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Um relatório da Receita Federal mostra que o operador de propinas Apolo Santana Vieira, um dos supostos donos da jato que caiu com o ex-governador Eduardo Campos (PSB), em 2014, não tinha bens registrados em seu nome, apesar de manter uma vida luxo e movimentar milhões em suas contas. O documento é parte da Operação Blackout, 38ª fase da Lava Jato.

Apolo teve sua prisão preventiva decretada pelo juiz federal Sérgio Moro, dos processos da Lava Jato na primeira instância, em Curitiba, mas a ordem foi revogada antes da deflagração da operação, no dia 23 de fevereiro, porque ele negocia acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.

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A maior parte dos bens declarados por Apolo Santana Vieira é de cotas de participação nas empresas que é sócio e de planos de previdência. Não há veículos nem imóveis declarados em seu nome, informa o relatório de informação da Receita, em Curitiba, anexado aos autos da Blackout.

Segundo o documento, outro levantamento do órgão apontou que "grande parte de seus bens estariam em nome de suas empresas ou em nome de terceiros". A Receita listou as empresas do investigado.

"Os veículos de luxo que ele e sua família utilizam e mais uma lancha de 46 pés, todos em nome de suas empresas, estariam avaliados em cerca de 5 milhões de reais. O apartamento onde residiria atualmente está avaliado em cerca de R$ 3 milhões".

Pernambucano, o operador é um dos supostos donos do jato Cessna, modelo Citation 560 XLS, prefixo PR-AFA, que caiu com o ex-governador de Pernambuco, em Santos (SP), no dia 14 de agosto de 2014, quando ele era candidato a presidente da República pelo PSB.

Apolo, como é conhecido, foi preso em 21 de junho de 2016, alvo da Operação Turbulência, por ordem da 4ª Vara Federal Criminal do Recife. Ele e outras quatro pessoas são acusadas de manterem empresas de lavagem de dinheiro, em Pernambuco, que teria movimentado mais de R$ 600 milhões - um dos negócios, é o da compra do jato. O empresário também já foi processado por importações fraudulentas de pneus da China.

Na Blackout, última fase da Lava Jato, que tem como alvos centrais os operadores de propinas do PMDB Jorge Luz e seu filho Bruno Luz, Apolo é acusado de ter envolvimento com a corrupção nos contratos dos navios-sondas - para exploração de petróleo em águas profundas - Vitoria 10000 e Petrobrás 10000. Foram identificados pagamentos para a conta da offshore Zago Inc, mantida no banco Safra, em Luxemburgo, que seria de Apolo, pelo operador Julio Gerin Camargo - delator da Lava Jato.

"Apolo Santana se apresenta como profissional voltado para a lavagem de ativos e vale-se constantemente de contas no exterior para circular valores ilícitos, o que justifica o recebimento de valores de propina oriundos do navio-sonda Vitória 10.000 em conta oculta no exterior, operação que deve ter sido realizada em favor de algum agente político", informa o Ministério Público Federal.

O acusado foi responsável por receber USD 510 mil na conta Zago de propina do contrato do navio-sonda Petrobras 10.000. A conta recebeu USD 19.620.124,68 entre 2005 e 2011 e repassou USD 12.552.582,90, segundo a Lava Jato. A conta foi aberta pelo escritório panamenho Mossack & Fonseca, já alvo das investigações.

Lavagem

No âmbito da Operação Blackout, relatório de informação da Receita aponta que há indícios de ocultação de movimentação de dinheiro nas contas de declarações fiscais de Apolo.

"No ano de 2008 o contribuinte declarou ter recebido rendimentos no valor total de R$ 1.529.980,41 e a sua movimentação a crédito foi de R$ 243.827,54, ou seja, há uma diferença de R$ 1.286.152,87 em recursos recebidos que não circularam em suas contas bancárias", informa a Receita.

"Importante para a investigação destacar, também, que entre os anos de 2012 a 2015 não se verificou em Dimof que o contribuinte teve movimentação financeira, mas declarou em sua DIRPF ter recebido nesses quatro anos um montante de R$ 1.053.444,87, ou seja, essa quantia também circulou a margem do sistema bancário."

"Apenas pelas análises dos dados constantes dos sistemas da RFB (Receita) não é possível determinar o motivo pelo qual o contribuinte deixou de movimentar seus recursos por contas bancárias, na maioria das vezes não utilizam os bancos para que não se deixem "rastros" de recursos ilícitos ou que por algum motivo se quer ocultar a origem", registra o auditor fiscal da Receita Roberto Leonel de Oliveira Lima, da equipe da Lava Jato, em Curitiba.

"Sabe-se que um recurso muito utilizado pelos órgãos de persecução criminal é justamente a quebra do sigilo bancário e a não utilização de contas bancárias é uma maneira de se ‘proteger’ de tal medida."

Defesa

O empresário pernambucano Apolo Santana Vieira, um dos investigados na Operação Blackout, afirmou, nesta sexta-feira que seu patrimônio encontra-se declarado na Receita Federal. Ele negou ter bens em nome de terceiros, como consta no Relatório e destacou que o próprio Relatório 'espelha todas as empresas que participo como sócio ou acionista'.

Apolo Santana Vieira disse ainda que nunca foi operador financeiro de propinas através de lavagem de dinheiro em contas correntes no exterior e que também nunca tratou com políticos sobre qualquer espécie de propina.

Atuando na importação e distribuição de pneumáticos, além de investir em outras áreas como pescados, cosméticos e securitização de títulos, ele disse. "Nesta condição de empresário, não sou nem nunca fui fornecedor de qualquer produto ou serviço para órgãos públicos em qualquer das esferas de governo. E, apesar da inclusão do meu nome na Operação Blackout, nas centenas de delações realizadas no bojo da Operação Lava Jato, meu nome nunca foi citado em nenhuma delas."

Apolo declarou ainda que não recebeu qualquer recurso oriundo de propina do contrato do navio sonda Petrobrás 10000, bem como não manteve nenhuma relação empresarial ou pessoal com qualquer das pessoas citadas ou envolvidas na Operação Blackout.

Com relação à incompatibilidade das movimentações financeiras alegadas no Relatório da Receita Federal, ele esclareceu que, seus recursos foram devidamente declarados sendo parte na conta de lucros distribuídos - decorrentes de suas participações societárias -, e que foram reinvestidos diretamente em outras empresas. Razão pela qual não circularam em suas contas correntes.

Sobre o imóvel localizado na Reserva do Paiva, que consta no Relatório da Receita Federal como sendo de propriedade do empresário, ele esclareceu que não chegou a concretizar a compra, sendo distratado em dezembro de 2016 e resultou num crédito de R$ 1.032.733,00.

Com relação às posições financeiras mantidas no exterior, ele foi taxativo. "Elas não têm nenhuma relação com lavagem de dinheiro para operação de propina. Todas foram devidamente declaradas e incluídas na Lei nº 13.254/2016 que instituiu o repatriamento de recursos mantidos no exterior através do Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (RERCT)."

Os lobistas Jorge Luz e Bruno Luz, acusados de serem os maiores operadores de propinas do PMDB na Petrobrpas, desembarcam nesta quinta-feira (2) em Curitiba, a capital da Operação Lava Jato. Eles ficarão detidos na Custódia da Superintendência Regional da Polícia Federal.

Os dois operadores do PMDB - pai e filho - estavam detidos em Brasília desde sábado, 25. Os dois tiveram prisão preventiva decretada pelo juiz federal Sérgio Moro, como alvos centrais da 38ª fase da Lava Jato, batizada de Blackout, deflagrada no dia 23. Eles foram presos no sexta-feira, 24, nos Estados Unidos.

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A Polícia Federal vai ouvir os depoimentos de Jorge Luz e Bruno Luz, mas não há data ainda para o interrogatório. Os lobistas são suspeitos de terem movimentado pelo menos US$ 40 milhões em propinas em negócios na Petrobras, em especial, para agentes públicos e políticos do PMDB.

Os lobistas ficarão detidos na carceragem da PF, onde estão também o empresário Marcelo Bahia Odebrecht e o ex-ministro Antonio Palocci, entre outros.

O PMDB, partido do presidente Michel Temer (PMDB), tem quatro operadores de propinas identificados pela Lava Jato no esquema de corrupção na Petrobras: Jorge e Bruno Luz, João Augusto Henriques e Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano. Os dois primeiros - pai e filho - foram presos na sexta-feira, 24, nos Estados Unidos, alvo da 38ª fase da operação.

Com três anos de investigações, a Lava Jato fecha o cerca contra políticos do PMDB. O partido controlava a Diretoria de Internacional da Petrobras, no esquema de fatiamento da áreas estratégicas da estatal por partidos da base do governo Luiz Inácio Lula da Silva. À partir de 2007, a legenda também teve participação na área de Abastecimento, junto com o PP.

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Considerados por investigadores da força-tarefa, em Curitiba, engrenagem da complexa e sofisticada máquina de corrupção engendrada na Petrobras, por políticos agentes públicos e empresários, os operadores de propina foram nos três anos de Lava Jato os principais pontos de expansão da investigação - que se encontra em seu momento de maior contraofensiva política.

É da Diretoria Internacional o estrondoso episódio da compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). Sob o negócio, paira a acusação de prejuízo de cerca de R$ 800 milhões, como a do Tribunal de Contas da União (TCU). A Lava Jato tem um inquérito aberto, em que já foram identificados pagamentos de propinas e irregularidades no negócio.

Além da aquisição de refinarias no exterior, a diretoria cota do PMDB cuidava das compras de plataformas de exploração de petróleo fora do Brasil, da aquisição de campos de exploração de petróleo e gás.

Operadores

Fernando Baiano foi o primeiro operador do PMDB preso pela Lava Jato. Ele foi detido em novembro de 2014, acusado de atuar em nome do ex-diretor de Internacional Nestor Cerveró.

O lobista fechou em 2015 acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR) e conseguiu o direito de cumprir prisão domiciliar - a partir de novembro de 2015 - por suas revelações. Ele citou propinas para o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), para o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para o ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB-MA), nos negócios de Pasadena, entre outros.

Ex-Internacional entre 2003 e 2008, Cerveró teve que fazer delação premiada, após o operador do PMDB confessar seu envolvimento no esquema e a arrecadação de valores para os políticos do partido - que lhe davam sustentação no cargo.

João Henriques é um ex-executivo da Petrobras, que depois de deixar o cargo passou a atuar como lobista. Além de abrir portas na estatal para empresários, operacionalizava a corrupção de agentes públicos e políticos, para garantir benefícios nas disputas de mercado por contratos.

Henriques foi preso em setembro de 2015, mesmo mês em que Fernando Baiano fechou sua delação premiada com a força-tarefa. Segundo a Lava Jato, ele tinha relação direta com o ex-diretor de Internacional Jorge Zelada, preso desde julho de 2015 e que sucedeu Cerveró no cargo.

Foi das investigações que tinham como alvo os dois operadores ligados ao PMDB que a Lava Jato chegou à Blackout. A 38ª fase levou para a cadeia o mais antigo operadores de propinas da Petrobras, que foi citado em delações premiadas como elo da corrupção com medalhões do partido. O lobista está preso desde sábado, 25, no Brasil.

Com ameaças veladas de Eduardo Cunha de virar delator e agora a prisão de mais um operador de propinas do PMDB, as chances de um deles buscar a força-tarefa para fazer revelações aumenta, na avaliação de investigadores.

Defesa

A assessoria do PMDB diz:

"O presidente do PMDB, senador Romero Jucá, afirma que os envolvidos nesta operação "não tem relação com o partido e nunca foram autorizados a falar em nome do PMDB."

Alvos de mandados de prisão preventiva na Operação Blackout, os lobistas Jorge e Bruno Luz, apontados como operadores do PMDB, informaram à Justiça Federal no Paraná que retornam ao Brasil às 8h da manhã deste sábado, 25, chegando no aeroporto de Brasília. Mais cedo, a Polícia Federal divulgou nota informando que eles foram detidos pela polícia de imigração americana, o que a defesa nega."

Em petição encaminhada à Justiça, os advogados Gustavo Alves Pinto Teixeira e Rafael Cunha Kullman informaram que os dois "retornarão espontaneamente" ao País e embarcarão em um voo comercial que sai dos Estados Unidos às 22h25 desta sexta-feira, 24.

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"Ao que tudo indica no momento, eles haviam omitido informações às autoridades americanas e também estariam irregulares. Ainda não há previsão de eventual extradição ao Brasil ou expulsão", disse a nota da PF. A defesa dos lobistas nega que eles estejam irregulares nos EUA e afirma que eles estão somente sob observação das autoridades depois que seus nomes foram incluídos na lista vermelha da Interpol.

Bruno deixou o Brasil no dia 16 de agosto e seu pai Jorge no último dia 11 de janeiro. Ambos viajaram para os Estados Unidos e, segundo a Operação Blackout, não havia registro de que tenham retornado ao País. Segundo os advogados, eles vão retornar ao Brasil por livre vontade.

De acordo com a Procuradoria da República, Jorge Luz e Bruno Luz têm quatro negócios da Petrobras que supostamente envolveram propina. Na lista estão a compra do navio-sonda Petrobras 10.000, o contrato de operação do navio-sonda Vitória 10.000, a venda da empresa Transener e o fornecimento de asfalto pela empresa Sargeant Marine.

O lobista Jorge Luz omitiu seus lucros à Receita depois que a Operação Lava Jato foi deflagrada, em março de 2014. A informação consta do relatório do Ministério da Fazenda enviado à Polícia Federal e integra o inquérito da Operação Blackout, 38ª etapa da maior investigação já desfechada no País contra a corrupção.

Luz e seu filho Bruno tiveram prisão preventiva decretada pelo juiz federal Sérgio Moro. Eles são considerados pelos investigadores como os principais operadores de propinas do PMDB no esquema instalado na Petrobras. A Procuradoria da República sustenta que Jorge e Bruno distribuíram US$ 40 milhões a ex-diretores da estatal e a senadores do PMDB. Para o juiz Sérgio Moro, os indícios da investigação apontam para a "atuação criminal profissional" de Jorge e Bruno.

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Os únicos bens que atualmente constam sob o CPF de Jorge Luz é uma carretinha Reboque Karmann Ghia Re 280 do ano de 1992, que vale, aproximadamente, R$ 1 mil e um terreno de R$ 15 mil na Ilha do Marco, no município de Maracanã, no interior do Pará.

Para despistar a origem do dinheiro recebido como propina de contratos fechados por seu intermédio, Luz manteve seu CNPJ responsável apenas como procurador da offshore TBC Equity Ltda.

No Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, consta que Luz foi sócio de apenas duas empresas - a Total Express Participações Ltda, que teve baixa em 2015, e a GEA Projetos Eireli, da qual saiu em 2011. Entre 1990 e 1997, foi responsável pela empresa FBR Comércio e Indústria Ltda-ME.

Embora não apareça em seu CNPJ, a investigação comprovou que Jorge Luz se manteve no controle, por meio de familiares, não só da GEA Projetos, mas de diversas outras empresas. Hoje, a empresa está em nome de sua irmã, Maria de Nazaré Luz Lopes.

Segundo as investigações, Luz chegou a fechar contrato direto entre GEA e a diretoria de Abastecimento, então gerida pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, no valor de R$ 5,2 milhões.

Costa disse, em sua delação premiada, que só foi mantido diretor da estatal petrolífera no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por intermédio de Luz, a pedido do PMDB.

A GEA também chegou a ser contratada pelo Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), na época em que Costa era um dos diretores e detinha ampla influência na Petrobras.

Luz, no entanto, permanece como usufrutuário da GEA. "Aparentemente preservando o poder de decisão e o direito aos resultados obtidos pela sociedade. Tanto assim, que continuou recebendo valores a título de distribuição de lucros, que foram declarados como isentos (nas suas declarações de renda de pessoa física de 2012 e 2014)", diz o relatório.

"É comum às empresas ligadas a Jorge Luz e aos seus familiares não atualizarem junto ao CNPJ as alterações promovidas em seus quadros societários e Capital Social, dificultado o trabalho fiscal. Nas Declarações de Bens e Direitos das DIRPF, as participações societárias são informadas em número de quotas, sem referências percentuais, as quais frequentemente são aumentadas, diminuídas, confusamente transacionadas entre os sócios e familiares, encobrindo o real valor do Capital Social total das empresas. Tanto assim, que nas Declarações de Bens e Direitos das DIRPF do período considerado, Jorge Luz declara possuir outras participações societárias, não informadas ao CNPJ", destaca o documento.

As empresas Rota Engenharia e Arquitetura (atual Rota Rio Empreendimentos Imobiliários) e Rede Engenharia Empreendimentos e Participações Ltda. (atual Rede Rio Empreendimentos Imobiliários) não aparecem nas declarações de Luz. No entanto, essas empresas são sediadas no mesmo endereço e têm o mesmo sócio administrador, Keizo Akamatsu, que também foi sócio administrador e responsável da Total Express Participações Ltda.

Consta nos sistemas da Receita que a Rede Engenharia teria como sócia majoritária a Total Express e, como minoritários, os mesmos três sócios dessa empresa - Jorge Luz, Akamatsu e Paulo Roberto Leite Pereira.

Por sua vez, a Rota seria constituída pela Rede e pela Esege Empresa de Serviços de Engenharia Ltda. , que também possui o mesmo endereço cadastral e o mesmo sócio administrador da Rota e da Rede. A sócia majoritária detentora de 99,99% da MMA Empreendimentos e Participações Ltda, foi igualmente baixada no dia 9 de fevereiro de 2015 - quando a Lava Jato já investigava Luz -, assim como a Total Express.

Nas suas declarações de pessoa física de 2009 a 2015, Luz comunica o recebimento de rendimentos tributáveis pagos pelo INSS de 2009 a 2011 também pela Rede Engenharia. Porém, sua principal fonte de rendimentos nos anos calendários 2008 a 2014 foram valores significativos de lucros, declarados isentos, distribuídos pela empresa GEA Projetos, da qual não é mais sócio, mas é usufrutuário.

Já na sua declaração de 2015, relativa a 2014, quando foi deflagrada a Operação Lava Jato, Luz declarou não ter mais recebido lucros isentos distribuídos por suas empresas, "mas apenas rendimentos singelos provenientes do Fundo do Regime Geral de Previdência Social", diz a investigação.

Contudo, segundo o relatório, na relação declarada de pessoa física, os valores referem-se, em grande parte, a direitos decorrentes de empréstimos que ele teria concedido a familiares e a empresas ligadas, além de suposta manutenção de dinheiro em espécie. "Ou seja, são valores de difícil comprovação e existência duvidosa", afirma o documento.

Em todas as declarações de bens e direitos do período analisado consta apenas um único imóvel, a posse de parte de um terreno situado na Ilha do Marco, em Maracanã (PA), com valor histórico de R$15.961,38 em 1986.

Não há registro em Declarações de Informações sobre Movimentação Financeira que Luz tenha mantido, como primeiro titular, contas bancárias de depósito ou de poupança. Também não há informações de transações imobiliárias realizadas por Luz declaradas em Declarações de Operações Imobiliárias (DOI) pelos cartórios no período analisado.

"Porém, dados das Declaração de Operações com Cartões de Crédito (DECRED), disponíveis a partir do ano base 2010, revelam que o contribuinte utilizou cartões de créditos de diferentes instituições financeiras", aponta o relatório.

Na avaliação do Ministério Público Federal, "o afastamento formal de Jorge Luz e Bruno Luz da sociedade de empresas trata-se de artifício utilizado para distanciar os investigados dos crimes cometidos por meio das pessoas jurídicas através de negócios simulados".

Defesa

A defesa de Jorge e Bruno Luz foi questionada pela reportagem, mas informou que não iria comentar o caso.

O empresário pernambucano Apolo Vieira Santana, um dos donos do jato que caiu em agosto de 2014, matando o então candidato a presidente da República Eduardo Campos (PSB), em Santos (SP), é um dos alvos da 38ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quinta-feira (23). Ele chegou a ter prisão decretada pelo juiz federal Sérgio Moro, na Operação Blackout, mas o pedido foi suspenso, após negociação de acordo de delação premiada.

"Apolo Santana, com atuação criminosa principalmente no Estado de Pernambuco, tendo como atividade a intermediação de propina de contratos realizados com a administração pública, com a utilização de empresas de fachada", informou a força-tarefa da Operação Lava Jato, no pedido de prisão da 38ª fase da Lava Jato.

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O empresário surge na Operação Blackout - que tem como alvos centrais os operadores de propinas do PMDB Jorge Luz e seu filho Bruno Luz - em um dos negócios na Petrobras, de contratos dos navios-sondas Vitoria 10000 e Petrobrás 10000.

Foi identificada pagamentos para a conta da offshore Zago Inc, mantida no banco Safra, em Luxemburgo. "Apolo Santana se apresenta como profissional voltado para a lavagem de ativos e vale-se constantemente de contas no exterior para circular valores ilícitos, o que justifica o recebimento de valores de propina oriundos do navio-sonda Vitória 10.000 em conta oculta no exterior, operação que deve ter sido realizada em favor de algum agente político", informa o Ministério Público Federal.

O acusado foi responsável por receber US$ 510 mil na conta Zago de propina do contrato do navio-sonda Petrobras 10.000. A conta recebeu US$ 19.620.124,68 entre 2005 e 2011 e repassou US$ 12.552.582,90, segundo a Lava Jato. A conta foi aberta pelo escritório panamenho Mossack & Fonseca, já alvo das investigações.

Jato

Apolo, como é conhecido, foi preso em 21 de junho de 2016, alvo da Operação Turbulência, por ordem da 4ª Vara Federal Criminal do Recife. Ele e outros quatro pessoas são acusadas de manterem empresas de lavagem de dinheiro, em Pernambuco, que teria movimentado mais de R$ 600 milhões.

Um dos negócios alvos da Turbulência era a compra do jato Cessna modelo Citation 560 XLS, prefixo PR-AFA, que era usado por Campos na campanha presidencial de 2014.

Em 13 de setembro, a prisão de Apolo pela Operação Turbulência foi revogada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio de Mello, em um habeas corpus.

No decreto de prisão de Apolo - que acabou depois suspenso a pedido da Procuradoria -, Moro destaca que "este é um outro processo, com objeto específico, o recebimento, ocultação e dissimulação de vantagem indevida em acerto de propinas em contrato da Petrobras".

"A prisão preventiva decretada tem por base outros fatos e inclusive fatos novos, inclusive a descoberta de que Apolo Santana Vieira mantém contas secretas no exterior, com movimentação milionária e com indicativos de sua utilização para operações de lavagem de dinheiro e repasse de propinas a agentes públicas", afirma Moro.

O juiz Sérgio Moro decretou o bloqueio de até R$ 50 milhões dos dois operadores do PMDB, os lobistas Jorge e Bruno Luz, e de Apolo Santana Vieira, apontado como um dos donos do jatinho que se acidentou com o então candidato a presidente Eduardo Campos em 2014, e de 19 empresas pertencentes aos investigados, que são acusados de intermediar propinas na Petrobrás por meio de contas no exterior.

O bloqueio foi determinado no dia 15 de fevereiro, na mesma decisão em que o juiz da Lava Jato decretou a prisão preventiva de Jorge e seu filho Bruno Luz, que deixaram o Brasil rumo aos EUA e não voltaram, e também autorizou 15 mandados de buscas e apreensões nas companhias dos investigados.

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"Considerando os indícios do envolvimento dos investigados em vários episódios de intermediação de propina e de lavagem de dinheiro, resolvo decretar o bloqueio das contas dos investigados até o montante de cinquenta milhões de reais", assinalou Moro apontando que "a medida é ainda mais necessária diante dos indicativos de que Jorge Antônio da Silva Luz e Bruno Gonçalves Luz evadiram-se do país, já que pelo menos deve-se evitar a dissipação de seus ativos".

Bruno Luz deixou o Brasil em 16 de agosto do ano passado e não há registro de retorno. Seu pai Jorge Luz deixou o Brasil no dia 11 de janeiro último. Para os juiz da Lava Jato, os indícios da Procuradoria contra os dois apontam que eles teriam uma "atuação criminal profissional".

"A dimensão e o caráter serial dos crimes, com intermediação reiterada de pagamento de vantagem indevida a diversos agentes públicos, pelo menos dois Diretores e dois gerentes da Petrobras, em pelo menos cinco contratos diferentes da Petrobras, aliada à duração da prática delitiva por anos e a sofisticação das condutas delitivas, com utilização de contas secretas em nome de off-shores no exterior (cinco já identificadas, sendo quatro comprovadamente utilizadas para repasses de propinas), é indicativo de atuação criminal profissional", assinala o juiz da Lava Jato.

Para o juiz da Lava Jato, o empresário Apolo Santana Vieira também teria uma atuação semelhante. "Há, em cognição sumária, prova documental de seu envolvimento em um dos fatos delitivos, com recebimento, ocultação e dissimulação de cerca de US$ 510 mil em propinas acertadas nos contratos de fornecimento de navios-sondas à Petrobras", aponta o magistrado.

Segundo Moro, "assim como Jorge Antônio da Silva Luz e Bruno Gonçalves Luz, há indícios de que se dedica profissionalmente à lavagem de dinheiro e intermediação de propinas a agentes públicos".

No caso dele, o juiz da Lava Jato chegou a decretar a prisão preventiva, mas acabou revogando após o Ministério Público Federal pedir a reconsideração da medida alegando que o empresário está negociando um acordo de colaboração premiada.

Sob boatos de esvaziamento, a Operação Lava Jato em Curitiba avança sobre o esquema de corrupção comandado por apadrinhados do PMDB, na Petrobras. A 38ª fase deflagrada nesta quinta-feira (23), Operação Blackout, tem como alvos principais os lobistas Jorge Luz e seu filho Bruno Luz, considerados operadores de propinas do partido.

O juiz federal Sérgio Moro, dos processos em primeira instância da Lava Jato em Curitiba, decretou a prisão dos lobistas, que são suspeitos de terem ligação com o senador Renan Calheiros (PMNDB-AL).

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Os dois são investigados por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, em contratos na Diretoria Internacional da Petrobras, que era cota do PMDB no esquema de fatiamento dos postos chave da estatal entre partidos da base de governo - que incluía ainda PT e PP.

Renan

A Lava Jato já prendeu dois operadores apontados como ligados ao esquema do PMDB, na corrupção descoberta na Petrobras: Fernando Soares Falcão, o Fernando Baiano, e João Henriques. Jorge e Bruno Luz são considerados os dois mais antigos lobistas da Petrobrás. Eles moram no Rio, onde estão sendo cumpridas as ordens da Operação Blackout.

Em delação premiada, o ex-diretor de Internacional da estatal Nestor Cerveró revelou que os operadores são responsáveis pelo repasse de US$ 6 milhões em propinas que tinham como destinatária o ex-presidente do Senado Renan Calheiros. O senador nega irregularidades.

A força-tarefa da Lava Jato pediu ao juiz Sérgio Moro a prisão dos lobistas Jorge e Bruno Luz, pai e filho, respectivamente, acusados de operar propinas para o PMDB no exterior, por identificar que eles deixaram o Brasil e que possuem dupla nacionalidade.

"As prisões foram decretadas para garantia de ordem pública e para assegurar a aplicação da lei penal, tendo em conta a notícia que os investigados se evadiram recentemente para o exterior, possuindo inclusive dupla nacionalidade", afirmou o procurador da República Diogo Castor de Mattos.

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A Lava Jato identificou que os dois lobistas teriam utilizado contas na Suíça e nas Bahamas para pagar propinas no esquema de corrupção na Petrobras. Os dois são investigados por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, "suspeitos de intermediar propina de forma profissional e reiterada na diretoria Internacional da Petrobrás, com atuação também nas diretorias de Serviço e Abastecimento da estatal", segundo a Procuradoria da República.

Além de decretar a prisão dos dois, a nova etapa da Lava Jato cumpre 15 mandados de buscas e apreensões no Estado do Rio de Janeiro.

Os pedidos protocolados pela força-tarefa em Curitiba tiveram como base principal os depoimentos de colaborações premiadas reforçados pela apresentação de informações documentais, além de provas levantadas por intermédio de cooperação jurídica internacional.

De acordo com a Procuradoria da República, os dois alvos das prisões são suspeitos de utilizar contas no exterior para fazer repasse de propinas a agentes públicos.

Alvos da Operação Blackout, fase de número 38 da Lava Jato, os operadores do PMDB Jorge Luz e Bruno Luz usaram contas de empresas offshores no exterior para pagar propina "de forma dissimulada", segundo a Procuradoria da República informou nesta quinta-feira (23). Durante as investigações, afirma a força-tarefa da Lava Jato, foram identificados pagamentos em contas na Suíça e nas Bahamas.

Jorge Luz e Bruno Luz, pai e filho respectivamente, são investigados por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, "suspeitos de intermediar propina de forma profissional e reiterada na diretoria Internacional da Petrobras, com atuação também nas diretorias de Serviço e Abastecimento da estatal". O cumprimento dos mandados está sendo realizado no Estado do Rio de Janeiro.

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A Operação Blackout ocorre dois dias após o Supremo Tribunal Federal (STF) livrar das mãos do juiz federal Sérgio Moro o ex-presidente José Sarney, cacique do PMDB.

Os pedidos protocolados pela força-tarefa em Curitiba tiveram como base principal os depoimentos de colaborações premiadas reforçados pela apresentação de informações documentais, além de provas levantadas por intermédio de cooperação jurídica internacional.

De acordo com a Procuradoria da República, os dois alvos das prisões são suspeitos de utilizar contas no exterior para fazer repasse de propinas a agentes públicos. Entre os contratos da diretoria Internacional, os alvos são suspeitos de intermediar propinas na compra dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000; na operação do navio sonda Vitoria 10.000 e na venda, pela Petrobras, da Transener para a empresa Eletroengenharia.

A força-tarefa afirma ainda que "esporadicamente" os investigados atuavam também em outras diretorias da Petrobras. Na área de Abastecimento, as investigações identificaram a participação de Jorge Luz e Bruno Luz na intermediação de propinas no contrato de aluguel do terminal de tancagem celebrado entre a Petrobras e a empresa Trafigura, e no contrato de fornecimento de asfalto com a empresa Sargent Marine.

Também foi identificada atuação dos investigados no pagamento de propinas para Pedro Barusco, ex-gerente da diretoria de Serviços, decorrente de contratos celebrados com a empresa Sete Brasil para exploração do pré-sal.

Segundo o procurador da República e integrante da Força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal do Paraná, Diogo Castor de Mattos, "as prisões foram decretadas para garantia de ordem pública e para assegurar a aplicação da lei penal, tendo em conta a notícia que os investigados se evadiram recentemente para o exterior, possuindo inclusive dupla nacionalidade".

Na decisão em autoriza a deflagração desta fase, o juiz federal Sérgio Moro destacou que "o caráter serial dos crimes, com intermediação reiterada de pagamento de vantagem indevida a diversos agentes públicos, pelo menos dois diretores e dois gerentes da Petrobrás, em pelo menos cinco contratos diferentes da Petrobras, aliada à duração da prática delitiva por anos e a sofisticação das condutas delitivas, com utilização de contas secretas em nome de off-shores no exterior (cinco já identificadas, sendo quatro comprovadamente utilizadas para repasses de propinas), é indicativo de atuação criminal profissional".

Ainda em seu despacho, o magistrado reforçou que, caso confirmada a evasão dos investigados para o exterior, em virtude dos alvos terem dupla nacionalidade, seja realizada a inclusão do nome dos investigados no rol de foragidos internacionais da Interpol.

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (23) a Operação Blackout, 38ª fase da Lava Jato. Os alvos são os lobistas Jorge Luz e Bruno Luz. Em nota, a PF informou que são cumpridos 15 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva no Estado do Rio de Janeiro.

Os investigados responderão pela prática dos crimes de corrupção, fraude em licitações, evasão de divisas, lavagem de dinheiro dentre outros.

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A ação policial tem como alvo principal a atuação de operadores financeiros identificados como facilitadores na movimentação de recursos indevidos pagos a integrantes das diretorias da Petrobras.

O nome da fase (Blackout) é uma referência ao sobrenome de dois dos operadores financeiros do esquema criminoso existente no âmbito da empresa Petrobras. A simbologia do nome tem por objetivo demonstrar a interrupção definitiva da atuação destes investigados como representantes deste poderoso esquema de corrupção.

Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba quando autorizados pelo juízo competente.

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