Festival de Ópera mostra a cenografia de Roni Hirsch

Cenógrafo e artista plástico participou, no Theatro da Paz, em Belém, de bate-papo aberto ao público

sex, 26/08/2016 - 13:34
Thiago Gomes/Agência Pará Hirsch falou sobre processos de composição cenográfica Thiago Gomes/Agência Pará

Formado em artes plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), de São Paulo, Hirsch desenvolve, ao longo da carreira, um trabalho direcionado para as questões das relações humanas e sustentabilidade. Dentre os projetos criados pelo artista está o Erê Lab, que transforma espaços públicos com brinquedos para crianças a partir de materiais sustentáveis. No Festival de Ópera, o artista assina a cenografia da cantata ““Los Pájaros Perdidos – O Tempo no Tango” e da ópera “Turandot”, que será encenada em setembro próximo.

Para Roni Hirsch, a criação do cenário é a reunião do que foi pensado com o que há disponível. “O maior desafio para a montagem cênica é conseguir traduzir o que o texto diz, o que o espetáculo pede e identificar nas potencialidades locais o que dali pode ser extraído para o trabalho, de uma forma que a dinâmica local incorpore a nossa vontade”, afirmou.

Durante a palestra, o artista contou ao público um pouco da execução do próprio trabalho e de seu processo criativo, abordando os diferentes tipos de materiais e espaços nos quais a cenografia se insere. Roni falou, ainda, sobre como desenvolveu o cenário para a cantata, que contará com reprodução de vídeo mapping, feito pela artista visual paraense Roberta Carvalho. “O conceito básico do trabalho desenvolvido para a cantata é criar um cenário que desapareça. A ideia de trabalhar com o tempo fez com que eu quisesse trazer o próprio teatro como elemento, até porque existem muitas linguagens na cantata, tem projeção, dança contemporânea, dança clássica e uma orquestra elevada. Então, o meu trabalho é criar a caixa cênica para que as pessoas possam brilhar”, explicou o artista.

Diferente do espetáculo “Los Pájaros Perdidos”, no qual há uma subtração de cenografia, a ópera “Turandot” traz opulência no cenário. Segundo Roni, os elementos cênicos irão representar a realeza, partindo do tangram, uma espécie de quebra-cabeça chinês, que é um enigma, assim como a história de Turandot.

Na atenta plateia da palestra estava a professora dos cursos de cenografia e figurino da Universidade Federal do Pará (UFPA) Ézia Neves, que participou e convocou os alunos para conhecer o trabalho do cenógrafo paulista. “O Festival de Ópera oportuniza que alguns profissionais reconhecidos nacionalmente venham até Belém e essa palestra é uma dessas oportunidades de aproximação de conhecimento do processo de trabalho deles. Sempre é um aprendizado, uma verdadeira aula. Eu mesma venho assistir a todas as óperas, sempre com o olhar atento em tudo”, afirmou.

Serviço:

A programação do XV Festival de Ópera do Theatro da Paz tem a estreia, nesta sexta-feira, 26, às 20h, da cantata “Los Pájaros Perdidos – O Tempo no Tango”, com direção de Caetano Vilela, que terá apresentações ainda no sábado, 27, e domingo, 28. Ingressos à venda na bilheteria do teatro.

Por Laís Azevedo, especial para o LeiaJá. 

COMENTÁRIOS dos leitores