'Call of Duty: Modern Warfare III' desrespeita os fãs
Com um modo história pouco trabalhado, o título apela para uma dificuldade artificial, na tentativa de estender a experiência
A franquia de tiro em primeira pessoa “Call of Duty”, da Activision, é tida como uma das sagas mais rentáveis do mundo dos games, com títulos lançados anualmente e que chegam a movimentar a casa dos bilhões quando se trata de vendas, exemplo disso foi “Modern Warfare II” lançado ano passado, que alcançou US$ 1 bilhão, após 10 dias de lançamento. No entanto, por algum motivo desconhecido, tais lucros não se refletem na qualidade de seus sucessores, como é visto em “Modern Warfare III”, lançado em 8 de novembro deste ano.
O título foi inicialmente cogitado com uma expansão de “Modern Warfare II” (2022), mas depois foi confirmado pela própria Activision como um jogo à parte. Contudo, a lista de troféus do game na PSN o classifica como uma DLC de seu antecessor, o que fez muitos jogadores se questionarem sobre o que realmente se trata “Modern Warfare III”, antes mesmo de seu lançamento. O LeiaJá teve a oportunidade de jogar o mais recente episódio de “Call of Duty” na versão de Playstation 5.
Campanha X Multiplayer
“Call of Duty” é uma saga que surgiu em 2003 e já recebeu mais de 20 jogos. Por muito tempo, a franquia foi admirada pelos detalhes narrativos apresentados no modo campanha, que adaptaram conflitos históricos, entre eles, A Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945), ou momentos mais atuais e até futurísticos.
Com o passar dos anos, os títulos começaram a ganhar mais destaques por conta dos modos multiplayers, que conectam os jogadores por meio da internet para competirem entre si, em mapas bastante trabalhados. Não demorou muito para que o modo campanha de “Call of Duty” ficasse em segundo plano, o que deixou parte da fanbase desapontada.
Por conta disso, em diversos momentos a Activision dava sinais de esperança para aqueles que desejavam aproveitar uma campanha single player, que remetesse aos tempos áureos da franquia. Um pouco disso foi visto em “Call of Duty: WWII” (2017) ou no reboot de “Modern Warfare” (2019), que buscava resgatar um dos arcos mais amados pelos fãs da saga.
Com todo este histórico, “Modern Warfare III” chega para fechar esta nova trilogia e mostrar que a Activision ainda não aprendeu com os erros do passado, já que o título apresenta uma campanha pouco inspirada, com personagens que poderiam ser carismáticos, mas que não são desenvolvidos o suficiente para que o jogador se importe com eles.
O título continua os eventos de “Modern Warfare II” e é centrado no personagem Capitão Price, além de outros soldados do batalhão, como Ghost, que precisam lidar com as ameaças causadas pelo terrorista Vladimir Makarov.
Campanha estendida artificialmente
O modo campanha de “Modern Warfare III” pode ser completado em até cinco horas, no entanto, parte deste tempo vai depender da dificuldade escolhida, que pode causar uma falsa sensação de expansão.
Para começar, ao longo da história, o jogador será deixado em mapas abertos, onde supostamente ele terá que criar estratégias para chegar em determinados objetivos sem ser visto. Entretanto, não demora muito para perceber que o game não disponibiliza muitos recursos para agir na surdina e que a realização de determinadas tarefas é na verdade uma sucessão de tentativas e erros.
Na busca para estender o tempo de campanha, o game conta com checkpoints bastante escassos, o que obriga o jogador a repetir longos trajetos inúmeras vezes, até que ele finalmente consiga alcançar o objetivo principal. Para dificultar ainda mais, os mapas são vazios e não contam com muitos pontos para se esconder dos inimigos.
Fora das missões de mapa aberto, o game segue a mesma estrutura vista em jogos passados, onde o jogador deve percorrer por trechos lineares, eliminar os inimigos que aparecem no caminho e assistir a cenas cinematográficas. Por mais simplista que isso possa parecer, foi este estilo que consagrou a franquia no passado e é o que muitos fãs esperam de um novo “Call of Duty”.
A jogabilidade de “Modern Warfare III” nos momentos de ação é bastante responsiva e também prova o porquê que a franquia sobrevive, mesmo com tantos erros ao longo de sua trajetória. Mesmo para um novato na saga, não é preciso muito tempo para entender como funcionam as mecânicas do game. Outro ponto positivo é o cuidado com os modelos de armas, que impressionam nos detalhes e também na física dos disparos.
Mesmo com os acertos, “Modern Warfare III” se apresenta como um título desleixado, que desrespeita os fãs da saga e não adiciona grandes inovações ou conteúdos que possam justificar o valor cobrado de R$ 299. Resta aguardar se em algum momento, a Activision olhará para a franquia com o respeito que ela merece. O game está disponível para Playstation 4, Playstation 5, Xbox Series X/S e PCs.