Conquiste sucesso sendo empregado e empreendedor

É possível administrar, ao mesmo tempo, um emprego em uma empresa formal e um negócio próprio. Especialista dá dicas valiosas

por Marcele Lima dom, 23/12/2018 - 08:00
Pixabay Planejamento e cuidado financeiro são essenciais no processo Pixabay

O sonho do próprio negócio permeia a mente de muitos brasileiros, principalmente aqueles que estão saindo da faculdade e têm dificuldades de inserção no mercado de trabalho. Mas também existe uma parcela da população que está formalmente empregada e que dedica-se nas horas de folga a alguma atividade particular.

Nara de Castro é um exemplo disso. Ela trabalha como professora universitária em um regime de 30 horas semanais. Assim que larga cuida do escritório de marketing e comunicação que tem em sociedade com o marido. Essa parceria garante que o sócio cuide dos problemas do dia a dia e ela fica com outras questões, que não exigem sua presença por mais horas diárias. Desde o começo da vida profissional, ela consegue manter as duas coisas. “Não é nada fácil. Às vezes sobra pouco tempo para fazer o que tem que fazer. O legal de você ter duas atividades, principalmente quando está começando um negócio, é que não precisa viver diretamente só daquilo para se manter”, explica a empresária.

Ter uma renda certa mensal pode garantir menos investimento inicial no empreendimento. A pessoa dedica-se a fazer o negócio crescer, fazendo o dinheiro que entra girar dentro do empreendimento, e na pior das hipóteses, se a ideia não der certo, o emprego formal pode dar o suporte financeiro necessário até a próxima tentativa.

Com experiência em ser empregada e empreendedora, Nara diz que as pessoas precisam saber se conseguem se enquadrar nesta realidade. “É tentar ver qual o perfil. Se você conseguir fazer os dois, ótimo! Caso você não consiga, o ideal é realmente ter um investimento prévio para poder conseguir seguir somente no negócio e não precisar depender dele nos primeiros meses”, diz.

Para o analista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Valdir Cavalcanti, as pessoas precisam pensar muito antes de abrir um negócio para si. “Primeiro tem que se fazer uma análise de mercado, um plano de negócios e todo planejamento para não dar errado. Tem que trabalhar com todo profissionalismo para poder ir se posicionando do mercado e quem sabe futuramente, esse negócio se torna a principal renda”, afirma.

É importante procurar uma orientação com especialistas e saber de fato o que se quer fazer. Um dos riscos de manter duas atividades ao mesmo tempo é tratar uma dessas funções com certo amadorismo. Outro fator relevante são as finanças. “Tem como conciliar, mas precisa ter muita disciplina. Tem que separar o dinheiro e as despesas pessoais das despesas do negócio”, lembra o analista. 

De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente a ocupação dos brasileiros no terceiro trimestre de 2018, 23,3 milhões de pessoas trabalham por conta própria no Brasil, um crescimento de 1,5% em relação trimestre anterior. A amostra não aponta se entre esses empreendedores existem pessoas formalmente empregadas, contudo sabemos que boa parte dos pequenos negócios começam justamente por profissionais que estão no mercado de trabalho.

A história de Rodrigo Barbosa começou assim. Empregado em um horário comercial, ele queria ter mais tempo para a família. Ele visava qualidade de vida e renda própria. Começou utilizando o terraço de casa para cortar os cabelos dos clientes quando chegava do trabalho, no entanto o negócio deu tão certo que o espaço precisou ser ampliado.

O jovem barbeiro contou com apoio de um parente para locar um espaço e conseguiu um pequeno investimento com ele para montar a barbearia. Mas o rapaz trabalhava nesse lugar quatro horas por noite, além dos finais de semana e não estavam sendo suficiente para a demanda de clientes.

Neste meio tempo, o estímulo para a ocupação formal de Rodrigo já não era mais a mesmo e tudo que ele queria era dedicar-se aos seus clientes. Mesmo demonstrando interesse no desligamento, a gestão da empresa não aceitava sequer um acordo. Depois de ter a saúde comprometida, se ver distante da qualidade de vida pessoal e familiar que desejava, ele conseguiu enfim ser demitido.

Hoje dedica-se totalmente ao seu estabelecimento e se vê satisfeito com a decisão tomada. “Tudo mudou. Só trabalho na minha barbearia e tenho mais tempo para a minha família. A angústia que eu sentia em ter que trabalhar de dia e de noite passou”, confirma Barbosa.

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