Cláudio Mercante vai às lágrimas: “peço desculpas”

Árbitro falou sobre o incidente envolvendo os jogadores Rogério, do Náutico, e Maneco, do América

por Victor Bastos qui, 26/01/2012 - 16:49 Atualizado em: qui, 26/01/2012 - 17:14
Chico Peixoto/LeiaJá Imagens

A arbitragem brasileira está acostumada a viver bombardeada por críticas. Na grande maioria, com razão. Os quadros dos “homens do apito” sofrem com a falta de estrutura e treinamento. É inegável e, infelizmente, as falhas são inevitáveis. Em Pernambuco, nesta quarta (25), um lance pode ter mudado a carreira do árbitro Cláudio Mercante.

A partida entre Náutico e América transcorria normalmente até o carrinho – violento – de Maneco em Rogério. A entrada causou uma lesão nos ligamentos do joelho direito do jovem atacante alvirrubro, que ficará seis meses fora dos gramados. Considerado negligente no momento, Cláudio Mercante marcou lateral. Após muita reclamação, reverteu o lance em falta e aplicou apenas o cartão amarelo.

Porém, o árbitro revela estar arrependido da decisão. Segundo ele, não tem o aparato da televisão para apitar. Sabe que falhou – e muito, como enfatizou na entrevista -, mas também destaca que o cartão não mudaria a lesão do atleta, considerada como uma “fatalidade”.

Chorando em alguns momentos, Cláudio Mercante deu uma entrevista em que confessa: o clima está complicado, pensa em aposentar o apito. “Eu estou triste, foi uma falha minha. O que eu gosto de fazer, é o que eu sei fazer, a minha vida todinha foi com arbitragem e estou passando por isso”. Confira:

O LANCE

“Infelizmente, depois que cheguei em casa e fui rever o lance, percebi o erro, vi que era uma jogada mais brusca. Mas a gente não tem o aparato de apitar com a televisão, eu apito com interpretação e com o que vi na hora. Minha interpretação é de que o jogador tinha tirado a bola e se chocado com o jogador Rogério”.

DESCULPAS

“Peço humildemente desculpas ao jogador Rogério, que é um grande atleta, super educado, e tem um futuro brilhante pela frente. Peço desculpas ao presidente do Náutico, humildemente, e aos seus torcedores por não ter expulsado o jogador do América. Mas nada ia tirar a lesão do atleta, foi uma fatalidade. Mesmo se eu tivesse dado o cartão vermelho, o jogador teria sido lesionado também. A minha falha foi não ter expulsado. Mas estou triste com a situação”.

ACUSAÇÕES DOS ALVIRRUBROS

“Isso é normal. Os dirigentes estavam de cabeça quente e, pela situação que aconteceu, não vou tirar a razão deles. Peço desculpas a eles por minha falha, mas foi uma fatalidade o que aconteceu com o jogador Rogério. Eu não tenho nada contra eles (os dirigentes), foi uma reação na hora e com toda a razão”

FUTURO

“Ainda não fui comunicado oficialmente. Já vi na internet, aqui em casa, alguns amigos ligaram para mim, mas vou acatar a decisão do presidente. É uma pessoa super coerente com as coisas e está tomando a decisão que acha correta, vou respeitar. Agora vou acatar, continuar trabalhando e, se der para voltar, eu volto, caso contrário, a gente vai abandonar e ver o que vai fazer. Se não der para voltar a apitar eu não volto mais. Por que fica um clima muito chato. Então, a gente vai levando”

CLIMA

“Fiz a abertura do Campeonato Pernambucano, Porto e Náutico, fui elogiado por várias rádios, por vários jornais como a melhor arbitragem do Campeonato até agora. Na quarta partida eu falhei em um lance que era para dar o cartão vermelho... Não livra a lesão do atleta, se eu deixei de dar o cartão vermelho. Falhei? Falhei, pois deveria ter expulsado. Estou triste comigo mesmo, o Rogério é um atleta super educado, super gente fina, mas ele está lesionado por uma atitude de um atleta da outra equipe. O clima está chato pelo que passei ano passado e pelo que estou passando agora”

ARBITRAGEM PERNAMBUCANA

“Eu acho que o trabalho vem sendo bem feito, doutor Evandro (Carvalho, Presidente da Federação Pernambucana de Futebol - FPF) está dando o maior aparato para a arbitragem. Erros vão acontecer, pois somos humanos. O trabalho é bem elaborado, bem feito. Infelizmente, é como já disse: foi uma fatalidade”.

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