'Não usaria a bandeira do Brasil', diz medalhista olímpica
Bronze em Londres 2012, a pugilista Adriana Araújo desabafou sobre a situação dos atletas brasileiros na questão apoio e patrocínio
Primeira medalhista do boxe brasileiro em Olimpíadas, Adriana Araújo – bronze em Londres 2012 - participou neste sábado (31) do UOL News Olimpíadas e desabafou sobre a situação dos atletas brasileiros na questão apoio e patrocínio, contando sua experiência e fazendo críticas ao governo federal.
Em programa que teve a apresentação de Ivan Moré, Adriana Araújo deixou clara sua insatisfação com a forma com que o governo trata os seus atletas nas Olimpíadas.
“Infelizmente essa é a realidade, a gente vive no Brasil, se eu tivesse na Olimpíada hoje, eu fosse campeã, medalhista novamente, eu não colocava a bandeira do Brasil no meu corpo, infelizmente. É triste, é inadmissível. De que adianta você ser medalhista dentro de um país onde você não tem incentivo, não tem apoio”, iniciou a pugilista.
“‘Existe patrocínio nas Olimpíadas’, mentira. Você pega um ano apenas, investindo num atleta, um ano e diz que é patrocinador do atleta, mentira. Patrocinador é aquele que está ali, lado a lado, desde o baixo, desde o momento difícil, até o momento bom da vida do atleta”, completou.
Motorista de aplicativo
Adriana continuou o desabafo, lembrando que mesmo após a conquista da sua medalha em 2012, teve de ser motorista de aplicativo em 2019 para poder se sustentar e disse que era até engraçado já que muita gente a reconhecia.
“Vou ver bem sincera pra vocês, isso aqui (a medalha) já me deu vontade de vender, qualquer valor que viesse para pagar minhas contas. Alguns meses que estou sem trabalhar, sem ter dinheiro em mãos, já me deu vontade de vender isso aqui. Preciso pagar conta, preciso sobreviver, essa é a realidade, é um dos motivos para eu não colocar a bandeira do Brasil. Para que?”, questionou.
A pugilista refletiu também sobre os atletas que não conseguem ter um grande desempenho e recebem críticas, mas antes não receberam o apoio necessário para o levar a conquistar resultados positivos.
“É necessário que o governo brasileiro e os empresários, acordem para o país. É fácil a gente abrir a boca, criticar, falar e você não ter a ajuda merecida para fazer aquilo que é exigido de você. Muitos que vão lá fazer a diferença é só com a sua determinação e força de vontade”, criticou.
Adriana finalizou sua crítica falando sobre já se sentir realizada no esporte que disputou por tanto tempo, principalmente por tudo que viveu e conquistou. “Se o boxe acabasse hoje, eu sou uma pessoa totalmente realizada, porque eu sei de onde eu vim, sei do que eu passei, sei o que superei para conquistar essa medalha”.