Paralisação começa e salas de aula ficam vazias
Em algumas escolas, os professores compareceram. Mas, devido ao anúncio da mobilização, muitos estudantes preferiram ficar em casa
A partir desta quarta-feira (14), professores da rede pública de todo o Brasil iniciam a paralisação para reivindicar o cumprimento do piso salarial, além do aumento de investimentos em educação. Em Pernambuco, a expectativa do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) é de que 35 mil professores e funcionários de escolas de todo o Estado participem da mobilização.
No Recife, a movimentação nas instituições de ensino caiu nesta quarta. Na Escola de Referência em Ensino Médio Sizenando Silveira, em Santo Amaro, algumas turmas estão tendo aula normal. Outras salas estão vazias. De acordo com a direção da escola, os professores decidiram não aderir à paralisação e compareceram à instituição, mas devido à ausência de boa parte dos estudantes, algumas turmas ficaram sem aula.
Já na Escola Sílvio Rabelo, as salas estão vazias. Segundo a diretora Simônica Rodrigues, nenhum professor apareceu. Na Escola Valdemar de Oliveira, apenas a turma de educação especial está tendo aula. A diretora Vilma Lopes de Lima informou que os professores compareceram, mas os alunos faltaram. No Ginásio Pernambucano, mais da metade dos estudantes também não apareceu. Os professores reuniram os alunos presentes e estão revisando os conteúdos programáticos.
MOBILIZAÇÃO - A paralisação, que deve durar até a sexta-feira (16) em todo o Brasil, tem o objetivo de cobrar de governos estaduais e prefeituras o pagamento do piso nacional do magistério, que teve um reajuste de 22%, o que representa R$ 1.451. O aumento foi anunciado no final de fevereiro. O Governo de Pernambuco confirmou o reajuste já em março. A Prefeitura do Recife enviou a proposta para a Câmara e anunciou que o repasse será retroativo ao mês de janeiro.
Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão, o fato de alguns estados ainda não cumprirem a lei reforça a necessidade de um “movimento forte” por parte da categoria para reivindicar melhorias na remuneração. “Eles [gestores públicos] entendem que a lei precisa ser cumprida a partir do enfrentamento, da mobilização. Chega de brincar que estão valorizando o professor”, reclama.
Além de cobrar o cumprimento da Lei do Piso, a paralisação nacional também defende o aumento dos investimentos públicos em educação. A CNTE quer que o Plano Nacional de Educação (PNE), que tramita na Câmara dos Deputados, inclua em seu texto uma meta de investimento mínimo na área, equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB), a ser atingida em um prazo de dez anos. Aprovada em 2008, a Lei do Piso prevê também que um terço da carga horária do professor seja destinado a trabalhos extraclasses.
No estado, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) promoverá uma série de atividades. Nesta manhã, os professores estão reunidos em um debate sobre o piso salarial, no Teatro da OAB. Às 14h, eles participam um ato público com passeata, em frente à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Na quinta, será realizada panfletagem com carro de som em todo o Estado. Às 15h, no Sintepe, será promovido o debate “A Educação e as Mulheres”. Já às 19h, no Sindicato dos Bancários, haverá o lançamento do livro “Latifúndio Midiota”, do jornalista Leonardo Severo. Na sexta, acontecerá panfletagem com carro de som no Recife, na Região Metropolitana e no interior do Estado.