‘Alex Kidd in Miracle World DX’ revive um clássico
Apesar do visual repaginado, título se mantém fiel a suas origens e opta por manter antigas mecânicas; confira a resenha
Em uma época em que as empresas de videogames adotavam mascotes para representar suas marcas, a SEGA lançava em 1986 o personagem Alex Kidd, para ser a principal figura do seu console Master System e tentar bater de frente com o Super Mario da Nintendo. Com o passar do tempo, a empresa substituiu o lutador orelhudo pelo conhecido Sonic, o que fez Alex Kidd ser engavetado por muito tempo.
Após anos sem um novo game, a empresa Merge Games surpreendeu o público quando anunciou que faria um remake do primeiro jogo, “Alex Kidd in Miracle World DX”, que chegou em 22 de junho para Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series X/S, Nintendo Switch e PC. Neste contexto, o game pode ser definido pela palavra “nostalgia”, o que traz pontos positivos e negativos.
A estrutura do game é muito semelhante à de 1986. "Miracle World DX" é um título de rolagem lateral, no qual Alex deve andar de um ponto a outro e destruir os inimigos que aparecem no caminho com seus socos. Mas, todos os gráficos, animações e efeitos especiais foram refeitos, assim como ocorreu com outros jogos, tais como “Crash Bandicoot N. Sane Trilogy” (2017), “Spyro Reignited Trilogy” (2018) e “MediEvil” (2019). O visual é todo feito em Pixel Art, mas tanto os cenários quanto os personagens estão mais detalhados e coloridos.
Aqueles que preferirem, poderão alterar o visual para o formato clássico com um apertar de botão. A mudança ocorre de maneira instantânea e também pode servir para fins de comparação, caso o jogador queira conhecer os gráficos antigos e identificar as principais mudanças oferecidas no novo título. Além disso, foram incluídas fases inéditas, que também foram refeitas no modelo de gráficos antigos.
Por ter essa herança nostálgica, “Alex Kidd in Miracle World DX” também resgata alguns problemas presentes no clássico dos anos 1980, que podem não impactar os antigos jogadores, mas podem afastar os novos gamers. Um ponto negativo que se destaca é a jogabilidade travada do personagem, que impede que alguns movimentos sejam realizados com precisão.
Não é muito incomum situações em que será preciso saltar de precipícios mas, por conta da imprecisão, o jogador erra o alvo por distâncias incalculáveis ou pode dar de cara com inimigos que podem matar Alex apenas com um toque. O jogo sempre foi conhecido por sua dificuldade exagerad, mas muitos desses “desafios” ocorriam devido às limitações técnicas da época.
Para amenizar este problema, os pontos de controle do jogo estão sempre próximos do local da morte e, ao acabar com todas as vidas, o jogador retorna do início da fase, diferente do clássico, quando os métodos punitivos obrigavam a recomeçar o game desde a fase inicial. Além disso, o jogador também pode alternar por um recurso de vidas ilimitadas, que torna a experiência menos árdua.
O game também resgata o elemento de memorização por parte do jogador, pois a maioria das batalhas de chefes é decidida pela clássica brincadeira jankenpon (pedra, papel ou tesoura). Não há muito o que ser feito, cada chefe possui uma sequência de jogadas, basta visualizá-las na primeira tentativa, decorá-las e replicá-las com elementos opostos na segunda tentativa. Em alguns casos, o inimigo ficará furioso por ter perdido e desafiará Alex para um combate de socos. A novidade é que, nesta nova versão, existem algumas armadilhas extras no cenário que podem dificultar o combate.
“Alex Kidd in Miracle World DX” revive um clássico esquecido, repagina seus visuais, mas se mantém fiel à essência do original, uma decisão que pode dificultar a ampliação do público alvo do game. Embora tenha seus problemas, o remake pode servir de porta de entrada para que, no futuro, Alex receba aventuras inéditas e possa novamente se popularizar no mundo dos games.