Relato de sobrevivente do 'Charlie Hebdo' ganha prêmio
"Le lambeau" é um comovente relato sobre como Philippe Lançon sobreviveu viveu e seu processo de reconstrução facial após levar um tiro
O jornalista e escritor francês Philippe Lançon recebeu nesta segunda-feira o prestigioso prêmio de literatura Femina por "Le lambeau", um comovente relato sobre como ele viveu o atentado ao semanário "Charlie Hebdo" e seu processo de reconstrução facial após ser ferido.
A romancista americana Alice McDermott ganhou o Femina estrangeiro por "La novena hora", uma categoria na qual estava indicado também o espanhol Javier Cercas por "El monarca de las sombras".
Embora não esteja concorrendo ao Goncourt — a recompensa literária mais reputada da França —, "Le lambeau" (O retalho, em tradução livre) está indicado a outros prêmios relevantes como o Renaudot e, para muitos críticos, é o melhor livro do ano.
Em 7 de janeiro de 2015, Lançon sobreviveu ao massacre realizado por jihadistas que invadiram a sede da revista semanal satírica Charlie Hebdo em Paris gritando "Alá Akbar". Doze pessoas morreram, e Lançon teve a metade inferior do rosto destruída por uma bala.
Lançon conta o atentado ao longo de cerca de 60 páginas. "Girei minha língua em minha boca e senti pedaços de dentes que estavam espalhados", diz. "Depois soube que a sala de redação era uma poça de sangue mas (...), embora estivesse banhado nela, quase não a via".
O escritor relata depois seu lento e doloroso trabalho de reconstrução facial.
O livro termina em 13 de novembro, dia dos atentados jihadistas contra a sala de shows Bataclan e outros lugares públicos em Paris. Lançon estava em Nova York.