Líder de RH, Elisa Carra fala sobre programas de trainee

Candidato deve se identificar com o perfil da empresa e ser ele mesmo durante todo o processo seletivo

por Roberta Patu seg, 21/04/2014 - 10:00
Divulgação Elisa Carra dá dicas de como ingressar em programas de trainee Divulgação

A concorrência chega a ser de quase mil pessoas por vaga. Esse é um dos desafios que o candidato do programa de trainee enfrenta para poder ser selecionado. O sonho de atingir as metas, acelerar a carreira, crescer profissionalmente, atingir os objetivos e mudar completamente de vida são os principais anseios dos jovens que almejam ser aprovados. Eles participam de um extensivo processo seletivo, com várias etapas, que incluem testes on line, raciocínio lógico, provas de inglês, jogos virtuais que simulam situações reais, entrevistas em inglês e conferências com o líder da empresa.

No Brasil, centenas de empresas investem no recrutamento de jovens talentos. Cada organização possui uma seleção espelhada nos seus valores, objetivos e missão. Segundo Elisa Carra, líder no Brasil e América do Sul de Recursos Humano da Ernst & Young - empresa que seleciona mil candidatos dentre 100 mil currículos que recebem anualmente para seu programa de trainee -, os participantes devem estar atentos ao perfil da empresa e serem eles mesmo durante toda a seleção. “Muitas vezes os estudantes querem traçar um perfil de acordo com que ele acredita que empresa busca. Este é um dos erros! O mercado é muito grande e sempre vai ter uma organização que procura um profissional com as qualificações e perfil do candidato que não foi aprovado”, destaca a diretora. 

A gestora destaca também quatro pontos importantes, que são avaliados para participar de qualquer programa de trainee. Primeiro, o candidato deve se identificar com a instituição; segundo, ele não deve ter medo de demonstrar quem é; terceiro, sempre valorizar os pontos positivos; e o quarto, possuir espírito empreendedor. O último item, ela explica: “É ser movido pela vontade de fazer o novo e sempre buscar resultados diferentes".

Elisa Carra reforça que o diferencial ainda é o inglês. Porém, não é exigida experiência em intercâmbio. “Conheço várias pessoas que nunca viajaram, mas a fluência é muito boa. Já outras  tiveram a oportunidade de fazer um intercâmbio e não conseguiram evoluir”, fala a líder. “Avaliamos o desejo de aprender e como as pessoas aproveitam as oportunidades que apareceram em suas vidas, tanto profissional, quanto pessoal”, relata.

Conforme a líder, a concorrência se mantém nos últimos anos, mas houve o aumento do número de participantes mulheres. "Nas universidades, é possível observar que as mulheres são a maioria. Isso reflete no mercado de trabalho e consequentemente nos processos". No final da entrevista, concedida ao Portal LeiaJá, Elisa revela a importância dos universitários definirem o que desejam ainda na formação. "Quem sabe o que quer, chega primeiro", conclui, em tom de descontração.

Experiências

A administradora Olívia Edmundson, de 28 anos, graduada em administração na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), antes de se formar, já traçou os seus objetivos. Para ela, ser aprovada em um programa de trainee seria a forma mais rápida de adquirir experiência em pouco tempo. “Sempre quis trabalhar a liderança. O meu foco era conseguir um emprego que me desse as ferramentas necessárias para um rápido crescimento na organização e ter a capacidade de liderar grandes grupos”, explica a administradora.

Ao Portal LeiaJá, Olívia relatou as experiência que obteve em duas organizações. “Fui aprovada no processo seletivo da C&A, e na empresa tive a chance de trabalhar a liderança de equipes em várias cidades. Já na Coca-Cola Company pude atuar em diferentes áreas e aprender muito rápido a me tornar uma gerente de marca”, ressalta Olívia. Ela também lembra que um intercâmbio na Alemanha possibilitou um bom desempenho no programa e sua efetivação.

Quem conquistou uma vaga em um programa de trainee foi Pedro Frej. Atualmente, ele lidera 300 funcionários diretos e 400 terceirizados de uma empresa de TV por assinatura na Região Metropolitana do Recife (RMR), que tem faturamento acima de R$ 9 bilhões por ano. “Os programas são uma grande escola para jovens recém-formados que buscam a carreira de executivo e um caminho para um crescimento profissional rápido e sustentável”, relatou o gestor.

De acordo com Frej, são vários os benefícios que as organizações oferecem. Desde a remuneração, que varia de R$ 4.000 e R$ 6.500, até passagens aéreas, hospedagem em hotel, incentivos e efetivação. “Minha intenção era ser contratado e foi o que ocorreu. Assumi uma unidade de negócio da empresa antes mesmo de terminar o programa de trainee”, contou o líder durante entrevista ao LeiaJá.

Com a intenção de mudar de vida, Leopoldo Ferreira deixou a carreira de engenheiro de software, no Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R), para atuar na área de marketing na Coca-Cola Company. “Eu sentia que podia fazer mais. Estava cansado de programação e queria experimentar uma profissão nova, conhecer outras áreas e só com o programa de trainee conseguiria isso”, explicou o especialista em marketing da empresa de bebidas, que existe há 128 anos no mercado.

Ferreira destacou também os principais benefícios do programa: “O primeiro, com certeza, é poder ter vivência em várias áreas da empresa. Isso te dá uma visão completa de como o sistema funciona, independente do caminho que você for seguir. O segundo é você trabalhar em grandes projetos da empresa, e o terceiro ponto é o processo de mentoring, momento que você escolhe o seu líder”, concluiu.

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