A Alemanha também teve sua cachoeira, mas foi apenas de água

por Gustavo Lucchesi | qui, 30/05/2013 - 20:25
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Foto: Pierre-Philippe Marcou/AFP Funcionários ajudam minimizar os efeitos da "cachoeira" em Frankfurt. No Brasil o que jorra não é só água, mas também dinheiro

Assim que soube da falha na cobertura da Arena Fonte Nova, que não aguentou a força da chuva e cedeu em um de seus trechos, lembrei-me de imediato de uma cena da Copa das Confederações de 2005, na Alemanha. O jogo era nada mais nada menos que a final do torneio, quando o Brasil goleou a Argentina por 4x1.

Enquanto eu comemorava o baile nos hermanos, recordo claramente que no meio do jogo uma parte do teto do moderníssimo estádio Waldstadion, em Frankfurt, cuja reforma custou cerca de 188 milhões de euros (aproximadamente R$ 545 milhões), cedeu. O que se viu foi uma verdadeira bica de água congelante na área do escanteio.

Lembro-me que as câmeras da TV alemã evitavam mostrar o incidente, com a Rede Globo exibindo o acontecido com as suas “câmeras exclusivas”. Consegui, com ajuda do editor de fotografia do LeiaJá, o grande Chico Peixoto, resgatar uma imagem desse episódio. É constrangedor relembrar os funcionários tentando “enxugar gelo” num estádio que levou milhões de euros.

Minha intenção, mesmo que seja tarde demais, não é justificar o erro da Fonte Nova. Utilizar aquele “até os alemães erram” como desculpa. O que me incomoda, além da atitude de nos auto-diminuir, é perceber qual o fato que os brasileiros escolher para se irritar.

O fato de a Arena Fonte nova ter sido orçada em R$ 591,7 milhões e ter custado, com boa parte em dinheiro público, R$ 689,4 milhões (16,5% a mais), parece ser um simples detalhe. É até curioso observar as pessoas pedirem punição para o “criminoso” engenheiro da obra e não só absolver como também agradecer, o governo baiano por ter dado esse “presentão” à Boa Terra.

Assim como na Alemanha, os estádios daqui foram feitos para aguentar a mão natureza até certo ponto. Não há motivos para condenar uma lona que não aguentou um temporal.

O que há de ser revoltante e isso sim deveria haver uma mobilização nacional é para prender todos os participantes dessa, que deve ficar conhecida nos livros de história dos nossos filhos descolados, como a “Farra das arenas”.

Ah, e para não passar em branco, o Maracanã tinha orçamento previsto de R$ 600 milhões, mas adivinha quanto custou? Pouco mais de um BILHÃO. Quase dava para construir outro Maracanã por cima.

 

E você aí revoltado porque já estourou um cano na frente do estádio ou que faltou água na abertura do Mineirão (tsc tsc tsc). Como diria um amigo, “Corram para as colinas e levem cerveja gelada, que vamos assistir tudo de camarote”.

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