A debutante e mítica La Bombonera
Tradicional estádio do Boca Juniors recebe pela primeira vez o clássico Argentina x Brasil
Enviado especial a Buenos Aires, Argentina
O estádio já virou uma lenda no mundo do futebol. Quem nunca sonhou com uma partida do time do coração na mítica La Bombonera? Construído em 1940, o Alberto J. Armando é temido por muitos adversários. Talvez, até mesmo, pelos próprios argentinos quando o assunto são os jogos da seleção. Pelo menos é o que demonstra a relação entre a Argentina e a casa do Boca Juniors.
Superficialmente, olhando o bom retrospecto no local, fica impossível entender a desconfiança dos argentinos. São 18 jogos, com 12 vitórias, quatro empates e apenas duas derrotas. Ou seja, mais de 74% de aproveitamento. Mas basta retornar para o dia 30 de agosto de 1969 e achar o “principal” motivo.
Naquela ocasião, La Bombonera foi palco de um dos momentos mais trágicos do futebol argentino. Em partida válida pelas Eliminatórias para Copa do Mundo de 1970, um empate em 2x2 com o Peru deixou os hermanos de fora do Mundial do México – a quarta ausência na história e a única desde 1958. Para piorar, o Brasil conquistou o tricampeonato.
Para se ter uma ideia, a última vez que o selecionado albiceleste atuou na “caixa de bombom” foi em 1997. Em partida válida pelas Eliminatórias para Copa do Mundo da França, um empate em 1x1 com a Colômbia.
Outro exemplo que ilustra bem essa cisma com a exclusiva casa dos xeneizes (torcedores do Boca) é o histórico contra o Brasil. O maior clássico do futebol mundial já aconteceu 96 vezes, com 38 vitórias brasileiras, 24 empates e 34 triunfos dos hermanos. Entretanto, a final do Superclássico das Américas, nesta quarta (21), será a primeira vez dos rivais em La Bombonera.
Além da tradicional fama de “azarão”, problemas mais plausíveis também justificam essa distância entre seleção e La Bombonera. A localização do estádio é uma delas. Situado no bairro de La Boca, é um dos locais mais perigosos de Buenos Aires, com ruas estreitas e sistema de transporte deficitário. A capacidade do estádio também não contribui. O Monumental de Núñez, casa do rival River Plate, e também na capital, pode receber mais de 66 mil torcedores contra 49 mil do Boca.
Então, para os supersticiosos, quando a bola rolar, a disputa entre Argentina e Brasil vai além do título do Superclássico. Ser “pé quente” nesses momentos é fundamental para a conquista final. Na primeira partida, no Serra Dourada, vitória dos brasileiros por 2x1. Um empate é o suficiente para deixar a fama de “azarão” da La Bombonera viva no coração dos argentinos.