Inspirado no MPC, grupo de rua leva peça a praças públicas
Espetáculo inédito do grupo Boi D'Loucos mistura teatro e dança num caráter lúdico e educativo
Mesmo com todas as dificuldades recorrentes no cotidiano de uma companhia teatral de rua, o Boi D’Loucos segue firme com a programação de apresentações do espetáculo Movimento de Cultura Popular – o sonho não acabou, realizados em praças públicas do Recife até o dia 17 de abril. Na manhã deste domingo (16), o grupo esteve no Largo da Paz, em Afogados, no Recife, e assim que a peça começou vários curiosos, como famílias com crianças, se aproximaram da encenação.
Em Afogados, quando a montagem teve início, algumas pessoas se aproximaram para ver o que estava acontecendo, como Edileusa Maria da Silva, aposentada de 63 anos que nunca foi ao teatro na vida. “Eu não sei o que é isso, mas vou olhar porque fiquei curiosa. Vim de Boa Viagem pra missa e quando vi a movimentação me interessei”, disse desconfiada. “Eu ia voltar pra casa pra fazer o almoço, mas vou ficar é por aqui”, comentou aos risos depois que viu o desenrolar da peça. Na última sexta (14) e sábado (15), a montagem esteve em bairros como Várzea e Torrões e ainda neste domingo ainda irá para Santo Amaro, no Largo da Feira, às 16h. Até meados de abril serão realizadas, ao todo, 17 apresentações.
O espetáculo inédito mistura teatro e dança num caráter lúdico e educativo. "A nossa peça é uma iniciativa a qual contamos um pouco da história do Movimento de Cultura Popular, que, na nossa opinião, é o mais importante movimento cultural e educacional de Pernambuco”, explica Carlos Amorim, diretor e roteirista do Boi D’Loucos.
De acordo com diretor do espetáculo, as dificuldades de quem produz teatro de rua são constantes, mas não são impedimentos para quem quer fazer a história acontecer. “A Companhia Elétrica de Pernambuco (Celpe) ficou de vir aqui para nos deixar um ponto de energia, mas não veio e deixou a gente na mão. Tivemos que improvisar e tentar algo com os estabelecimentos do local. Para nossa sorte os donos de uma padaria cederam um ponto. A gente sempre dá um jeito”, revela Amorim.
O cenário da peça é formado apenas por um tecido e alguns objetos, e o grupo realiza as apresentações sem nenhum toldo ou proteção do tipo. “Dessa vez demos sorte porque estamos debaixo de uma mangueira e aqui tem sombra. Mas hoje ainda vamos pra Santo Amaro, pro meio da rua, debaixo do sol. No fim das contas a gente adora o trabalho que faz, e é isso o que importa”, brinca um dos integrantes da equipe técnica.
Segundo Carlos, a peça integra um projeto maior, com capacitações e palestras. “O ano de 2009, quando tudo começou, foi um ano que só se respirava MCP, por conta dos 50 anos do movimento. Na época eu ministrava uma oficina de teatro no Sítio Trindade e conseguimos uma emenda parlamentar para um projeto que contempla não apenas as nossas apresentações, mas que envolve a reforma do Sítio Trindade, além de oficinas e seminários no local”, comenta.
A coreografia do espetáculo é assinada por Simone Santos e o elenco é formado pelos atores Raphael de Castro, Sillecier Araujo, Carlos Amorim e pelos bailarinos Diego Bertto, Alexsandra Sacramento e Simone Santos. A sonoplastia e a iluminação são responsabilidade de Emanoel Carlos.