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Espaço simples, improvisado em uma parada de ônibus nas proximidades da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) com sacolas de alimento para animais como proteção: é assim que o senhor Eduardo Moura Pinto, de 62 anos, monta seu sebo de livros, desde 1980, no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife.

De infância humilde e sem muitos recursos, a relação de Eduardo com as obras literárias começou através de sua mãe, que era semianalfabeta. Enfrentou dificuldades para começar a ler e sofria com a violência do pai, que não acreditava no desenvolvimento da leitura do filho e lhe batia sempre que um erro da junção das letras acontecia.

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“Meu pai, certa vez, questionou o porquê de minha mãe gastar dinheiro comprando livros para mim. Sempre que ele me pedia para juntar sílabas, por exemplo, e eu errava, ele me batia e sempre dizia que eu nunca iria aprender a ler. Até jogava, meus livros fora”, relata Eduardo. “Minha mãe, por outro lado, sempre me defendia com o amor simples dela, sempre me dizia que eu seria capaz de aprender”, completa.

Eduardo Moura já leu quase todos os livros que vende em seu sebo improvisado (Foto: João Velozo/LeiaJá Imagens)

Um currículo de leitura

De Kamala a Chico Xavier, o autodidata também garante também ler em espanhol, “mais fácil, quase português”, e inglês. Segundo ele, seu acervo conta atualmente com mais 1.500 livros.

O livreiro, que também consome o conteúdo que comercializa, ressalta que, ao ler a biografia do físico Albert Einstein, por exemplo, soube que ele também tinha dificuldades na infância para aprender. “Os professores também não entendiam ele”, fazendo uma relação com a sua própria história. 

Apelidado de Gandhi, referência ao pacifista hindu que lutou contra a colonização inglesa, o maior sonho de Eduardo é conseguir um ponto físico para comercializar os livros que adquire através de doações de conhecidos e moradores do bairro.

Além de colecionador de livros, Eduardo também coleciona vários sonhos, alguns para si, outros em prol de ajudar pessoas em situação de rua e animais desabrigados. “Eu gostaria de ter uma banca de verdade para trabalhar, com um estabelecimento fixo, e quero construir um abrigo para cachorros e gatos de rua. Também quero todos os dias poder dar um sopão para as pessoas de rua que sempre me pedem ajuda”.

Religião como parte da vida

Religião também sempre foi um tema que seduziu Eduardo Moura. Começou na umbanda. No Lar de Ita, no Vasco da Gama, na Zona Norte da capital pernambucana, descobriu que em outras vidas teria sido cigano, índio, judeu e até nazista. Praticamente uma vida para cada religião a qual já aderiu.

“Comecei na Umbanda, fui testemunha de Jeová, católico e da Assembleia de Deus por um ano. Agora, já faz um tempo que frequento o espiritismo kardecista”, diz, julgando-se “ecumênico, de crença só minha”. 

Acervo completo

Eduardo é dono de um vasto acervo de leitura dos mais diversos gêneros. De segunda a sexta-feira ele comercializa as obras literárias com os mais variados preços. Segundo ele, em média, consegue apurar entre R$ 10 e R$ 20. R$ 50 em dias bons. Por isso, todos os dias ele se compromete a montar seu espaço de trabalho, debaixo de sol ou chuva, para levar o ganha-pão diário.

Mesmo durante as férias dos alunos da UFPE, ele não deixa de expor seus livros aos passageiros que frequentam a parada ônibus e aos transeuntes, que mesmo diante da correria para pegar o transporte público ou resolver problemas, param para apreciar o seu trabalho.

Eduardo é facilmente reconhecido por quem frequenta a Várzea. Há 42 anos, o senhor é praticamente patrimônio do bairro por estar há tanto tempo fielmente com seus companheiros de vida e de trabalho, os livros.

Um dos cinco livreiro de Honk Kong presos na China durante vários meses liderou neste sábado uma manifestação em sua cidade, desafiando Pequim e as autoridades locais para que expliquem seu sequestro e o de seus colegas.

Lam Wing-kee é um dos cinco livreiro de Hong Kong que desapareceu no final de 2015 depois de ter vendido obras críticas em relação ao governo chinês, um caso que causou comoção na ex-colônia britânica, onde muitos habitantes sentem que a China endureceu seu controle.

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Lam, que se encontra em liberdade sob fiança, explicou que foi detido quando viajava ao continente e foi interrogado durante meses sem ter acesso a um advogado ou sua família.

O livreiro exige que as circunstâncias de sua detenção seja esclarecidas.

Os cinco livreiro desaparecidos trabalhavam para a Mighty Current, uma editora conhecida por suas obras críticas à China e à vida privada dos altos dirigentes chineses.

Dos cinco livreiro, Cheung Chi-ping e Lui Por voltaram a Hong Kong depois de libertados sob fiança, mas depois tiveram de regressar para a China.

Um terceiro, Lee Bo, que ofereceu voluntariamente sua ajuda às autoridades chinesas, também foi libertado.

O quinto "desaparecido", Gui Minhai, de cidadania sueca, continua detido.

Um livreiro cujo desaparecimento causou grande impacto entre a população de Hong Kong que temia a possibilidade de que tivesse sido detido pelas autoridades chinesas, reuniu-se com sua mulher na China continental, anunciou neste domingo a polícia.

Da mesma forma que outras quatro pessoas desaparecidas em circunstâncias misteriosas, Lee Bo, um cidadão britânico de 65 anos, trabalhava para a editora Mighty Current, conhecida por publicar obras críticas ao governo chinês.

Mas, ao contrário dos demais, Lee Boo desapareceu no dia 30 de dezembro quando ainda se encontrava em Hong Kong. Os serviços de segurança chineses não têm o poder de intervir na ex-colônia britânica, governada por um regime semiautônomo, mas o desaparecimento não deixou de gerar alarde.

"A polícia foi informada pela esposa de Lee Bo de que se reuniram na tarde de 23 de janeiro em um hotel do continente", indicou um porta-voz policial de Hong Kong.

A esposa de Lee, Sophie Choi, declarou que estava "bem de saúde e disposto", além de estar "colaborando em uma investigação como testemunha", acrescentou o porta-voz, sem detalhar o lugar do encontro.

Os meios de comunicação de Hong Kong publicaram várias cartas, supostamente escritas pelo próprio Lee, em que explica que saiu da China continental por vontade própria.

Os defensores dos direitos humanos consideram tudo isto "tática de intimidação" do governo de Pequim.

Na semana passada, outro funcionário da Mighty Current, Gui Minhai, desaparecido na Tailândia em outubro, fez um depoimento surpreendente na televisão chinesa.

Afirmava ter voltado voluntariamente à China para assumir sua responsabilidade legal 11 anos depois de matar uma estudante em um acidente de carro, quando dirigia embriagado.

Os defensores dos direitos humanos expressaram indignação e chamaram de "cortina de fumaça" o depoimento que, segundo eles, tenta ocultar o fato de que os funcionários da editora estão na mira das autoridades por suas publicações incômodas.

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