Paraense vai expor obras no Carrossel do Louvre, em Paris

Melina Melo terá dois quadros no art-shopping do tradicional museu da França. Obras representam a cultura amazônica.

qua, 20/04/2022 - 18:13

A artista plástica parense Melina Mello, 22 anos, ganhou a oportunidade de levar suas obras para Paris, na França. A exposição deve ocorrer no art-shopping do Museu do Louvre, conhecido como Carrossel do Louvre,  em outubro de 2022, onde vai representar a cultura amazônica.

A jovem artista transmite o protagonismo feminino em seus quadros, dos quais dois foram selecionadas para a exibição. Movida pelos incentivos do pai, Melina deu um novo significado aos desenhos que fazia desde criança. "O meu objetivo é levar as histórias que eu crio e expandir a Amazônia para o exterior", diz a artista.

Por recomendações de sua assessoria, Melina não pode revelar quais quadros serão expostos nem os detalhes sobre a exposição que antecederá a de Paris. Os quadros serão analisados e ajustados para os padrões da exibição, mas a artista está confiante de que tudo vai dar certo.

Recentemente, Melina Mello ganhou o prêmio Artista Revelação da Coluna Robson Lima. A premiação ocorreu na última sexta-feira (8), no Açaí Biruta, em Belém, e teve mais de 20 homenageados. Além de artista, Melina é  empreendedora, tendo sua loja no Instagram (@hanartstore), onde vende produtos voltados para o mundo geek. Confira a entrevista com Melina Mello.

Você ganhou o prêmio de Artista Revelação da Coluna Robson Lima. Como foi essa experiência?

Foi muito legal e, ao mesmo tempo, muito trabalhoso, porque é uma coisa que requer muita ajuda. Encher as pessoas de mensagens, pedindo "vai lá, vota", e você tem que ser sempre muito simpático. O fato de eu ter conseguido demonstra o esforço, não só meu, como o de muitas pessoas que tiraram um minuto do tempo delas para comentar e divulgar. Foi uma experiência bem legal, foi uma forma de muita gente me conhecer e eu estou bem feliz com o resultado.

E agora você tem a oportunidade de mostrar esse talento lá no Museu do Louvre, na França. Isso sempre esteve nos seus planos ou foi uma ideia que surgiu de repente?

Foi uma coisa que meu pai pediu pra eu fazer antes de ele partir. Ele não disse especificamente "vai expor no Louvre", ele nem fazia ideia de que isso era possível, que existia uma exposição em Paris. Ele apenas colocou sementes de um pensamento na minha cabeça, que foi "você precisa levar os seus quadros para fora, para o mundo, para que as pessoas daqui te vejam como alguém importante e te valorizem".

Pouco tempo depois de ele partir, eu pesquisei no Google sobre brasileiros que conseguiram expor suas obras lá fora e eu fui descobrindo lugares que abriam as portas. Um desses lugares é justamente Paris, o Carrossel do Louvre, onde acontece um art-shopping que tem muito espaço pra artista. As pessoas vão especificamente para adquirir arte. Não é um lugar para passeio.

E como foi esse processo, da seleção até o resultado de que você poderia expor suas obras lá fora?

Foi tudo através da empresa "Vivemos Arte", que se responsabiliza por tirar as obras do Brasil e analisar para ver se estão nos padrões do Louvre. Quando eu enviei meu portfólio, viram em mim o potencial para ser uma desses artistas que estarão lá. Depois de analisar meu perfil, fizeram uma entrevista comigo e foi dessa forma que viram que eu me encaixava, que eu tinha algo de relevante para levar da Amazônia. Daí eu indiquei o quadro que eu tinha interesse de levar. Foram dois quadros.

Como tem funcionado o custeio da sua viagem? É por meio de vaquinhas virtuais ou exclusivamente da venda das suas confecções?

A vaquinha anda bem devagar, eu não conto cem por cento com ela. Na verdade, ela vai ajudar muito nos custos de produção das obras, porque, independentemente de eu estar lá ou não, as obras serão levadas. O custeio da viagem eu estou fazendo através das vendas dos quadros, das pinturas em tecido e em tênis. Eu tenho uma loja, onde eu vendo os produtos em feira e eventos, e também tem a rifa.

Desde pequena você tem esse talento? Como tudo começou?

Nas minhas memórias mais antigas, foi na casa da minha avó, onde eu desenhava muito nos murais do quintal dela, um lugar cercado de flores e plantas. Eu me sentia à vontade para passar o dia rabiscando a parede. As mulheres da minha família têm uma veia artística, e minha avó me deixava livre. Eu diria que tudo começou ali.

Você já tem alguma outra exposição à vista? Algum plano para depois do Louvre? 

Um pouco antes de ir pro Louvre já vai ter outra exposição internacional. Eu pensava que o Louvre fosse ser minha primeira experiência lá fora, mas na verdade será a segunda e eu espero que depois dele venham a terceira e a quarta, se Deus quiser. Vou continuar me aplicando e indo atrás de oportunidades do gênero, porque meu objetivo, de fato, é levar as histórias que eu crio e expandir a Amazônia para o exterior.

Você pode falar sobre essa outra exposição de que você vai participar?

Não, mas falta bem pouco tempo pra eles passarem pra mim as artes que eu vou poder divulgar. A exposição está marcada para acontecer em setembro. Eu não vou ser a única artista paraense que vai participar dessa exposição. Serão 33 artistas do Pará, então vai ser uma coisa muito bacana.

Quais são seus quadros favoritos e o que representam para você?

O meu primeiro quadro, "O encontro das aves do Ver-O-Peso", que já foi vendido. Inclusive, ajudou muito no processo de economizar e investir na minha loja. Ele é muito especial para mim e só o fato de ele estar em uma coleção de grande valor já é muito importante, eu não teria feito de outra forma.

O que te inspira a pintar? Por que pintar esses temas em específico?

É uma coisa difícil de explicar "de onde a inspiração vem". Eu diria que eu me inspiro muito na imagem feminina, nos corpos e rostos femininos. Tem muita coisa que me chama atenção e me desperta diversas ideias, tudo o que envolve a natureza, o protagonismo feminino e a beleza que eu enxergo na Amazônia.

Além de pintura em tela, você trabalha com pintura corporal. O que pintar o corpo representa para você? 

A ilusão, que é o que eu mais controlo nas pinturas corporais e é algo que não necessariamente eu aplico nos quadros. Eu levo mais pra coisa imaginativa, falando sobre o medo, sobre querer gritar e não ter voz. Sou muito fã de Halloween, adoro terror, então, pra mim é bem fácil me inspirar nessas questões. Eu adoro a mágica que a pintura corporal traz do ilusionismo. Mas é apenas um hobby.

Que mensagem você daria para jovens artistas que compartilham do mesmo sonho que o seu?

Não se comparem. Esse é um dos maiores erros que eu vejo as pessoas cometendo hoje em dia. Nas redes sociais, parece que tá todo mundo fazendo um trabalho perfeito e muita gente acaba se desestimulando por não conseguir entregar sempre um resultado maravilhoso, mas tudo tem um motivo por trás, cada um tem sua história. Então, eu diria para não se comparar, porque cada um tem seu brilho.

Por Álvaro Frota (sob supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

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