Festival de Ópera mostra a cenografia de Roni Hirsch
Cenógrafo e artista plástico participou, no Theatro da Paz, em Belém, de bate-papo aberto ao público
Formado em artes plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), de São Paulo, Hirsch desenvolve, ao longo da carreira, um trabalho direcionado para as questões das relações humanas e sustentabilidade. Dentre os projetos criados pelo artista está o Erê Lab, que transforma espaços públicos com brinquedos para crianças a partir de materiais sustentáveis. No Festival de Ópera, o artista assina a cenografia da cantata ““Los Pájaros Perdidos – O Tempo no Tango” e da ópera “Turandot”, que será encenada em setembro próximo.
Para Roni Hirsch, a criação do cenário é a reunião do que foi pensado com o que há disponível. “O maior desafio para a montagem cênica é conseguir traduzir o que o texto diz, o que o espetáculo pede e identificar nas potencialidades locais o que dali pode ser extraído para o trabalho, de uma forma que a dinâmica local incorpore a nossa vontade”, afirmou.
Durante a palestra, o artista contou ao público um pouco da execução do próprio trabalho e de seu processo criativo, abordando os diferentes tipos de materiais e espaços nos quais a cenografia se insere. Roni falou, ainda, sobre como desenvolveu o cenário para a cantata, que contará com reprodução de vídeo mapping, feito pela artista visual paraense Roberta Carvalho. “O conceito básico do trabalho desenvolvido para a cantata é criar um cenário que desapareça. A ideia de trabalhar com o tempo fez com que eu quisesse trazer o próprio teatro como elemento, até porque existem muitas linguagens na cantata, tem projeção, dança contemporânea, dança clássica e uma orquestra elevada. Então, o meu trabalho é criar a caixa cênica para que as pessoas possam brilhar”, explicou o artista.
Diferente do espetáculo “Los Pájaros Perdidos”, no qual há uma subtração de cenografia, a ópera “Turandot” traz opulência no cenário. Segundo Roni, os elementos cênicos irão representar a realeza, partindo do tangram, uma espécie de quebra-cabeça chinês, que é um enigma, assim como a história de Turandot.
Na atenta plateia da palestra estava a professora dos cursos de cenografia e figurino da Universidade Federal do Pará (UFPA) Ézia Neves, que participou e convocou os alunos para conhecer o trabalho do cenógrafo paulista. “O Festival de Ópera oportuniza que alguns profissionais reconhecidos nacionalmente venham até Belém e essa palestra é uma dessas oportunidades de aproximação de conhecimento do processo de trabalho deles. Sempre é um aprendizado, uma verdadeira aula. Eu mesma venho assistir a todas as óperas, sempre com o olhar atento em tudo”, afirmou.
Serviço:
A programação do XV Festival de Ópera do Theatro da Paz tem a estreia, nesta sexta-feira, 26, às 20h, da cantata “Los Pájaros Perdidos – O Tempo no Tango”, com direção de Caetano Vilela, que terá apresentações ainda no sábado, 27, e domingo, 28. Ingressos à venda na bilheteria do teatro.
Por Laís Azevedo, especial para o LeiaJá.