Tópicos | Paulo Vieira

Parlamentares da bancada federal do Partido dos Trabalhadores afirmaram nesta sexta-feira (14) que não temem as revelações que o ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Rodrigues Vieira, apontado pela Polícia Federal (PF) como chefe da máfia dos pareceres, possa fazer numa eventual delação premiada com o Ministério Público. Reportagem desta sexta do jornal O Estado de S.Paulo apontou que Vieira tem dito, em conversas reservadas, que não sairá como o líder do esquema e que promete envolver gente "mais graúda".

O ex-diretor da ANA trocou de advogado esta semana e espera ainda obter do Ministério Público Federal e da Justiça um tratamento menos severo com as declarações ao mesmo tempo em que empurra para outros a posição de comando do grupo. Até o momento, as ameaças não surtiram efeito judicial.

##RECOMENDA##

Nesta sexta, Paulo Vieira foi apontado como líder do grupo e denunciado pelo MP pelos crimes de corrupção ativa, falsidade ideológica, falsificação de documento, tráfico de influência e formação de quadrilha. O nome do ex-diretor da ANA consta como filiado ao PT desde setembro de 2003 na lista divulgada pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo.

"Quem tiver qualquer coisa para dizer, a bem do Estado, que diga", afirmou o deputado federal André Vargas (PT-PR), que também é secretário de Comunicação do partido. "Não temos nenhum temor (sobre as revelações). Não há dúvida de que esse tipo de ameaça começa a lançar dúvida sobre todo mundo", criticou Vargas. "Virou moda falar isto: buscar a delação como forma de perdão para os seus pecados", ironizou o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP).

O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), classificou como "estranho" esse tipo de atitude de Paulo Vieira. Para o petista, se o ex-diretor da ANA tem algo de "comprometedor" a dizer, "nessa altura do campeonato", que procure a Polícia Federal e o Ministério Público.

Walter Pinheiro disse que Vieira deveria, ao menos, esclarecer o que fez na sua passagem pelo cargo. Ele lembrou que o comportamento do ex-diretor da ANA é semelhante ao do empresário Marcos Valério, o operador do mensalão, que também já ameaçou a contar o que sabe em vários momentos desde a crise de 2005.

O senador Humberto Costa (PT-PE), ex-líder da bancada na Casa, destacou que as acusações da Operação Porto Seguro não envolvem diretamente nenhuma liderança do partido. Humberto Costa disse ainda que a investigação já está em fase adiantada na Polícia Federal, o que não impede, na opinião dele, de qualquer pessoa trazer fatos novos para a apuração.

O deputado Paulo Teixeira acredita que as ameaças do ex-diretor da ANA são uma estratégia dele para diminuir os problemas que já enfrenta com a Justiça. "É algo que não temos que ter preocupação. Se for fazer, que faça, não tem o que preocupar. Quem tem que se preocupar é ele, pelo que fez", disse.

Ficha limpa

Na quinta-feira (13), o vice-líder do PPS na Câmara dos Deputados, Arnaldo Jordy (PA), apresentou à Mesa Diretora da Casa um requerimento para saber quais providências o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República adotou antes da nomeação de Paulo Vieira para a agência reguladora. Jordy quer saber se a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), órgão subordinado ao GSI, investigou Vieira antes de ele ocupar o cargo na ANA.

O diretor afastado de Hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA), Paulo Vieira, pediu exoneração do cargo, em carta encaminhada nesta quinta-feira (6), ao Palácio do Planalto. O decreto foi publicado nesta sexta-feira, no Diário Oficial da União. Vieira é apontado pela Polícia Federal como um dos responsáveis pelo esquema de elaboração de pareceres falsos para favorecer empresas.

O Palácio do Planalto espera para esta sexta-feira a apresentação de uma carta com o pedido de demissão do irmão de Paulo, Rubens Vieira, diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que também integra o esquema, segundo a PF.

##RECOMENDA##

Paulo Vieira alega "motivos pessoais" no pedido de demissão do cargo. Ele foi indicado para a função por interferência política de Rosemary Noronha, ex-chefe do gabinete da presidência da República em São Paulo.

O pedido de demissão não encerra ou paralisa a investigação que está sendo realizada pela comissão de sindicância das duas agências. Caso seja constatado que os irmãos cometeram irregularidades, o pedido de demissão será transformado em "perda de mandato".

O ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Rodrigues Vieira, indiciado na Operação Porto Seguro, atuou para aprovar uma "anistia" a uma empresa que operava um terminal no Porto de Santos. Então presidente do Conselho Fiscal da Companhia Docas de São Paulo (Codesp) em 2005, Vieira articulou um acordo que previa um aditivo ao contrato da Libra Terminais que perdoaria quase 85% da dívida - cerca de R$ 120 milhões.

A Operação Porto Seguro foi deflagrada depois de um auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), Cyonil da Cunha Borges de Faria Júnior, ter dito à Polícia Federal que Vieira lhe encomendou por R$ 300 mil um parecer para beneficiar outra empresa que opera no Porto de Santos, a Tecondi. Para a PF, o ex-diretor da ANA comandava uma quadrilha que vendia pareceres públicos para beneficiar empresas.

##RECOMENDA##

A negociação com a Libra teve o apoio do então presidente da Codesp, José Carlos Mello Rego, indicado para o cargo pelo deputado Valdemar Costa Neto (PR), com o aval do então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, do PR. Na época, a Codesp era institucionalmente ligada ao Ministério dos Transportes.

Indicado pelo PT para atuar no porto, Vieira articulou em 2005 uma nota técnica com o então presidente do Conselho de Administração, o também petista Danilo de Camargo, para embasar o aditivo da Libra. Chegou também a procurar a Advocacia-Geral da União (AGU) para tratar do assunto. Um parecer da entidade defendeu o acordo. "Salta aos olhos no presente caso a necessidade de reequilíbrio consensual do pacto em análise, até por ser, em última análise, a solução mais eficaz e menos dispendiosa disponível", disseram integrantes da AGU que atuavam nos Transportes.

Vieira também foi ao Conselho de Administração defender o acordo, que teria de ser apreciado anteriormente pela diretoria. Na ocasião, foi questionado pelos conselheiros de administração se o assunto havia sido analisado pelo Conselho Fiscal. Disse que sim. Semanas depois, teve de pedir uma retificação. "O conselheiro Paulo Rodrigues Vieira solicita que seja feita retificação ao registrado, declarando que o assunto relativo à nota técnica sobre o aditamento com a Libra não foi apreciado pelo Conselho Fiscal", diz a ata da reunião do Conselho Fiscal de outubro de 2005.

Rego assinou o aditivo, mas o documento não teve efeito, porque três diretores da empresa, em carta ao ministro, se posicionaram contra o acordo e ameaçaram pedir demissão, alegando que a Codesp sofreria "evidentes prejuízos financeiros".

Marcos Panariello, indicado pelo Ministério do Planejamento no Conselho de Administração, disse que o aditivo, nos termos que estava sendo negociado, poderia "favorecer a posição da Libra no contencioso judicial, na medida que a própria Codesp, explicitamente, passa a concordar com uma série de argumentos duvidosos arrolados pela Libra", segundo ata de agosto. Desde 1999, um ano depois de vencer a licitação para operar o terminal 35, a Libra pedia na Justiça o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato.

Pressionado, Nascimento resolveu congelar o acordo. Em 2006, segundo o Ministério dos Transportes, a área técnica da pasta reavaliou as informações e "manifestou-se desfavorável ao reequilíbrio nos termos propostos pela arrendatária, porque as ocorrências relatadas não acarretavam o desequilíbrio contratual alegado".

Nova tentativa

Vieira saiu do Conselho Fiscal da Codesp em 2008, mas voltou em 2011 como indicado do Ministério dos Transportes no Conselho de Administração da Codesp, que analisa outro acordo com a Libra. O governo vai destituir Vieira do conselho. A nova tentativa de acordo em torno do reequilíbrio econômico financeiro do contrato está em análise pela AGU.

A assessoria de imprensa do órgão informou aguardar posicionamento do TCU e da Secretaria de Controle Interno, "uma vez que o Departamento de Cálculos da Procuradoria Geral da União (órgão da AGU) não possui expertise para processar o cálculo do reequilíbrio econômico financeiro do contrato envolvido". Uma ação civil pública corre na Justiça tentando brecar o acordo sob a alegação de que a Libra deve R$ 1 bilhão à Codesp.

A Libra afirmou que "qualquer cifra atribuída ao montante da dívida, neste momento, é precipitada e destituída de veracidade". "O reequilíbrio do contrato permitirá ainda investimentos na expansão e modernização da área arrendada no valor estimado de R$ 600 milhões." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Relatório da Operação Porto Seguro indica que o Mitsubishi Pajero TR4 de Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, pertenceu à organização que negociava pareceres técnicos desmantelada pela Polícia Federal e que era comandada pelos irmãos Vieira, ex-diretores de agências reguladoras. Os e-mails e documentos obtidos pela investigação sugerem que despesas do veículo podem ter sido pagas por Paulo Vieira, apontado pela PF como chefe do esquema.

Em um capítulo dedicado aos bens associados a Paulo Vieira, o relatório descreve um Pajero fabricado em 2010 e registrado em nome de Patricia Baptistella, funcionária da faculdade em Cruzeiro (SP) pertencente à família do ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA). Por e-mail enviado em 2 de maio de 2011, Rose cobra de Paulo Vieira a transferência do veículo para seu nome e a quitação de despesas como seguro e licenciamento.

##RECOMENDA##

"Estou muito preocupada com a questão da Pajero. Fiz todos os trâmites necessários do Controlar. E o seguro, licenciamento, vc (sic) fez?", pergunta Rose. "Vc renovou o seguro? Quando pretende passar o carro para o meu nome?" Em 26 de abril de 2012, os investigadores checaram o registro do veículo no Infoseg, sistema integrado de informações de segurança pública. O Pajero está em nome de Rosemary Noronha. O relatório não diz quando ocorreu a transferência. Não há, nos e-mails interceptados pela PF, menções a pagamentos ou compra e venda do Pajero. Pela tabela Fipe, o carro vale cerca de R$ 55 mil.

No mesmo e-mail, Rose cobra de Vieira um depósito de R$ 5 mil em sua conta para cobrir despesas relacionadas a um sofá e uma estante para o apartamento de sua filha Mirelle, ex-assessora técnica da Diretoria de Infraestrutura da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), exonerada na terça-feira. O irmão de Paulo, Rubens Vieira, era diretor de Infraestrutura desse órgão.

"Conforme combinado, comprei o sofá e a estante para a Mirelle e o Sadao. Já foi entregue no sábado. Ficou tudo em R$ 5.000,00, vc (sic) pode fazer o depósito?", pede Rose, fornecendo os dados de sua conta. Na resposta enviada algumas horas depois, Paulo procura tranquilizar Rose. "Sobre o seguro, não me lembro de ter renovado. Vou verificar com o banco, pois todos os meus seguros são renovados automaticamente, mas esse talvez não foi, pois foi feito no seu nome, mas não impedimento (sic) para você mesmo fazer se necessário", escreve Paulo Vieira. A reportagem procurou os advogados de Rose, mas não obteve resposta. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando