Feira do Livro de Frankfurt celebra seu retorno
A Feira, que no ano passado foi quase inteiramente online, abre as portas de quarta (20) a domingo (24) na esperança de retomar a efervescência que lhe deu importância e prestígio ao longo dos anos
A Feira do Livro de Frankfurt, maior encontro mundial da indústria editorial, celebra esta semana seu retorno pós-pandemia com a presença de editoras de todo o mundo, estimuladas pela resiliência dos livros durante a crise sanitária, mas preocupadas com a escassez de papel.
A Feira, que no ano passado foi quase inteiramente online, abre as portas de quarta (20) a domingo (24) na esperança de retomar a efervescência que lhe deu importância e prestígio ao longo dos anos.
No entanto, algumas restrições continuam, como o número diário de visitantes limitado a 25 mil, duas vezes menos que o normal, e a exigência de um passe de saúde.
"Ainda não é uma Feira normal", alertou o diretor do evento, Jürgen Boos, que esta tarde presidirá a tradicional cerimônia de abertura.
Mas é a oportunidade para a indústria se "reencontrar" após 18 meses, acrescentou.
Durante o período de pandemia, a indústria do livro "teve um desempenho muito bom", assegurou. As restrições que deixaram as pessoas em casa incentivavam a leitura, especialmente entre os jovens.
Nos Estados Unidos, as vendas de livros impressos cresceram mais de 8% em 2020, o maior aumento em 10 anos, segundo o grupo de pesquisa NPD.
O crescimento do setor foi impulsionado por obras para adolescentes, mas também por textos práticos para adultos, que procuravam livros de culinária e de conserto para preencher o tempo livre.
Na Alemanha, maior mercado de livros da União Europeia (UE), as livrarias se estabeleceram na venda online, conseguindo aumentar em 20% as receitas por internet, que chegaram a 2,2 bilhões de euros (2,6 bilhões de dólares).
As vendas de livros digitais e de áudio também cresceram.
Os livros "se revelaram um suporte especialmente resistente e popular durante a pandemia", garantiu Boos.
- Preocupações com o Natal -
No entanto, os profissionais do livro, cujos números anuais de negócios se aproximam de 86 bilhões de euros (US $ 103 bilhões), temem que esses números sejam passageiros.
Como as indústrias automotiva e de eletrodomésticos, os editores temem ser atingidos por uma escassez global de matérias-primas que afeta as cadeias de abastecimento e retarda a recuperação econômica global.
À medida que se aproxima o período crucial de festas de fim de ano, os editores estão alertando sobre a escassez de papel e papelão, gargalos nos portos e falta de motoristas de caminhão para as entregas.
"Temo que no Natal as pessoas não possam ter certeza de obter o livro que desejam rapidamente", disse Jonathan Beck, editor-chefe da celebrada editora alemã C.H. Beck. Ele também alertou que o preço dos livros pode subir.
O evento de Frankfurt é o mais recente sinal do retorno das feiras profissionais após 18 meses. Em setembro, Munique recebeu cerca de 400 mil visitantes no Salão do Automóvel IAA.
No entanto, a Feira do livro será marcada pela crise da saúde, já que apenas cerca de 1.500 expositores de mais de 70 países estarão presentes.
Em 2019, foram 7.500 expositores de mais de 100 países.
Apenas 200 autores estarão na Feira este ano. A incerteza sobre as restrições às viagens e as preocupações com o vírus assustou muitas editoras e escritores de renome, especialmente dos Estados Unidos, Ásia e América Latina.
Inúmeros eventos para profissionais da área, como a venda de direitos ou a tradução de obras, serão realizados online.
O Canadá será o convidado de honra deste ano, com a presença dos autores Michel Jean, Michael Crummey e da haitiano-canadense Dany Laferriere.
Margaret Atwood, figura de destaque na literatura canadense com sua obra "The Handmaid's Tale", participará online.