O Brasil perdeu Dominguinhos, o Nordeste está chorando. Garanhuns, a sua terra natal, recebeu a pior notícia, mas já esperada, porque o mestre da sanfona estava agonizando há muito tempo num leito de hospital em São Paulo.
Dominguinhos era um gênio. Na sanfona, na composição, na forma de cantar e encantar multidões. A sua maior arma era a simplicidade. Olhar para Dominguinhos, com aquele seu jeito de matuto, enchia os olhos de qualquer um, porque dele não brotava simplicidade artificial.
Tive o cuidado de ler o depoimento de quase todos os artistas famosos que conviveram com Dominguinhos e todos destacaram essa humildade contagiante do sanfoneiro, que se projetou na vida pelo seu talento, ganhando fãs com a beleza das suas músicas e o talento de fazer a sanfona chorar.
“Ele era um exemplo de humildade sem tamanho. Tinha o dom de tocar bem e ter o pé no chão”, disse Oswaldinho do Acordeon. Nana Caymmi disse que Dominguinhos era uma pessoa iluminada.
“Se você olha no rosto dele – disse Nana – enxerga aquele nordestino preocupado com a seca, preocupado com as coisas daquele povo tão sofrido do País. Cantar com Dominguinhos foi uma das coisas mais importantes da minha vida”.
O mestre Dominguinhos iluminou muitas vidas através da sua música, do seu jeito especial de ser. Até o sorriso dele era diferente, bonito. Sem a sanfona de Dominguinhos, o Nordeste fica mais triste, mais pobre, órfão.
Djavan disse que Dominguinhos era um músico extraordinário e seu talento plural permanecerá para sempre como uma das maiores referências da nossa música. Para Danilo Caymmi, Dominguinhos era completo: compositor de grande quilate, uma riqueza melódica difícil de encontrar hoje. Ele como melodista transcendia o som, a música nordestina.
Dominguinhos não tolerava avião e percorreu o País inteiro de carro. Tenho impressão que não era nem por medo de avião, porque nas suas andanças, conhecendo as pessoas e os lugares, na verdade ele encontrava inspiração para tantas músicas bonitas que compôs.
Como disse a cantora Sandra Sá, o mundo está sem palavras com a morte de Dominguinhos.
QUEM TEM RAZÃO?– Os números do Ibope apontando Eduardo Campos como o governador mais popular do País serão divulgados hoje, pela CNI, coincidentemente no mesmo dia em que a oposição em Pernambuco apresenta uma pesquisa na qual o socialista está em queda. Em quem acreditar: no mais conhecido instituto do País ou no levantamento encomendado pelo bloco oposicionista?
Barata tonta – Apontado como o pior governador do País, Sérgio Cabral (PMDB), do Rio, está mais perdido do que cego em tiroteio. Recuou, ontem, no decreto que cria a Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas. Desistiu de quebrar os sigilos telefônico e eletrônico dos manifestantes envolvidos em vandalismo.
Bateu duro– Numa teleconferência, ontem, José Serra deu mais uma demonstração de que será candidato ao Planalto, mais uma vez. Atacou sem piedade a presidente Dilma. “Esse Governo não tem gestão, não sabe nem rimar lé com cré”, disse. E acrescentou: “Nunca vi um time de ministros tão fraco como esse. Lembra-me muito os últimos seis meses de Jango e os últimos dias de Collor”.
Globo vira alvo– O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), também andou rasgando o verbo e apontando a sua metralhadora, mas em direção á TV-Globo. Disse que só está sendo atacado pela emissora dos Marinhos por ter cobrado uma dívida de R$ 7 milhões ao Estado. Em nota, disse que a verdade prevalecerá em referência ao programa Jampa Digital, supostamente superfaturado.
Tributo ao sanfoneiro– Dominguinhos, cujo corpo será velado hoje na Assembleia Legislativa a partir das oito da manhã, ganhou, ontem, em Garanhuns, uma homenagem especial do cantor Maciel Melo durante o Festival de Inverno. Tão talentoso quanto Dominguinhos, Maciel teve que mudar o repertório para dedicar seu show ao velho mestre.
CURTAS
BARRAGEM– Em Serrita, ontem, o secretário estadual de Agricultura, Aldo Santos, assinou com o prefeito Carlos Cecílio (PSD) ordem de serviço para conclusão da barragem do Sítio Traíras, importante obra hídrica iniciada nos anos 80 e a ordem de serviço também de duas barragens na zona rural do município.
MONITORAMENTO– O prefeito de Caruaru, José Queiroz (PDT), fez, ontem, uma reunião do secretariado no mesmo sistema de monitoramento de ações criado pelo governador Eduardo Campos. Durante o encontro, Queiroz fez uma avaliação também dos seis primeiros meses da sua segunda gestão.
Perguntar não ofende: A pesquisa do Ibope anima Eduardo a se manter no páreo da corrida presidencial?