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O Ministério Público Estadual (MPE) investiga a ação de quadrilhas que estão sequestrando fiscais da Secretaria Estadual da Fazenda. Desde agosto, após a prisão de um grupo de auditores denunciados por cobrar propinas milionárias de empresas com dívidas de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), aconteceram quatro sequestros, mas apenas dois foram registrados na Polícia Civil.

Os casos confirmados são de fiscais que trabalham na Delegacia Regional Tributária (DRT) de Osasco, na Grande São Paulo. Segundo os promotores do Grupo Especial de Combate a Delitos Econômicos (Gedec), uma das hipóteses investigadas é de que fiscais de um grupo rival ao das vítimas estão passando informações para sequestradores, que teriam ligações com informantes da polícia na região metropolitana.

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O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso aos depoimentos das duas vítimas com exclusividade. Uma delas é auditor fiscal de rendas que foi sequestrado no fim de outubro. Ele contou aos promotores que foi rendido por dois homens quando voltava para casa, por volta das 19h30, na Estrada da Fazendinha, em Carapicuíba. Armados, os bandidos entraram no veículo da vítima, cobriram seu rosto com paletó e pediram R$ 500 mil para soltá-la. Disseram que sabiam que a vítima era fiscal e que "todo fiscal era corrupto e só tomava dinheiro de empresários".

O auditor convenceu os bandidos a irem até a sua casa, na Granja Viana, acreditando que "os sequestradores eram profissionais e não fariam mal à sua família". Na residência, eles pegaram roupas, joias, calçados, relógios, óculos, mas não encontraram dinheiro. Os criminosos foram convencidos pela vítima a ligar para o filho e foi combinado um local para o pagamento de R$ 30 mil em espécie. O homem se comprometeu a pagar mais R$ 10 mil depois.

O auditor foi com o carro da família junto com um bandido. No carro de trás estavam outros dois bandidos e a mulher da vítima. No meio do caminho, o carro do auditor foi parado pela Polícia Militar em uma abordagem de rotina. O sequestrador que o acompanhava saiu correndo, enquanto os demais soltaram a mulher e fugiram também. Mas os três acabaram presos pela PM. Questionado pelos promotores se a "fama de serem corruptos" de alguns fiscais da DRT de Osasco pode ter determinado o sequestro dele, o auditor afirmou que "existe essa possibilidade".

Ladrão

O outro sequestro foi em agosto. Um agente fiscal foi rendido a dois quarteirões da DRT de Osasco, pouco depois de sair do trabalho, às 18h45. Ele estava em seu carro quando foi cercado por dois homens armados que entraram no veículo e o obrigaram a seguir para casa. O fiscal tentou desviar o caminho, mas os bandidos sabiam onde ele morava e disseram "você é fiscal e ladrão, rouba do povo e dos empresários".

Na casa, ele ficou amarrado na sala da TV, enquanto os criminosos reviraram todos os cômodos. Os bandidos encontraram apenas R$ 4 mil e perguntaram sobre uma picape de luxo e um imóvel no litoral, que ele não tem.

A vítima disse que pode ter sido escolhida por engano e tem, além da casa onde mora, um sítio em Ibiúna, um apartamento em Lauzane Paulista, na zona norte, e outra residência em Osasco. Os bandidos fugiram levando roupas, celulares, tênis, óculos e bijuterias.

Youssef

A chamada Máfia do ICMS começou a ser desmantelada em julho pela Operação Zinabre, comandada pelo Gedec. Dez fiscais chegaram a ser presos acusados de cobrar cerca de R$ 35 milhões em propina de duas empresas, entre elas a Prysmian Cabos e Sistemas, que admitiu os pagamentos.

Os crimes envolvendo os fiscais foram descobertos graças ao depoimento do doleiro Alberto Youssef - um dos principais delatores da Operação Lava Jato. Em junho, ele deu detalhes aos promotores de como conseguiu repassar US$ 2 milhões em dinheiro para fiscais. Até agora, 11 fiscais foram denunciados por lavagem de dinheiro, corrupção e formação de quadrilha e sete tiveram os bens bloqueados pela Justiça. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério Público Estadual (MPE) apresentou nova denúncia contra os acusados de integrar a Máfia do Imposto sobre Serviços (ISS), por causa de achaques contra o MorumbiShopping, e novamente pediu a prisão preventiva do ex-subsecretário da Receita Municipal Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado como chefe do esquema, e do ex-auditor Luís Alexandre Cardoso de Magalhães.

O executivo do grupo Multiplan, dona do shopping, que fez pagamentos à máfia, é relacionado no caso como testemunha, assim como outro servidor municipal que participou da cobrança. Na denúncia, o MPE afirma que ambos colaboraram com as investigações.

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Ao defender a nova prisão dos integrantes do esquema que agiam em São Paulo, o promotor Roberto Bodini afirma que Ronilson agiu contando com "diversos contatos com políticos, dentre eles vereadores e deputados estaduais", segundo a denúncia. O pedido de prisão diz que "a possibilidade de que (Ronilson) efetue ameaças, mais que possível, é real".

Já a prisão de Magalhães é baseada em seu comportamento durante as investigações. A denúncia cita o fato de o ex-auditor ter aceitado fazer delação em 2013, quando o esquema foi descoberto, e depois usar "o termo de colaboração premiada para executar crimes de extorsão contra auditores fiscais e integrantes de construtoras para que elas não fossem mencionadas em suas delações".

Magalhães chegou a ser preso em junho, quando recebia R$ 70 mil nessa extorsão. Foi solto pelo juiz Marcos Vieira Morais, do Departamento de Inquéritos Policiais (Dipo). Os demais ex-fiscais apontados como membros da máfia, Eduardo Horle Barcellos e Carlos Augusto Di Lallo Leite do Amaral, também foram denunciados, mas não tiveram a prisão pedida.

Propina

O pagamento, segundo a denúncia, somou R$ 1,5 milhão, feito em parcelas entre 2012 e 2013. Segundo a investigação do Grupo Especial de Delitos Econômicos (Gedec) e da Controladoria-Geral do Município, um fiscal da Secretaria Municipal de Finanças passou duas semanas apontando irregularidades no shopping, em 2012, após uma reforma, e identificou mezaninos e lojas que não constavam nas plantas liberadas na Prefeitura.

A partir disso, os empresários responsáveis pelo empreendimento passaram a ser achacados, segundo a investigação. A prática se mostrou recorrente e também teria sido aplicada em outros shoppings, que ainda estão sob apuração - o MPE tem provas de outros pagamentos.

O advogado Marcio Sayeg, defensor de Ronilson, disse que não sabia da nova acusação. Ele desqualificou as provas do MPE. "A delação de Luís Alexandre perdeu todos os efeitos", afirmou, referindo-se à descoberta de que ele achacava colegas. Quanto à prisão, disse: "Ele (o promotor) pode pedir a prisão quantas vezes quiser. Sempre pede, mas não há motivos para manter meu cliente preso". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) negou que as exonerações de chefes da Receita Estadual tenham sido consequência das investigações do Ministério Público Estadual (MPE) sobre uma suposta máfia do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). "São pessoas técnicas, não tem nenhuma ingerência política", disse o governador, após participar do desfile de 83 anos da Revolução Constitucionalista de 1932.

O jornal O Estado de S. Paulo revelou nesta quinta-feira (9) que, desde o fim de junho, ao menos dez servidores da cúpula da Receita foram exonerados de seus cargos, incluindo os chefes de Arrecadação e de Fiscalização Tributária, em meio a investigações de desvios bilionários do ICMS no Estado.

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Alckmin disse não estar preocupado com as investigações do MPE. "Na realidade, a própria Corregedoria da Secretaria da Fazenda e do Estado já estão investigando, e em parceria com o Ministério Público. Se algum agente do Estado, algum fiscal ou agente da Fazenda cometer qualquer ato infracional, será rigorosamente punido".

Alckmin afirmou ainda que as mudanças de técnicos foi escolha do atual secretário da Fazenda, Renato Vilela. "Quando o doutor Renato Vilela chegou, substituiu secretário adjunto, substituiu outras coordenadorias, colocando pessoas que, a seu ver, possam colaborar mais".

Ao menos 15 pessoas, entre fiscais e parentes, são investigadas pelo Grupo Especial de Repressão a Delitos Econômicos (Gedec), do Ministério Público Estadual (MPE), e pela Polícia Civil por enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

O grupo é suspeito de cobrar propina de empresários em troca da redução do ICMS ou das multas pelo tributo devido, prática semelhante à da Máfia do Imposto sobre Serviços (ISS), na qual fiscais municipais são acusados de desviar mais de R$ 500 milhões.

Em meio a investigações sobre um suposto esquema de desvios bilionários de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) por fiscais do Estado, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) trocou toda a cúpula da Receita estadual. Desde o fim de junho, ao menos dez servidores foram exonerados de seus cargos, incluindo os chefes de Arrecadação e de Fiscalização Tributária.

Ao menos 15 pessoas, entre fiscais e parentes, são investigadas pelo Grupo Especial de Repressão a Delitos Econômicos (Gedec), do Ministério Público Estadual (MPE), e pela Polícia Civil por enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O grupo é suspeito de cobrar propina de empresários em troca da redução do ICMS ou das multas pelo tributo devido, prática semelhante à da Máfia do Imposto sobre Serviços (ISS), na qual fiscais municipais são acusados de desviar mais de R$ 500 milhões.

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Em nota, a Secretaria Estadual da Fazenda afirmou apenas que "a recomposição de cargos e funções decorre de ajustes implementados pela nova gestão da pasta". Em janeiro, Alckmin nomeou o economista Renato Vilela para o comando da pasta no lugar de Andrea Calabi. Em setembro de 2014, três delegados tributários da Fazenda já haviam sido afastados por suspeita de participação no esquema de corrupção. Eles também são alvo de investigação da Corregedoria-Geral da Administração (CGA) do Estado.

Naquele mês, uma operação conjunta apreendeu nas delegacias tributárias da capital R$ 450 mil e US$ 20 mil em espécie. O cerco aos fiscais é um desdobramento da Operação Yellow, deflagrada em maio de 2013 pela Polícia Federal para combater desvios no recolhimento do ICMS que incide sobre a soja, na região de Bauru. As fraudes teriam causado prejuízo de R$ 2,7 bilhões ao Estado.

Youssef

Nas duas últimas semanas, além de José Clóvis Cabrera, ex-chefe da Coordenadoria da Administração Tributária (CAT), e de João Marcos Winand, ex-titular da Diretoria Executiva da Administração Tributária (Deat), outros dois coordenadores adjuntos de Arrecadação, um diretor fiscal e 7 dos 18 delegados tributários do Estado foram substituídos. Todos são funcionários de carreira e permanecem na Fazenda.

As exonerações começaram a ser publicadas no Diário Oficial um dia após promotores e representantes da Corregedoria ouvirem, na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, o doleiro Alberto Youssef, sobre diversos pagamentos de propina a fiscais do ICMS em São Paulo.

Em outubro de 2014, um dos principais delatores da Operação Lava Jato contou em depoimento à Justiça Federal do Paraná ter pago R$ 5 milhões a servidores paulistas para quitar pendências da Pirelli Cabos Elétricos com a Receita estadual.

Segundo Youssef, o pagamento foi feito a pedido do executivo Julio Camargo - outro delator na Lava Jato -, que havia sido contratado pela empresa para solucionar o problema, segundo o depoimento. A fabricante de pneus Pirelli informou que a empresa citada se refere à Pirelli Cabos Elétricos, que foi sucedida por outra empresa à época dos fatos investigados.

No mês passado, o doleiro deu mais informações sobre como o dinheiro foi obtido. Ele revelou que Camargo representava a fabricante de cabos elétricos em 2010 e que foi procurado porque a empresa precisava pagar propina a fiscais do ICMS, pois teria dívidas muito altas com o Fisco paulista.

Por meio de contas do executivo no Uruguai, Youssef conseguiu R$ 2 milhões. O dinheiro foi transferido para o Brasil para uma conta indicada pelo doleiro e pago em espécie a um fiscal do ICMS, em um imóvel na Avenida Nova Independência, na zona sul de São Paulo.

Youssef também revelou nomes de outros agentes públicos que participaram do esquema que teria durado pelo menos quatro anos. Nesse período, os investigadores estimam que foram pagos mais de R$ 15 milhões em propina a fiscais paulistas. As investigações apuram agora se o dinheiro sujo foi dividido somente entre os fiscais. A suspeita é de que outros funcionários estaduais e políticos participaram do esquema, mas atuaram com mais discrição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) vai pedir à Polícia Federal que investigue a máfia de comerciantes e lotéricas que retêm cartões de beneficiários do Bolsa Família na região do Alto Solimões (AM).

Ao mesmo tempo, a pasta comandada por Tereza Campello apresentará medidas para aperfeiçoar o principal programa social do governo, especialmente no atendimento a comunidades indígenas e ribeirinhas. Uma das iniciativas avaliadas é o aumento do prazo de recebimento do benefício, que passará de 90 dias para seis meses. A medida tem por objetivo reduzir os gastos de viagens das aldeias e comunidades distantes até as cidades, onde ocorrem os pagamentos e atuam os esquemas ilegais.

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No caderno especial publicado ontem, Favela Amazônia, o Estado mostrou como atua uma máfia do Bolsa Família no município de Atalaia do Norte, na tríplice fronteira do Brasil com a Colômbia e o Peru, onde famílias indígenas do Vale do Javari estão sendo controladas por comerciantes da cidade. Renikson Monteiro, um dos comerciante procurados pela reportagem, posou para fotos com o cartão na mão. O levantamento durou 15 meses e usou dados de 62 municípios.

Em meio a dívidas que só aumentam, os índios deixam seus cartões do programa e também da Previdência no comércio local. Há denúncias de que os comerciantes extrapolam nos preços dos produtos para impedir a retomada dos documentos. Na maioria das vezes, o benefício não paga nem o combustível usado no barco durante o deslocamento das aldeias ao centro urbano. A viagem de ida de uma aldeia no Javari até a cidade costuma durar mais de uma semana. Em troca de galões de gasolina, os comerciantes ficam com cartões e senhas dos beneficiários.

Segundo o ministério, o esquema será tema de reunião com representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da prefeitura de Atalaia do Norte. O município tem um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,450. Trata-se do terceiro pior do Brasil, uma taxa que está abaixo das médias dos países africanos Benin e Togo, além do centro-americano Haiti, todos entre os 25 piores do mundo. O IDH é uma escala estabelecida pelas Nações Unidas que mede a qualidade e a perspectiva de vida.

Antes da publicação da denúncia, a reportagem apresentou à ministra Tereza Campello três vídeos com denúncias de comerciantes que retêm o cartão do Bolsa Família. Logo após assisti-los, a ministra observou que não há solução fácil para o problema. O aumento do prazo do saque, por exemplo, é visto com cuidado pela ministra. O temor é abrir brechas que tirem do Bolsa Família a característica de um benefício regular de alimentação. Também há o risco de índios e ribeirinhos usarem o dinheiro acumulado em muitos meses na compra de produtos que não atendem às recomendações do programa social.

Outra medida que deverá ser tomada pelo ministério é convocar as associações de casas lotéricas. A ministra exigirá maior comprometimento dos empresários que têm contratos com a Caixa Econômica Federal para impedir saques de terceiros. É comum comerciantes receberem os pagamentos das famílias beneficiárias do programa com a conivência dos donos de lotéricas.

Na avaliação do ministério, o maior desafio para aperfeiçoar o repasse em regiões remotas envolve justamente o agente de distribuição dos benefícios. Como não tem um órgão próprio de pagamento, a pasta depende das lotéricas. Outro desafio é a barreira imposta por prefeitos de municípios que abrigam territórios indígenas. Muitos se recusam a fazer o cadastramento de famílias das aldeias.

Saúde nas aldeias

O caderno Favela Amazônia mostrou, ainda, como crianças e adultos da etnia ticuna, a maior do Brasil, também no extremo oeste amazonense, sobrevivem num lixão de Tabatinga. A falta de emprego e de renda afeta famílias indígenas de todo o Alto Solimões, que concentra um dos maiores números de etnias do Brasil. O crescimento das cidades, sem planejamento, não trouxe ocupação para seus moradores. Os índios que migram das aldeias para as sedes dos municípios não conseguem vaga no restrito mercado de trabalho. O drama da pobreza extrema atinge 40% das famílias indígenas em todo o País, segundo dados do governo.

Outro problema relatado no especial foi o elevado índice de criminalidade e de violações de direitos humanos nas grandes e médias cidades da Amazônia. Um levantamento feito pela reportagem indicou que 37,4% da população dos 62 municípios mais populosos da Região Norte estão em áreas de tráfico de drogas.

Lideranças e representantes da área indígena cobram do governo mais investimento na Funai e uma reavaliação do papel do Ministério da Saúde nas aldeias. Só neste ano, 16 crianças índias de até 2 anos morreram de diarreia e desnutrição no Vale do Javari. Técnicos apresentaram relatórios que mostram o mau uso do dinheiro repassado. Os relatórios feitos pelo Distrito Sanitário Especial Indígena no Javari, da Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, não apresentam registros de óbitos com detalhes. Profissionais afirmam que as diretrizes de execução dos recursos da saúde levam em conta interesses políticos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O gabinete do prefeito Fernando Haddad (PT) cassou a aposentadoria de um ex-auditor-fiscal da Secretaria Municipal de Finanças que teria relação com a Máfia do Imposto Sobre Serviço (ISS) e outros esquemas de corrupção.

A cassação de Nadim Youssef El Joukhadar foi publicada em um despacho do prefeito no Diário Oficial da cidade desta quinta-feira, 25, e segue manifestação do Departamento de Procedimentos Disciplinares (Proced).

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Joukhadar pediu aposentadoria da Prefeitura depois que o escândalo da máfia do ISS foi deflagrado, com a prisão de quatro servidores, em outubro de 2013. Segundo o site de Transparência da Prefeitura, ele ganha R$ 22.301,60 mensais de aposentadoria -- é o valor que deve perder. O benefício foi concedido em agosto do ano passado, quando ele já integrava a lista de servidores suspeitos de enriquecimento ilícito. Mesmo aposentado, a Controladoria-Geral do Município (CGM) abriu procedimento contra ele em março deste ano.

Segundo investigações da Controladoria e do Ministério Público Estadual, o servidor antecedeu os integrantes da Máfia do ISS na cobrança de propina de incorporadores que faziam lançamento de imóveis na cidade.

Uma testemunha protegida, representante de uma construtora, contou em depoimento prestado ao MPE em outubro do ano passado que Joukhadar exigia valores das empresas para que "os procedimentos tivessem andamento no setor" que liberava os imóveis, enquanto a máfia costumava cobrar para dar desconto no ISS devido.

O fiscal com a aposentadoria cassada, no entanto, é lembrado por ter menos "agressividade" que os membros da máfia ao exigir valores. "Os valores exigidos por Nadim (Joukhadar) eram menores do que os praticados por Amilcar (José Cansado Lemos, fiscal já denunciado à Justiça) e dependiam de cada caso. Recorda-se ainda que Nadim exigia entre R$ 20 mil e R$ 30 mil para que houvesse andamento do processo", disse a testemunha.

Defesa

O advogado Adriano Salles Vanni, que representa Joukhadar em seu procedimento na Prefeitura, avaliou que a cassação da aposentadoria "foi uma injustiça". Isso porque, segundo Vanni, "a cassação se baseia no depoimento de uma única pessoa, o fiscal Luis Alexandre Cardoso de Magalhães, pessoa cujas notícias recentes colocam tudo o que disse sob suspeita".

O advogado refere-se à prisão em flagrante do fiscal, ocorrida no dia 22, em que ele recebia R$ 70 mil de outro servidor da Prefeitura, também investigado, para que Magalhães não o entregasse. O flagrante foi relaxado dois dias depois pelo juiz Marcos Vieira de Morais, do Departamento de Inquéritos Policiais (Dipo).

"O depoimento do empresário que cita meu cliente foi dado ao Ministério Público. Não à Prefeitura, que conta apenas com o testemunho de Magalhães para decidir pela cassação", completa o defensor. Vanni afirmou que vai recorrer à Justiça para garantir o benefício de Joukhadar.

A Justiça de São Paulo aceitou, após dez meses de análise, denúncia contra o chefe da Arrecadação municipal da gestão Gilberto Kassab (PSD), Ronilson Bezerra Rodrigues. Réu por lavagem de dinheiro, concussão (quando um servidor recebe vantagens em razão de seu cargo) e formação de quadrilha, o ex-servidor, apontado como chefe da Máfia do Imposto sobre Serviços (ISS), responde ao processo em liberdade.

O MPE havia feito a denúncia criminal em agosto do ano passado, pedindo o indiciamento de dez pessoas - além de Ronilson, outros quatro fiscais da Prefeitura e seus parentes.

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A juíza Luciene Jabur Mouchaloite Figueiredo, da 21ª Vara Criminal da capital, aceitou as acusações contra nove deles. Mas havia dado ao ex-subsecretário de Arrecadação o direito de apresentar a defesa prévia por escrito - o que é reservado a todos os servidores públicos denunciados à Justiça.

Embora estivesse afastado de suas funções, a juíza avaliou, na época, que Ronilson ainda era funcionário público - o recurso que ele havia apresentado contra sua demissão ainda transitava na administração municipal.

"Em 18 de novembro de 2014, o excelentíssimo senhor Fernando Haddad negou provimento da reconsideração diante da ausência de argumentos capazes de modificar a decisão impugnada, encerrando a instância administrativa", escreveu a juíza, no despacho em que aceita a denúncia.

Prisões

Ainda em agosto de 2014, a mesma juíza negou pedido de prisão preventiva de Ronilson. O pedido havia sido feito, segundo o MPE, para que ele não atrapalhasse o andamento do processo.

Dois dias antes de decidir aceitar a denúncia, a mesma magistrada negou outro pedido de prisão preventiva, contra o ex-auditor fiscal Luís Alexandre Cardoso de Magalhães. Delator do esquema, ele foi flagrado em um bar no momento em que recebia R$ 70 mil das mãos de outro auditor fiscal, supostamente para não relacioná-lo ao esquema do ISS.

O promotor encarregado do caso, Roberto Bodini, deve apresentar recurso à decisão de manter Magalhães em liberdade.

Defesa

O criminalista Rodrigo Richter Venturole, que defende Ronilson, afirmou ontem que ainda não havia sido oficialmente informado sobre o recebimento da denúncia. Por isso, não comentou a decisão.

Venturole, no entanto, disse que a avaliação é que as denúncias contra Ronilson ficaram "enfraquecidas". "Elas se baseiam na delação do Luís Alexandre (de Magalhães)", disse. Há ainda outras três denúncias contra Ronilson não aceitas na Justiça. Nelas, ele também é acusado de lavagem de dinheiro e de formação de quadrilha.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O juiz Marcos Vieira de Morais, do Departamento de Inquéritos Policiais (Dipo) do Tribunal de Justiça de São Paulo, relaxou a prisão em flagrante do ex-auditor fiscal da Prefeitura Luís Alexandre Cardoso de Magalhães, preso após receber um pacote com R$ 70 mil de outro servidor público.

Para Morais, o flagrante da prática de extorsão por Magalhães só ocorreria caso ele fosse pego no momento em que pedia dinheiro. Como ele foi preso depois, recebendo o dinheiro, o juiz decidiu que o crime de extorsão não foi flagrado, mas sim a consequência desse crime. Assim, ele determinou, na tarde desta sexta-feira, 19, relaxamento da prisão.

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"A doutrina e a jurisprudência amplamente majoritária adotam entendimento no sentido de que a extorsão é crime formal, ou seja, consuma-se no momento em que o agente pratica o verbo, conduta núcleo do tipo penal, independentemente da obtenção de vantagem indevida", escreveu o juiz.

Assim, a interpretação de Morais ao determinar a soltura do fiscal foi que "a prisão em flagrante nos crimes formais deve ter como referência a prática do verbo descrito no tipo penal, e não a ocorrência do resultado (o recebimento do dinheiro)".

Reação

"O teor da decisão é o sonho de qualquer corrupto desse País", disse o promotor de Justiça Roberto Bodini, um dos responsáveis pela investigação que resultou na prisão de Magalhães.

"A decisão é um recado: tome cuidado ao pedir dinheiro, mas pode recebê-lo em praça pública", disse o promotor Bodini. "No dia em que a Justiça Federal do Paraná prende os maiores empresários do País, a Justiça de São Paulo entende que um dos maiores corruptos da cidade receber R$ 70 mil em dinheiro para não prejudicar um colega não constitui crime."

Magalhães já havia sido transferido para o Centro de Detenção Provisória 3 de Pinheiros, na zona oeste, local com capacidade para 572 presos, mas que nesta tarde abriga 1442 pessoas - contando com ele.

O advogado de Magalhães, João Ramacciotti, por outro lado, afirmou que "o juiz agiu dentro da lei" e que Magalhães vai prestar todos os esclarecimentos sobre o caso no decorrer do processo. Segundo o advogado, o ex-fiscal havia declarado que sua prisão havia sido "uma armação".

O ex-auditor fiscal da Secretaria de Finanças de São Paulo Luís Alexandre Cardoso de Magalhães foi preso em flagrante, no começo da noite desta quarta-feira, 17, em uma operação conjunta da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual, com apoio da Prefeitura.

Delator e ex-integrante da Máfia do Imposto sobre Serviços (ISS), Magalhães estava cobrando propina de fiscais da Secretaria Municipal de Finanças para não incluí-los em uma nova rodada de delações premiadas em andamento no MPE, segundo os agentes. A prisão foi revelada em primeirão mão nesta quarta pelo portal estadão.com.

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A detenção se deu após o ex-integrante da máfia receber R$ 70 mil do fiscal Carlos Flávio Moretti Filho, que estava lotado na Secretaria Municipal de Finanças. A prisão ocorreu no Bar do Berinjela, na Praça 20 de Janeiro, no Tatuapé, zona leste.

Moretti é alvo de processo disciplinar da Controladoria-Geral do Município (CGM) desde outubro. Nesta sexta, Magalhães seria ouvido pelo Departamento de Procedimentos Disciplinares (Proced) da Prefeitura como testemunha do caso. O dinheiro seria um "cala a boca", para que ele não contasse o que sabia do ex-colega.

Segundo investigações do MPE, que também já tem inquérito aberto contra Moretti, o fiscal intermediava negociações entre a Máfia do ISS e a Construtora Elias Victor Negri - conhecida pelos prédios de estilo neoclássico no bairro de Higienópolis, região central. A construtora coopera com o MPE. Ele ficaria com cerca de 15% do valor pago pela empresa à máfia.Após ser preso, Magalhães foi levado para a Delegacia de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), na Avenida São João.

Delações

Desde o começo do ano, o Grupo Especial de Delitos Econômicos (Gedec), do MPE, tem feito novas rodadas de delações premiadas envolvendo servidores de Finanças da Prefeitura. Uma força-tarefa, que inclui a Secretaria de Finanças e a CGM, está rastreando a distribuição de dinheiro obtido por esquemas de desvios no ISS e no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) entre servidores e políticos.

Magalhães se mostrou disposto a colaborar com os promotores. Mas, desta vez, com bens congelados e ainda mantendo um padrão de vida milionário - com passeios de barco e em carros importados - o ex-fiscal viu, sendo o MPE, uma chance de levantar mais dinheiro achacando servidores da Prefeitura.

Réu confesso, o fiscal teve 26 imóveis congelados pela Justiça quando a Máfia do ISS foi descoberta, em 2013. A operação que desmontou a máfia havia prendido quatro pessoas - além de Magalhães, os fiscais Eduardo Horle Barcellos, Carlos Augusto di Lallo Leite do Amaral e o chefe de arrecadação da gestão Gilberto Kassab (PSD), Ronilson Bezerra Rodrigues.

Em menos de 24 horas depois das prisões, Magalhães já havia confessado o esquema e se voluntariado para entregar os colegas em troca de reduções de penas. Ele ficou famoso por uma entrevista ao Fantástico, da TV Globo, em que dizia ter gastado todo o dinheiro que obteve com garotas de programa e festas. Disse também que era "difícil" ser bandido.

No fim de 2014, com quatro denúncias formais já aceitas e sendo analisadas pela Justiça paulista, ele postou fotos em uma rede social em que aparecia fumando charuto e pilotando uma lancha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

autoridades italianas executaram 170 ordens de prisão contra supostos membros da máfia 'ndrangheta, uma organização criminosa com fortes laços com a economia do norte do país, afirmaram autoridades nesta quarta-feira.

Segundo o chefe da promotoria antimáfia, Franco Roberti, a ação é "histórica" na luta contra a máfia. Roberti afirmou que as investigações mostraram que a 'ndrangheta tem forte penetração na economia e meio político do norte. Fonte: Associated Press.

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A Prefeitura de São Paulo ampliou de 410 para 694 a lista de prédios suspeitos de terem sido liberados na cidade mediante pagamento de propinas para a Máfia do Imposto Sobre Serviços (ISS), desbaratada há um ano. Há suspeitas em relação a cerca de mil edifícios. Desse total, 376 empreendimentos já tiveram o processo de fiscalização concluído, com mapeamento de R$ 41,8 milhões sonegados por construtoras da cidade. Até o momento, R$ 7 milhões desse total já retornaram aos cofres públicos.

A gestão Fernando Haddad (PT), no entanto, ainda não fechou a conta de quantos são, ao todo, os empreendimentos que só tiveram o Habite-se emitido mediante pagamento de propina à quadrilha.

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Ainda mais

Técnicos da administração municipal estimam que o número chegue a 905 - esse é, exatamente, o número de empreendimentos com área maior de 3 mil m² liberados pelos fiscais Luis Alexandre Cardoso de Magalhães e Carlos Augusto di Lallo Leite do Amaral, acusados de fazer parte do esquema, entre os anos de 2010 e 2013 - parte do período em que eles atuaram como auditores na Secretaria Municipal de Finanças da capital.

A relação das construtoras já flagradas devendo o ISS não é revelada pela Prefeitura. "A Secretaria de Finanças informa que não poderá revelar os nomes das empresas notificadas pois tal informação é protegida por sigilo fiscal, nos termos do artigo 198 da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966, do Código Tributário Nacional."

Segundo o Ministério Público Estadual, a máfia calculava o ISS que as empresas deveriam pagar e dava 50% de desconto - desde que o pagamento fosse feito em dinheiro e para a quadrilha. O sistema do ISS era adulterado de forma a constar que a empresa devia só 10% do valor real. Os fiscais pagavam esse porcentual à Prefeitura e ficavam com os outros 40%. A justiça já aceitou denúncia criminal contra 11 pessoas.

A fiscalização que a Prefeitura faz agora consiste em chamar as empresas que tiveram a quitação do ISS emitida pelos fiscais da máfia. Essa busca só pode ser feita a partir de 2010 porque, antes desse período, não havia registro nos sistemas da Prefeitura sobre a identidade do fiscal responsável por empreendimento auditado.

Quando convocadas, as empresas têm de apresentar as notas fiscais dos serviços contratados para a construção dos empreendimentos suspeitos, que servem de base para o cálculo do ISS. Se o valor das notas não bate com o valor cobrado para a emissão da quitação, a empresa é notificada a fazer o pagamento do que está faltando.

Controle

A lista inicial, de 410 empreendimentos, foi definida depois da descoberta de uma planilha do fiscal Magalhães. Era um arquivo de controle, criado para evitar brigas entre os integrantes da quadrilha, conforme apontaram as investigações. Com o tempo, a Prefeitura foi ampliando a lista de suspeitos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Caserta, Itália, 26/07/2014 - O papa Francisco visitou neste sábado a cidade de Caserta, no sul da Itália, conhecida pelo forte poder da máfia local. Durante sua homilia em um palácio do século XVIII, o pontífice arrancou aplausos da multidão ao afirmar que seu rebanho "precisa ter coragem de dizer 'não' a qualquer forma de corrupção e ilegalidade".

A região é controlada pela família Casalesi, que faz parte da Camorra. As referências de Francisco à máfia ficaram ainda mais claras quando ele criticou "o mal, a violência e o abuso deslavado de poder". Enquanto isso, um cartaz carregado por um fiel dizia "Fora a Camorra".

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No mês passado, na Calábria, outra região no sul da Itália infestada pelo crime organizado, o papa disse que os mafiosos foram excomungados em função da sua "adoração ao mal". Fonte: Associated Press.

O papa Francisco denunciou neste sábado, em sua primeira visita à Calábria (sul da Itália), o sofrimento das crianças vítimas da máfia, e enviou uma mensagem de solidariedade a mães e avós em uma prisão local.

"Nunca mais uma criança deve suportar tais sofrimentos", declarou o santo padre na prisão de Castrovillari, perto de Cassano allo Jonio, às duas avós do pequeno Nicola ("Coco") Campolongo, de três anos.

Em janeiro passado, este menino foi vítima de um ajuste de contas que comoveu toda a Itália. Seu corpo foi encontrado junto ao de seu avô em um veículo carbonizado.

Além das crianças, jovens calabreses são recrutados para o tráfico de drogas e morrem também vítimas da violência da 'Ndrangheta, a máfia calabresa, ou terminam na prisão.

Durante uma cerimônia cercada de emoção, diante de 200 homens e mulheres detidos, alguns chorando e a quem o Papa saudou um a um, Francisco acrescentou: "Eu também cometo erros e devo cumprir penitência".

"Quero expressar a proximidade do Papa e da Igreja para com todo homem ou mulher que se encontra na prisão, em todas as partes do mundo", acrescentou o pontífice, que, em Buenos aires, visitava frequentemente as prisões e lavou os pés de jovens detidos em Roma durante a Quinta-feira Santa, pouco depois de sua eleição em 2013.

Francisco centrou sua mensagem na plena reinserção na sociedade, para que a detenção não seja apenas "um instrumento de punição e represália social" que acabaria sendo uma perda de tempo para o detido e para a sociedade.

Por isso, o bispo de Roma convidou os prisioneiros a "se encontrarem com Deus na prisão". "Deus é um mestre da reinserção, que nos pega pela mão e nos acompanha novamente na comunidade social", disse encorajando-os.

O papa argentino realizou em Cassano, localidade pobre perto do Mar Jônico, uma visita com um tom muito social. A máfia prosperou se aproveitando do fracasso dos investimentos da economia legal em uma região na qual o desemprego dos jovens com menos de 25 anos alcançou 56,1%, recorde da Itália em 2013, segundo a agência Eurostat.

Uma multidão acolheu Jorge Bergoglio, de 77 anos, em sua chegada a uma residência para doentes terminais. Depois se reuniu com os bispos da região na catedral.

Francisco pediu aos bispos que não sejam apenas empregados da Igreja, mas "canais abertos e generosos para com seus fiéis".

Esta visita de nove horas à região meridional mais pobre da Itália, depois de Campania, terminará com uma grande missa na qual são esperadas 100.000 pessoas.

Esta é sua quarta visita na Itália fora da diocese de Roma. No ano passado, este Papa muito popular na península viajou a Cagliari (Sardenha), onde denunciou o desemprego dos jovens, a Assis (Umbria), onde celebrou São Francisco, e à ilha de Lampedusa (sul), onde criticou a "globalização da indiferença" e defendeu os direitos dos imigrantes que desembarcam na Europa.

A máfia calabresa, ou N'drangheta, que trafica com parte da cocaína da América do Sul, é hoje a mais rica e a mais diversificada das máfias, com interesses no norte da Itália e na Europa.

O Papa Francisco denunciou nesta sexta-feira (21) o "poder e o dinheiro sangrentos" dos mafiosos, pedindo que "mudem de vida, parem de fazer o mal e se convertam", durante uma cerimônia em memória das vítimas do crime organizado em Roma. Dirigindo-se aos "homens e mulheres da máfia", o Papa criticou o "dinheiro sangrento, o poder sangrento", e advertiu: "Você não pode levar este poder sangrento com você na outra vida. Ainda há tempo para não acabar no inferno".

Esta declaração lembra o apelo de João Paulo II em Agrigento (Sicília), em 1993, quando o Papa polonês pediu aos mafiosos para se converterem. Na cerimônia, organizada pela Associação Católica anti-máfia Libera, uma lista de 842 nomes de vítimas da máfia italiana foi lida diante do Papa, que ouviu com expressão séria, de cabeça baixa.

Com sua presença na pequena igreja de San Gregorio VII, localizada do outro lado dos muros do Vaticano, o Papa quis mostrar como esta causa é das mais importantes para ele. Francisco confortou os participantes, vindos de toda a Itália, e agradeceu "por não se fecharem para o mundo e contarem suas histórias de sofrimento e de esperança".

"Cerca de 70% das famílias das vítimas não sabem a verdade ou só a conhecem em parte", lembrou Don Luigi Ciotti, fundador da Libera. Don Ciotti prestou homenagem às crianças entre as vítimas, ressaltando a presença de familiares de vítimas da América Latina. Ele citou as vítimas do "trabalho forçado", "das drogas", do "lixo tóxico", as vítimas abandonadas "no deserto e no mar" por traficantes.

Ele também citou todos "os mortos-vivos, que se esvaziam por dentro" pela chantagem da máfia. "Meus amigos, seus entes queridos estão vivos porque quem dá a vida pela justiça dá vida", exclamou. Elogiando o empenho de João Paulo II e Bento XVI, ele denunciou o "silêncio, as resistências, os excessos de cautela" de alguns homens da Igreja. Esta cerimônia antecede a XIX "Jornada da Memória e do Compromisso", organizada anualmente pela Libera.

A multidão aplaudiu calorosamente o Papa, quando ele chegou de carro à igreja. Don Ciotti, tomando-o pela mão, o conduziu para dentro da igreja. Alguns fiéis usavam camisetas com retratos das vítima; outros exibiam fotos e objetos que o Papa abençoou.

A Libera luta ativamente contra organizações mafiosas e é especializada na conversão de bens confiscados. A Igreja italiana tem duas faces: a do compromisso corajoso de muitos sacerdotes e fiéis contra a máfia, mas também a de ligações escusas, com vários líderes da máfia que frequentam igrejas e se gabam de suas benfeitorias. Fundos da máfia transitaram pelo Banco do Vaticano, o IOR, e investimentos duvidosos no mercado imobiliário do Vaticano são alvo de investigações.

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta feira (20), a Operação Monte Pollino para desarticular organização criminosa para o tráfico internacional de cocaína, ligada à máfia italiana Ndrangheta, baseada na região da Calábria. A PF informou que a droga era enviada para a Europa, utilizando o porto de Santos (SP) como ponto de saída. Foram presos 12 investigados, 10 deles no Brasil, 1 na Espanha e 1 na Itália.

Oito estão foragidos no Brasil e no exterior. A investigação teve início em fevereiro de 2013, quando a Polícia Federal recebeu um pedido de cooperação jurídica internacional da Itália, relatando a existência do esquema. Segundo a PF, foi apurado que uma organização criminosa adquire a droga no Peru e na Bolívia e a traz para o Brasil. Daqui, ela é embarcada em navios de carga, tendo como destino diversos portos europeus.

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O grupo, composto por brasileiros, chilenos, bolivianos e europeus estava baseado na cidade de Santos (SP) e executava todas as tarefas necessárias para a exportação da droga, desde sua aquisição, recepção no Brasil, acondicionamento e embarque em navios - que partiam principalmente do Porto de Santos. A droga tinha como destino principal a Itália. Os compradores integram a Máfia Ndrangheta. A investigação italiana foi batizada de Operação Bongustaio e identificou os compradores da droga. Ela foi deflagrada simultaneamente com a investigação brasileira.

Foram cumpridos simultaneamente mandados de prisão e de busca no Brasil, Itália, Espanha, Portugal, Reino Unido, Holanda, Sérvia, Montenegro e Peru, com apoio da Interpol. Os adidos da PF na Inglaterra, Itália e Espanha participaram diretamente da operação. Os adidos são policiais destacados para realizar suas atividades no exterior. No Brasil, 76 policiais federais participam da ação. Além dos investigados que foram presos nesta quinta feira, desde o início da investigação brasileira outras 6 pessoas foram autuadas em flagrante. Foram apreendidos 1,3 tonelada de cocaína e US$ 760 mil.

A 2.ª Vara da Justiça Federal de Santos, a pedido da PF, determinou o sequestro de imóveis e veículos pertencentes à organização criminosa no valor de R$ 3 milhões. Os investigados serão indiciados e responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e financiamento da prática do tráfico transnacional, cujas penas variam de 3 anos a 30 anos de reclusão.

O Papa se reunirá na próxima sexta-feira em uma igreja próxima ao Vaticano com 700 familiares de vítimas do crime organizado, com a associação católica antimáfia Libera, anunciou neste sábado um comunicado da Santa Sé.

Este encontro, o primeiro deste tipo, será realizado na véspera do XIX "Dia de Memória e do Compromisso", organizado pelo fundador do Libera, Don Luigi Ciotta, em Latina, ao sul de Roma.

O Papa se reunirá com os familiares das vítimas na igreja de San Georgio VII, do outro lado dos muros do pequeno Estado.

Em linha com seus antecessores João Paulo II e Bento XVI, o papa Francisco demonstrou ser muito sensível à luta contra os tráficos e o crime organizado.

Libera é uma associação voltada para a luta contra as máfias italianas, principalmente a 'Cosa Nostra', originária da Sicília, a 'Ndrangheta', da Calábria, e a 'Camorra', de Campania". Ela se especializou, entre outras coisas, na reconversão de bens confiscados destas organizações.

O Ministério Público Estadual (MPE) já tem indícios da ligação de ao menos mais 40 construtoras com a quadrilha acusada de fraudar o Imposto sobre Serviços (ISS). Elas são as responsáveis por parte dos 410 empreendimentos que pagaram propina aos fiscais, conforme uma planilha obtida durante a investigação. Para conseguir averiguar tantos suspeitos, o MPE pedirá apoio da Polícia Civil na segunda-feira.

A expectativa do MPE é montar uma força-tarefa com a Secretaria de Estado da Segurança Pública. Policiais da Delegacia de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) devem auxiliar os quatro promotores que atuam no caso, pertencentes ao Grupo Especial de Delitos Econômicos (Gedec), a ouvir os suspeitos e determinar se eles eram vítimas dos fiscais ou parceiros da quadrilha, obtendo descontos de até 50% nos impostos, caso pagassem propina.

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A relação com as 410 obras foi obtida com base nos documentos apreendidos com o fiscal Luis Alexandre Cardoso de Magalhães, suspeito de integrar a máfia do ISS. Ele aceitou acordo de delação premiada.

O Gedec tem dez pessoas, entre promotores e auxiliares, mas eles tocam também outros casos, como as investigações de cartel no Metrô, irregularidades na merenda escolar do Estado e o chamado caso Aref, de pagamento de propina para expedição do Habite-se na capital. Daí a necessidade do apoio.

A Polícia Civil já tem inquéritos policiais abertos para apurar denúncias contra a quadrilha. A expectativa do Ministério Público, entretanto, é de que essas investigações sejam arquivadas e os esforços se concentrem no procedimento investigatório do MPE. Aberto em abril, esse procedimento conta com suporte da Controladoria-Geral do Município (CGM), órgão da Prefeitura de onde partiram os indícios contra os suspeitos.

Mais nomes

O promotor que lidera as investigações, Roberto Bodini, não revelou a lista de empresas suspeitas para não atrapalhar as investigações. Entretanto, ele afirma que a relação pode até crescer.

A lista contém obras que estão registradas em nome de Sociedades de Propósitos Específicos (SPEs) - empresas abertas em sociedade por incorporadoras e outras empresas para apenas uma construção. Nesses casos, é preciso rastrear as empresas-mães. Entretanto, há empreendimentos cujos nomes dos responsáveis são as próprias incorporadoras.

Da lista constam as empresas que já haviam sido listadas como beneficiárias pelos fiscais que assinaram a delação premiada: Alimonti, BKO, Brookfield, Tarjab, Tecnisa e Trisul. A investigação tem relatos de que a Alimonti pagou R$ 460 mil à quadrilha e a Brookfield, R$ 4,1 milhões. As demais empresas negam ter envolvimento com o esquema e afirmam colaborar com as investigações. As construtoras responsáveis pelas 410 obras sob suspeita pagaram R$ 29 milhões à quadrilha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A autoridade japonesa de regulação financeira vai investigar os três maiores bancos do país depois da notícia de que um deles, Mizuho, concedeu empréstimos à máfia nipônica. A partir de 5 de novembro, a Agência de Serviços Financeiros (FSA) investigará os procedimentos de controle interno do Mitsubishi UFJ, Mizuho e Sumitomo Mitsui.

O escândalo aumentou desde que, no fim de setembro, a FSA exigiu que o Mizuho interrompesse a concessão de crédito a "forças antissociais", termo utilizado no Japão para citar organizações criminosas, que têm seus integrantes conhecidos como "yakuzas".

Os "yakuzas" vivem de diversas atividades lucrativas e geralmente ilegais, como jogo, drogas, prostituição, extorsão e lavagem de dinheiro através de empresas tradicionais. A FSA destacou 230 créditos concedidos a tais organizações, que superaram 200 milhões de ienes (1,5 milhão de euros).

A agência criticou a falta de medidas do Mizuho para acabar com as operações, "mais de dois anos depois de ficar constatado a concessão de empréstimos a muitas organizações mafiosas". Os executivos do banco afirmaram em um primeiro momento que ignoravam as operações, que atribuíram a diretores de menor escalão, mas depois foram obrigados a reconhecer que estavam a par.

Em um relatório entregue à FSA na segunda-feira, o Mizuho afirma que 54 diretores, entre aposentados e ainda empregados, serão punidos, incluindo o presidente do conselho de administração do Mizuho Bank, a filial bancária da holding financeira Mizuho Financial Group.

Takashi Tsukamoto abandonará o cargo, mas seguirá à frente da holding. O diretor geral do banco, Yasuhiro Sato, deverá renunciar a seis meses de salário.

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A polícia italiana deteve mais de cem pessoas, incluindo médicos, advogados e empresários, em uma operação contra diferentes organizações mafiosas em Roma e na região de Calábria, ao sul do país. É uma das maiores operações já registradas em Roma, com a participação de cerca de 500 agentes. 116 suspeitos foram presos no total.







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Em meio a diversos escândalos de manipulação de resultados ao redor do mundo, a Fifa apelou para os governos dos países. Nesta quarta-feira, a entidade voltou a pedir apoio irrestrito na luta contra a corrupção no futebol e garantiu que só assim será possível acabar com as falcatruas no esporte.

O diretor de segurança da Fifa, Ralf Mutschke, disse em conferência realizada na Malásia que a entidade está banindo do esporte árbitros e jogadores envolvidos em manipulação de resultados, mas que os organizadores desses esquemas seguem livres devido a problemas nas legislações de cada país.

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"Temos que envolver os governos porque precisam mudas as legislações e leis, porque muitos países não têm leis adequadas para combater a manipulação de jogos e a corrupção", disse Mutschke. "Falar é agradável, mas precisamos chegar a uma conclusão de que já é o momento de agir."

O diretor de segurança comentou sobre o caso do empresário de Cingapura Tat Seet Eng, conhecido como Dan Tan, a quem as autoridades italianas emitiram ordem de prisão, após ele ter sido julgado culpado de envolvimento em um esquema de manipulação de resultados. A prisão, no entanto, não foi realizada porque a ordem não tinha efeito na Ásia.

Ainda de acordo com Mutschke, a principal preocupação da Fifa é evitar que a Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil, seja alvo desses esquemas. Ele revelou que a entidade dará instruções especiais a árbitros e seleções, além de manter uma linha telefônica especial que dará atenção a qualquer denúncia de irregularidade 24 horas por dia.

NOVA FERRAMENTA - Também nesta quarta-feira, a Fifa lançou uma nova ferramenta para ajudar dirigentes no aprendizado da versão 2012 de seu Código de Ética (CEF). O programa está disponível no site da entidade e "oferece uma visão geral da esfera de ação do CEF e as consequências de violá-lo, além de uma recapitulação do Código de Conduta", de acordo com comunicado.

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