O Governo deixou para hoje o anúncio oficial dos números da violência no Carnaval em Pernambuco, mas a princípio, apesar do pandemônio criado na semana pré-carnavalesca por policiais em estado de “operação padrão”, uma greve branca da Polícia Militar e Bombeiros, parece que o esquema de segurança funcionou bem, mobilizando 31 mil homens nos principais focos da folia.
Havia uma desconfiança da sociedade de que a festa, notadamente o desfile do Galo da Madrugada, seria uma tragédia anunciada, mas, felizmente, quem confiou no Governo e foi reviver as emoções do maior bloco de rua do mundo, pode se divertir sem colocar a vida em risco devido à presença da polícia de forma efetiva nas ruas. Montado pelo secretário de Defesa, Ângelo Gioia, com o auxílio dos comandantes da PM e da Polícia Civil, o esquema evitou a convocação de tropas federais, como pediu um grupo de deputados da oposição na Assembleia Legislativa.
“Se fosse preciso, o governador Paulo Câmara teria solicitado, como fez ano passado. A polícia de Pernambuco tem comando. Não existe nenhum lugar em Pernambuco onde a polícia não entre. Isso não resolve. De qualquer forma, é preciso colocar a polícia na rua para ir aos lugares, porque os homens da Força Nacional não conhecem o lugar", disse Gioia, dois dias antes de abertura oficial do reinado do momo.
Ele estava certo. Pelo que li, ontem, duas pessoas foram mortas durante a festa no Polo de Carnaval instalado no bairro do Pina, na noite da segunda-feira e na madrugada da terça-feira. Em nota, a Polícia Militar informou que as vítimas são do sexo masculino e tinham 18 e 22 anos. No início da noite do domingo, uma mulher morreu e duas pessoas ficaram feridas durante uma festa de rua no bairro do Ipsep. Segundo testemunhas, um carro teria chegado ao local e os ocupantes de veículo teriam disparado tiros contra a multidão, que acompanhava uma disputa de sons. O chamado "paredão" reunia cerca de 600 pessoas, quando aconteceu o crime.
As ocorrências policiais foram acompanhadas em tempo real no Centro Integrado de Comando e Controle Regional – CICCR, no Bairro de São José, o chamado Centro de Operações do Carnaval. Lá, funcionaram, de forma integrada à Secretaria de Defesa, diversos órgãos, a exemplo das polícias Federal e Rodoviária Federal, DER, Prefeitura do Recife, Consórcio Grande Recife e Metrorec. Os números do balanço oficial hoje podem apontar para um dos carnavais mais tranquilos dos últimos anos. Ninguém torce para o quanto pior, melhor. Se isso se confirmar, os foliões e a população em geral devem reconhecer o esforço do Governo e a competência da polícia. Afinal, o que se esperava era uma tragédia.
INSEGURANÇA EM ÔNIBUS– Um prato cheio para a oposição no Estado: fevereiro, o mês da folia, da irreverência e da alegria carnavalesca, fechou com um total de 329 assaltos a ônibus. Só na terça-feira gorda da folia foram nove casos na Região Metropolitana. Em todo o mês, no ano passado, setenta e cinco coletivos foram assaltados, um crescimento de 438% deste tipo de ação criminosa. De 1º de janeiro a 27 de fevereiro deste ano foram 674 casos. Em todo o ano de 2016 foram 1.916 casos. Não tem quem não ande, literalmente, assustado num coletivo na RMR, seja para ir ao trabalho ou qualquer lugar.
Crise não ofusca folia– O prefeito Geraldo Júlio (PSB) que fez questão de circular nos principais polos da cidade ao longo do reinado da folia. Segundo levantamento da Secretaria de Turismo, 1,3 milhões de foliões brincaram nos 47 polos. "As pessoas não deixaram de curtir nosso Carnaval. E foi um dos mais tranquilos", afirmou a secretária de Turismo, Esportes e Lazer do Recife, Ana Paula Vilaça. O investimento total foi de R$ 27 milhões, sendo R$ 7 milhões da iniciativa privada. A ocupação da rede hoteleira do Recife ficou em 97%. "Este ano estamos também comemorando porque mesmo nesse momento de crise o turista não deixou de vir para nossa cidade", disse o prefeito.
Queda e comemoração– Apesar do Recife ter atraído 200 mil turistas a menos em relação ao ano passado durante o Carnaval, Geraldo Júlio diz que o alto percentual de turistas na cidade é fruto não só da tradição da festa recifense, mas também dos investimentos feitos para a realização do evento. "Ter 97% de ocupação na rede hoteleira não é pouco. Num momento como esse que o Brasil está passando, isso mostra o quanto é importante o investimento no Carnaval, não somente pela história e pela cultura, mas também pela economia", afirmou.
Velho Chico na PB– Segundo levantamento do Ministério da Integração, faltam apenas 40,3 km para que as águas do Rio São Francisco cheguem ao açude Poções, em Monteiro (PB), estrutura final do Eixo Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco - que vai beneficiar os estados de Pernambuco e da Paraíba. Após passar pela última Estação de Bombeamento (EBV-6) na noite de terça-feira passada, as águas estão enchendo o reservatório Campos, em Sertânia, desde a manhã de ontem, totalizando 176,7 km. O projeto irá beneficiar o município paraibano de Monteiro nos próximos dias. Em seguida, a água vai percorrer o rio Paraíba até o reservatório Boqueirão para reforçar o abastecimento em Campina Grande.
Mudança de estratégia– O presidente Michel Temer mudou a estratégia de defesa na ação que corre no Tribunal Superior Eleitoral- e pode cassar o seu mandato. A mudança de rumo foi definida pelo Planalto na semana passada, após a convocação de Marcelo Odebrecht na ação, que prestou depoimento ontem. Um jantar em que Temer e Marcelo combinaram doações para o PMDB, em 2014, além de um caso envolvendo repasses em troca de apoio a partidos da coligação que elegeu Dilma e Temer em 2014 podem ter sido levantados por Marcelo durante seu testemunho, ontem, em Curitiba.
CURTAS
APROVADO– O prefeito de Olinda, Professor Lupércio (SD), passou no teste de fogo: sob o seu comando, a cidade reviveu a tradição dos seus grandes carnavais. Embora seja evangélico e por isso mesmo avesso à folia, ele deu total prioridade à festa por entender que é uma das maiores fontes de renda e de geração de emprego informal ao longo de praticamente 30 dias.
PETROLINA– Com público superior a 40 mil pessoas, o sucesso do Carnaval de Petrolina foi bastante comemorado pelo prefeito Miguel Coelho (PSB). O evento contou com 40 apresentações de bandas, orquestras e artistas durante os quatro dias. Para o próximo ano, o socialista já anunciou que seu projeto é restaurar o Baile Municipal.
Perguntar não ofende: A reforma da Previdência já começa a ser discutida na próxima semana?