O adeus de Edmundo

por Thiago Graf | qui, 29/03/2012 - 16:38
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Craque, goleador, explosivo, polêmico, debochado, brincalhão, animal... Tantos são os adjetivos ou apelidos para apenas um jogador: Edmundo Alves de Souza Neto ou, simplesmente, Edmundo. Aquele que várias confusões arranjou, que tanto brigou, que fez multidões cantarem, foi eternizado pelos jogadas diferenciadas, títulos e muitos gols.

Por falar em gol, disso ele realmente entende. São tantos, que é difícil até contabilizar. Portanto, vamos nos ater apenas aos recordes:

1 – Artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1997, pelo Vasco da Gama. O atacante marcou 29 gols em 28 partidas realizadas e sagrou-se campeão nacional.

2 – Único jogador a marcar seis gols numa mesma partida de Campeonato Brasileiro, fato que ocorreu no duelo entre Vasco e União São João-SP, no dia 11 de setembro de 1997. Os cariocas golearam os paulistas por 6x0.

3 – No ano que perdeu o polêmico pênalti contra o Sport, na semifinal da Copa do Brasil de 2008, Edmundo foi o artilheiro da competição, deixando sua marca em seis oportunidades.

Além desses, o “Animal” ainda teve marcas importantes como a vice-artilharia do Campeonato Paulista de 2007, com 12 gols, atuando pelo palmeiras, seu segundo amor no futebol. Com a camisa verde-amarela fez 39 jogos e conseguiu marcar 10 vezes.

Com relação aos títulos, ele também é especialista. Conquistou os campeonatos carioca, paulista e Brasileiro, torneio Rio-São Paulo e as taças Reginna e Nagoya. Pela seleção, foi campeão de uma Copa América, em 1997. Entre os prêmios individuais, o mais importante foi a Bola de Ouro de 1997, oferecida pela Revista placar aos destaques da temporada.

Edmundo não foi de um só, no entanto amou um mais do que todos os outros. Com passagens por 13 clubes, o seu grande amor sempre foi o Clube de Regatas Vasco da Gama, time que o revelou e onde teve cinco passagens, conquistando as principais frustrações e títulos. Frustrações, sim! Afinal de contas um amor também passa por momentos difíceis. Momentos como a final do Mundial Interclubes de 2000. Na final contra o Corinthians, o jogador foi um dos destaques no tempo normal, mas perdeu a última cobrança da decisão por pênaltis, que deu o título ao Timão. Em meios as lagrimas, ele ouviu o canto dos torcedores apoiando-o. (Veja a homenagem em vídeo preparada pelo clube para o jogador)

Brigas política ou dentro de campo, acidente de carro e ações polêmicas. Edmundo esteve no banco dos réus em diversas oportunidades. Foi injustiçado em determinados momentos, mas devidamente cobrado por atitudes que não condizem com a sua genialidade dentro de campo.

Frases polêmicas ou de efeito na mídia... Debochado, ele mandou essa: “A gente vem na Paraíba e um ‘paraíba' apita. Só pode prejudicar a gente, não é mesmo?, afirmação feita pelo atacante momentos depois de um confronto realizado no Rio Grande do Norte, se referindo a um árbitro Cearense. A atitude pejorativa gerou, com toda razão, revolta em vários meios de comunicação. Esse foi apenas uma das muitas "pisadas de bola" do jogador. E não foram poucas mesmo.

Problemas à parte, chegou a hora de dar adeus aos gramados. A despedida foi confirmada e executada pelo antigo companheiro de ataque e atual presidente do Vasco, Roberto Dinamite. O adversário foi escolhido pelo atacante, o Barcelona do Equador. A escolha foi motivada por o motivo simples: a maior conquista da história do clube carioca foi a Libertadores da América de 1998, justamente, contra o time equatoriano. Edmundo não esteve presente na decisão, mas afirmou que essa seria a partida que ele tinha a maior vontade de participar e não conseguiu.

E onde Edmundo é Rei, o desejo precisa ser cumprido. Na noite desta quarta-feira (28), o "Animal" se juntou ao atual elenco vascaíno e viu mais de 21 mil torcedores cantando seu nome. Ele marcou dois gols e o time da colina aplicou uma goleada de 9x1, recorde que não era alcançado em São Januário desde 1984. Mas isso é o de menos, o importante era a festa que envolvia a situação.

Lágrimas, sorrisos e gols. Assim foi a despedida de um dos maiores atacantes da história do futebol brasileiro. Em um país onde muitos jogadores de sucesso não conseguiram se despedir dos gramados da forma como queriam, o animal fez mais e há quem dê apoio para que ele não encerre a carreira. Ouvi um torcedor dizer “se treinar um pouquinho mais, fica melhor que muitos que estão em atividade”.

Para ser sincero, concordo. Mas aceito a despedida, conforme a vontade dele. Aos gritos emocionados, a torcida deu o seu “muito obrigado” ao atacante, cantando o eterno grito: “Aaah, é Edmundo”. O Animal, em agradecimento, chorou.

O atacante falou o que não devia, fez o que queria e o que eu não queria; perdeu pênalti, foi feliz, triste e deixou pessoas magoadas e contentes, numa relação contraditória – mas compreensível. No futebol, Edmundo nunca foi santo, mas foi aquilo que precisava ser: genial.

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