Bancas ajudam concurseiros na hora dos estudos
Espaços propiciam o ambiente ideal para os concurseiros em busca de concentração
Encontrar um espaço confortável e propício para o estudo é tarefa cada vez mais difícil. Estudantes de vestibulares e concursos públicos sabem que não é fácil se concentrar em casa ou em bibliotecas, onde pequenas distrações podem tirar o foco do objetivo final. Sentindo na pele essa dificuldade, o estudante de concurso público Rafael Freitas, 29, decidiu criar o espaço ideal de preparação para as provas. Há um ano e meio, junto com outras três amigas, ele resolveu utilizar quartos da sua casa, localizada no bairro da Boa Vista, no Recife, para fazer salas de estudo.
O espaço conta, hoje, com duas salas, uma com 14 e outra com 15 vagas. As bancas são alugadas por R$ 100 mensais e os "inquilinos", para frequentar, têm que manter o pagamento em dia. O proprietário explica: " A lista de espera está em 45 pessoas". Quem não paga até o começo do mês, corre o risco de perder a vaga. Rafael conta que apenas pessoas conhecidas participam da banca de estudos. "Aqui só entra com indicação de algum estudante", diz.
Quem estuda no local garante que são muitos os benefícios. A estudante Mariana Cabral, 29, que se prepara para concursos de Analista de Tribunais, há um ano decidiu trocar o ambiente de estudos de casa e em bibliotecas pela banca. Ela conta que a localização do espaço é fundamental. "Aqui, ficamos próximos a restaurantes, bibliotecas e cursinhos preparatórios. Tem gente que vem de Olinda, Jaboatão", explica. Mariana conta que a maior vantagem é a concentração que ela só encontra no espaço. "Em casa tem muita distração. O telefone toca, vem gente conversar, sinto fome o dia inteiro. Na biblioteca, não existe conforto porque a gente têm que carregar os livros, não tem banheiro, lugar pra comer", diz.
O espaço conta com banheiros e uma cozinha coletiva. As cabines de estudo são individuais e marcadas. Lá, cada banca carrega um pedacinho do dono. Eles podem deixar notebooks, livros e até comida para a hora que bate a fome. O proprietário do local explica que por causa dos objetos de valor deixados no espaço, apenas pessoas conhecidas podem estudar na banca. As regras de convivência são muitas e não param por aí. O celular deve permanecer o tempo todo no silencioso e para atendê-lo é preciso ir para fora da sala. Além disso, os estudantes devem dar preferência à comidas sem cheiro forte e com embalagens que não façam barulho. Conversa paralela é terminantemente proibida. Rafael garante que as regras são para a melhoria do convívio.
A engenheira de alimentos, Bruna Teixeira, 28, conta que chegou ao espaço por indicação da amiga Mariana Cabral. Atualmente, ela estuda para o concurso da Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe). "Até hoje não consigo estudar em casa. Sinto sono, tem mil distrações, arrumo coisas pra fazer. Aqui não. Eu vejo as pessoas estudando, isso dá um gás", conta. Mariana também concorda com a colega. O fato de compartilhar a banca com outras pessoas incentiva na hora do estudo. "A gente acaba compartilhando emoções. Muita gente aqui já passou no concurso que queria e isso faz a gente acreditar que também é capaz", explica.
A procura por espaços propícios para o estudo têm sido grande. O proprietário da banca conta que ainda não tem expectativas de ampliação por conta da dificuldade de gerir e organizar o local. Quem conseguiu uma vaga, não quer mais sair. "São vários benefícios. Motivação, concentração. Nada disso eu tenho em casa", conta Mariana Cabral.