mendonça Filho, da liberação de R$ 4 milhões para construção da escola integral educadora Zuleide Feitosa. Trata-se de uma unidade educacional top de linha, com 12 salas de aula, refeitório, quatro laboratórios, quadra coberta e todos os equipamentos de primeiro mundo. A escola foi uma promessa de Duque na campanha de 2012. Dilma prometeu, nas não cumpriu. 

CURTAS 

VIOLÊNCIA– Quinze municípios pernambucanos apresentaram aumento no número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) no primeiro trimestre deste ano. Desses, quatro estão na Região Metropolitana do Recife. As demais, no Interior, entre eles Caruaru, Araripina, Barreiros e Bom Jardim. Em Bezerros, somente em março 11 pessoas foram assassinadas. No Recife, o mês de março fechou com 96 assassinatos contra 74 em fevereiro e 70 em janeiro. 

EMPREGO – As empresas que aderirem ao programa de proteção ao emprego, chamado agora de Programa de Seguro-Emprego (PSE), estão dispensadas de estar em dia com o pagamento de impostos e do recolhimento do FGTS e da contribuição previdenciária. A decisão de eliminar a certidão negativa, que facilitará e ampliará as adesões ao PSE, é do relator da Medida Provisória (MP) que muda e prorroga o Programa, senador Armando Monteiro (PTB), cujo parecer foi aprovado, ontem, na Comissão Mista que examina a MP. 

Perguntar não ofende: A CUT tem tanto dinheiro assim para fazer pesquisa enchendo a bola de Lula? 

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