Exposição traduz tecnologia e dados em arte no Oi Futuro
Obras de sete artistas brasileiros e estrangeiros têm em comum o número como matéria-prima
Facebook, Instagram ou iPhone. Seja qual for a tecnologia que usamos durante nossas rotinas, deixamos para trás um rastro digital carregado de informações e significados. Estes números, complexos e misturados num emaranhado que poucos conseguem desvendar, são justamente a matéria-prima da exposição Existência Numérica, inaugurada nesta semana no espaço Oi Futuro, no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro.
A atração é completamente gratuita e convida o visitante a acessar um mundo até então complexo e enxergá-lo com um olhar artístico. A exposição conta com peças interativas, videoinstalações e obras que acontecem em tempo real. São sete artistas brasileiros e estrangeiros de países como Portugal e Alemanha envolvidos.
Temas como o fluxo migratório, mobilidade urbana e investimentos em ciência e tecnologia são abordados de forma palpável. Uma das obras, por exemplo, usa dados públicos do tráfego da cidade de Lisboa, em Portugal, e transforma esses números em um coração pulsante, que tem suas veias irrigadas de acordo com o trânsito em uma determinada avenida.
Outra obra usa dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e convida o visitante a descobrir quantas pessoas existem no país com um nome igual ao dele. Desta forma lúdica, fica fácil visualizar como estes números estão inseridos no nosso dia a dia. A ideia é justamente diluir essas fronteiras entre o público e os artistas da área.
"Os dados estão muito presentes nas nossas vidas, mas eles estão muito fechados dentro de aparelhos eletrônicos. Algumas empresas sabem como usá-los e a maioria das pessoas ainda não sabe. Independentemente disso, eles continuam sendo usados por aí. Então, a exposição é uma forma de conscientizar as pessoas sobre que dados estão sendo capturados", explica o professor da PUC-Rio e idealizador da exposição, Luiz Ludwig.
O curador do Oi Futuro, Alberto Saraiva, observa que a exposição foi criada por curadores que são professores universitários e artistas brasileiros e estrangeiros. "A arte de fato agora abraça essa ideia de big data ou de visualização de dados e trabalha esses dados com características estéticas bastante diferentes de como eles foram construídos. É uma exposição que conecta pesquisa, universidade, centro cultural, ciência e arte", complementa.
Barbara Castro e Luiz Ludwig são os acadêmidos criadores da exposição (Foto: Cristina Lacerda/Divulgação/Oi)
Luiz Ludwig acentua que esta é uma das primeiras mostras sobre o assunto no Brasil. A exposição Existência Numérica está disponível no Oi Futuro, localizado na Rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo, Rio de Janeiro. A visitação está aberta ao público, gratuitamente, até o dia 18 de novembro, das 11h às 20h.
Festival Multiplicidade
O Oi Futuro recebe também a 14ª edição do festival Multiplicidade. Espaços utópicos são o tema deste ano. Nomes como o do compositor e cineasta americano Phill Niblock e do artista uruguaio Fernando Velázquez fazem parte da atração, que tem uma área dedicada a experiência de realidade virtual. Com curadoria de Batman Zavareze, o evento é gratuito.
*A jornalista viajou a convite da Oi