Presidente do Barcelona queria Messi jogando de graça
Joan Laporta tinha esperança que o craque argentino abrisse mão do salário
O Barcelona ainda está superando a saída de Lionel Messi, que deixou o clube em agosto e acertou com o Paris Saint-Germain depois de longo imbróglio por sua renovação. O presidente do clube espanhol, Joan Laporta, afirmou nesta sexta-feira que tinha esperança que o craque argentino decidisse ficar, jogando até mesmo de graça, uma vez que os catalães passam por uma grave crise financeira. O mandatário também revelou ter tentado contratar Neymar, demonstrou confiança no técnico Ronald Koeman e falou sobre projeto de reforma do Camp Nou e da área ao redor do estádio.
Em entrevista à rádio espanhola RAC1, Laporta deu mais detalhes sobre as últimas cartadas para manter Messi no Barcelona. Prezando pela austeridade financeira, o presidente afirmou que a decisão de deixar o ex-camisa 10 livre para ir para outro time foi difícil, mas acreditou que estava fazendo o melhor para o clube.
"Ele queria ficar, mas eles também tiveram muita pressão pela oferta que tinham", afirmando que "por um momento, esperava que Messi dissesse que jogaria de graça". "Eu teria gostado e teria me convencido. Entendo que a Liga não teria aceitado. Mas não podemos pedir a um jogador do nível de Messi para fazer isso", disse.
O presidente do Barcelona reiterou que nas finanças do clube, que registraram perdas de 481 milhões de euros (R$ 3 bilhões na cotação atual) na temporada passada e tem uma dívida e compromissos futuros de 1,35 bilhão de euros (R$ 8,55 bi), "não havia margem" para conseguir manter Messi. Os valores foram revelados na quarta-feira pelo novo diretor financeiro. "Tivemos as conclusões da auditoria e o investimento no Leo poderia colocar-nos em risco", acrescentou Laporta, lembrando que "o Barça está acima de qualquer jogador".
O presidente expressou o desejo de prestar homenagem a Messi no futuro, bem como à lenda do basquete Pau Gasol, que na última terça-feira anunciou a sua aposentadoria das quadras.
NEYMAR - Laporta também confirmou que chegou a tentar a contratação de Neymar ainda no começo da janela de transferências de verão. Laporta afirma que foi avisado que o brasileiro queria deixar o PSG e, antes de ter conhecimento da situação financeira do clube, tentou fazer o brasileiro voltar a vestir a camisa do time espanhol. No entanto, ao invés de ir ao ataque pelo craque da seleção brasileira, precisou convencer atletas do atual elenco a diminuírem seus vencimentos para conseguir manter uma folha salarial minimamente possível de ser paga.
"Não tivemos a devida ideia, e conforme o diretor nos explicou os números, achamos que havia uma margem. Eles (empresários de Neymar) nos disseram que ele queria vir, mas aceitou a proposta do PSG. Disseram que não iria continuar, mas o convenceram. Ele não me decepcionou. Esta é a lei do futebol e quem fizer a melhor oferta leva. O resultado de não contratá-lo foi bom, não teria resolvido", disse.
"KOEMAN CONTINUA" - Após dias de incertezas sobre o futuro do treinador, Ronald Koeman, Laporta reiterou sua confiança no holandês. O treinador vem sendo duramente criticado pelo desempenho ruim tanto na Liga dos Campeões, quanto no Campeonato Espanhol. No torneio continental, a equipe ainda não pontuou e está em último no Grupo E. Na competição nacional, os catalães estão na 9ª posição, com 12 pontos.
"A secretaria técnica trabalha todos os dias, mas em nenhum momento eu disse que Koeman não iria continuar. Acho que ele merece uma margem de confiança", disse Laporta. "A decisão é que Koeman continue. Quando as coisas não saem como você quer, ficamos todos desanimados", explicou.
Questionado sobre nomes como Xavi Hernández, que ligou para substituir Koeman, Laporta insistiu que com o ex-meio-campista do Barcelona "eu falo muito, mas o treinador é Koeman".
CAMP NOU - O presidente do Barcelona comentou ainda o projecto "Espai Barça", que visa a remodelação do estádio Camp Nou e arredores, incluindo o centro desportivo anexo, para o qual a direção do clube vai pedir um financiamento de 1,5 bilhões de euros (R$ 9,5) ao Banco Goldman Sachs.
"É fundamental para a viabilidade do clube e para o presente e futuro do Barça ter um estádio, um espaço, um campus do Barça, o que vai gerar muitas receitas", disse Laporta, antecipando que o nome do campo vai estar vinculado a um patrocínio. "É um projeto espetacular que se compara em impacto para a cidade com o dos Jogos Olímpicos", concluiu.
O mandatário mostrou sua esperança, se os membros do Barcelona aprovarem o empréstimo em assembleia, para iniciar as obras no próximo ano para expandir o estádio para 110 mil lugares. Laporta calcula que o projeto possa levar até quatro anos, quando a equipe deve jogar no estádio Johan Cruyff - não confundir com a arena homônima na cidade de Amsterdã -, que fica no complexo esportivo do clube.