Mudanças no Instagram deixam rede social com cara de eShop

Publicações espontâneas, que antes eram encorajadas, são colocadas em segundo plano para dar lugar a lojas e posts feitos por produtores de conteúdo

por Katarina Bandeira sex, 20/11/2020 - 16:23
Instagram/Divulgação Mudanças colocam abas Reels e Loja em destaque, priorizando a criação de conteúdo profissional Instagram/Divulgação

O Instagram completou 10 anos em 2020 e resolveu celebrar a nova idade com uma grande mudança de layout. Há alguns dias a tela inicial do aplicativo ganhou novos ícones, abas e recursos o que acabou deixando muita gente estranhando a plataforma. A mudança, inclusive, dá a ferramenta de compartilhamento de fotos um novo significado, uma vez que o conteúdo “espontâneo”, que antes era encorajado, passa a ser preterido dando lugar a lojas e publicações feitas pelos chamados “influenciadores”.

O que mudou 

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A maior mudança fica no visual. Agora, ao abrir o aplicativo o usuário visualiza na barra principal de ícones, os botões Reels e Loja, que tomaram o lugar das abas de postagem de foto e de curtidas. Essas, por sua vez, foram realocadas para a parte de cima da tela, ao lado do ícone do chat. Especula-se que esta seja uma estratégia do Instagram para que seus usuários não se incomodem tanto com as curtidas que recebem e sim com o conteúdo publicado na rede. Porém, a impressão que fica é que ela deixa de ser uma rede social e passa a se aproximar, cada vez mais, do formato de eShop.

Com a adição dos novos botões chegaram também novos recursos. Na aba Loja, por exemplo, há várias sub-abas para que o usuário possa ver não apenas os produtos, mas também consiga navegar por lojas, ver a seleção dos editores e até mesmo salvar os itens que mais gosta em uma lista de desejos. Apesar de ser mais antigo que os novos recursos o IGTV ganhou um botão tímido, colocado na aba explorar, topo ao lado tags com temas mais consumidos pelo usuário.

O novato Reels foi o único que ficou em um formato confuso. Além de não permitir que o usuário pesquise pelos criadores ou que assista conteúdo de quem já é seguidor, o recurso apenas deixa que seja visto indiscriminadamente um feed de conteúdos aleatórios que o Instagram acredita que serão interessantes para aquele usuário. 

Por fim a adição das guias acabou dando uma carinha de blog a rede social. Nela é possível criar uma postagem promovendo locais, produtos ou publicações criadas pelo usuário, como dicas, por exemplo. Mais uma vez o recurso se afasta da proposta inicial da rede e pressupõe que a maioria dos utilizadores da ferramenta queira influenciar seus seguidores. 

Todas essas mudanças podem acabar afastando os usuários mais antigos, principalmente, porque postar suas fotos e memórias no feed do seu perfil passou a ser uma tarefa mais complicada visualmente. Isso pode desestimular o uso do Instagram como conhecemos, como uma rede social feita para conectar amigos e compartilhar inspirações. 

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