À moda antiga: apostilas de concurso se destacam em bancas

No Centro do Recife, vários comerciantes ainda investem na venda de apostilas impressas. Quem compra garante que o conteúdo é valioso

por Lara Tôrres qua, 16/08/2017 - 15:23

Com o advento da internet e das mídias digitais, muitos hábitos foram modificados, interferindo na maneira como as pessoas realizam diversas tarefas. A forma de estudar também sofreu modificações, sendo possível encontrar facilmente pessoas que preferem, por exemplo, videoaulas e livros em formato pdf, em lugar de volumes impressos. Apesar disso, ainda há estudantes que preferem comprar seu material de estudo e organizar sua forma de aprendizado “à moda antiga”. 

O LeiaJá entrevistou vendedores e compradores de apostilas de conteúdos e exercícios para concursos públicos para saber quem são as pessoas que se incluem no público alvo das apostilas impressas. Cleiton Brilhante vende apenas apostilas de concursos na banca que monta diariamente no Centro do Recife há 11 anos. Ele conta que consegue se manter com a venda de apostilas, que é aquecida quando tem editais abertos em Pernambuco e em outros estados próximos, no Nordeste. No entanto, o comerciante relata que em outros anos as vendas eram melhores mesmo quando não tinha mmuitos editais atrativos. “Ano passado as vendas pioraram e este ano deu uma melhorada de novo, foi efeito da crise econômica. Antes, alguns anos atrás, era melhor em qualquer época, com ou sem edital, do que hoje em dia”, explica ele. 

Quando perguntado sobre qual é o público que consome as apostilas, Cleiton responde que são pessoas das mais variadas idades, algumas que fazem cursinhos e outras que preferem estudar sozinhas. Para ele, o preço dos cursos e a preferência por materiais impressos faz com que muitos concurseiros sigam comprando suas apostilas. “A maioria estuda sozinha, é autodidata e acha mais barato estudar sozinho usando uma apostila do que pagar um curso”, explica. Os preços das apostilas variam de R$ 75 a R$ 150, a depender da editora. 

Já a vendedora da “Banca dos concursos”, Silvânia Rodrigues Barros, acredita que as atitudes tomadas pelo atual governo e as dificuldades para encontrar e manter um emprego privado fazem as pessoas só sentirem esperança de um bom futuro profissional no serviço público. Antes da morte de seu marido, no ano passado, Silvânia também era distribuidora de apostilas, além de vendê-las em sua banca na Avenida Guararapes, área central da capital pernambucana. Ela conta que já conseguiu ganhar um bom dinheiro trabalhando com concursos públicos, mas que a crise econômica e o aumento da concorrência diminuíram os lucros. 

“Distribuir era mais lucrativo, mas continua tendo muita saída, muita gente de várias idades, que usam ou não internet, autodidatas e pessoas que preferem frequentar cursinhos e prestam concursos para diferentes áreas e estados ainda compram sempre aqui. Em geral, quem compra gosta de praticar, fazer exercícios à mão, com o papel em vez do computador”, ressalta.

Marcelo Chagas tem 38 anos e estuda para concursos públicos, segundo ele, há dez anos. Formado em ciências contábeis, Marcelo foi aprovado e trabalha no Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco Governador Miguel Arraes (Lafepe), além de já ter sido classificado (mas não convocado) em concursos do Banco do Brasil e do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJ-PE), órgão para o qual Marcelo tornará a prestar concurso. 

Marcelo explica que sempre compra as apostilas para servirem de base e principal meio de estudo, complementando o conteúdo por meio de videoaulas na internet. “A apostila tem o conteúdo de forma mais específica, coloca só a parte que cai, e para mim que não sou da área de direito, é mais fácil de aprender do que se for olhar uma lei inteira”, disse ele. 

Marcelo também prefere usar as apostilas por não se dar muito bem com leituras e resolução de exercícios online, através do computador. “Na internet dá para achar apostilas digitalizadas em pdf, tanto as que vendem em bancas como as que são utilizadas em alguns cursinhos, mas eu sou das antigas, prefiro impresso, no papel, ter o material na mão. Há anos eu estudo assim e até agora eu posso dizer que tem dado certo”, explica ele. 

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