Dia Mundial do Skate celebra o esporte
Para skatistas, a prática significa aprendizado, persistência, paz de espirito e amizade
O Dia Mundial do Skate celebrado hoje (21) foi instituído em 2004 pela Associação Internacional de Companhias de Skate (IASC), em homenagem a todos os praticantes do skatismo, que abrangem os profissionais do esporte e os que se utilizam da prática como um hobby ou estilo de vida.
O motoboy e atendente Mateus Fernandes da Fonseca, 20 anos, morador de São Mateus (SP), teve seu primeiro contato com o skate na infância, mas foi na adolescência que ele encontrou a paixão pelo esporte. “Quando eu era criança eu não era bom em empinar pipa, jogar bola ou andar de bicicleta. Foi no skate que eu me encontrei, pois ele representa a rua e abraça os renegados que a sociedade excluí”, comenta.
Para Fonseca, o skate também significa aprendizado e persistência. “É um esporte que te molda para a vida, pois ele consegue trabalhar vários problemas internos que temos, como questões de ansiedade, paciência e a busca por realizar algo novo”, aponta.
Segundo Fonseca, a pandemia do Covid-19 foi um obstáculo devido ao lockdown e também pela situação financeira causada pela crise sanitária. A princípio, o jovem trabalhava nos setores de eventos, que foi um dos principais prejudicados pela proliferação do vírus.
O repositor de estoque de mercado Wesley Araujo Cardoso, 19 anos, de São Mateus (SP), também teve contato com skate em sua infância e lembra que, na época, não tinha condições possuir um skate com materiais de qualidade, algo que só foi possível aos 16 anos, quando conseguiu seu primeiro emprego. “Um amigo forneceu o contato de uma pessoa que tinha peças originais. Na época eu não pensei duas vezes e investi quase a metade do meu salário”, recorda.
Cardoso destaca que o skate significa paz de espírito e amizade. “Aos 16 anos eu não andava de skate muito bem, mas todos os meus amigos me apoiaram a continuar. Hoje, com 19 anos, eu já consigo realizar umas manobras e fico muito feliz com o que conquistei”, ressalta.
A cena do skate nas Olimpíadas
Pela primeira vez, o skate foi incluído nas Olimpíadas, e marcará presença na edição de 2020/2021 que ocorrerá em Tóquio. Entre os participantes estão nomes como o americano Nyjah Huston e a brasileira Letícia Bufoni. A inclusão do esporte entre as modalidades olímpicas para Fonseca é benéfico, uma vez que incentiva a prática do skate na sociedade. “Mas o malefício disso tudo são presidentes e prefeitos que se aproveitam dessa onda para ganhar publicidade”, explica.
Fonseca lembra que há pouco tempo, a Confederação Brasileira de Skate (CBSK), divulgou uma foto ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), quando foi anunciado o patrocínio da Caixa Econômica Federa (CAIXA). “Isso é bem complexo, pois o skate não apoia nada do que o presidente prega, como machismo, homofobia ou desigualdade social. O skate é uma ferramenta de manifestação”, detalha.
Já Cardoso, define a inserção do skate nas Olimpíadas como hipocrisia, uma vez que todos os elementos da periferia eram encarados com alto nível de preconceito. “Para nós, mesmo que seja uma evolução notória na sociedade e no skate, o skatista não aceita isso fácil. É difícil ver como um esporte, pois é uma cultura alternativa que abraça diversos segmentos. Você não pode dar uma característica para o skate, já que ele abraça todo mundo que não se vê em qualquer outra ‘tribo’”, comenta.