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As imagens de moda são cruciais no desenvolvimento de um editorial, são elas as responsáveis pela representação de ideias e de estéticas que se encaixam dentro desses limites. Nos últimos vinte anos, o fotógrafo Collier Schorr tem sido uma figura pioneira quando se trata desejo queer na moda (o termo “queer” designa pessoas fora dos padrõe de identidade de gênero). O LeiaJá separou alguns outros nomes de profissionais que estão redefinindo a imagem de moda.

Naima Green

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A representação de pessoas negras é determinante no trabalho da fotógrafa e educadora nascida no Brookling, em Nova York. Em seu último projeto, batizado de Pur- suit, ela retrata pessoas trans e não binárias em um baralho de pôquer de 54 cartas.

Lanee Bird

‘’Minha estranheza está intrinsecamente ligada à minha identidade doentia e ambas absolutamente informam a maneira como eu crio meu trabalho’’, declarou Bird ao site Dazed Digital. O fotógrafo queer de estética fetichista já trabalhou com personalidades como a cantora estadunidense Lizzo e também faz curadoria da Dressed For Pleasure, em Nova York, onde mora desde os cinco anos de idade.

Cherry Auhoni

Cherry Auhoni é uma fotógrafa trans que começou seu trabalho na moda como designer de sapatos. Ela frequentou a universidade Middlesex e a London College of Fashion, ambas em Londres. Já trabalhou com grifes como a italiana Gucci e atualmente está com o projeto DYKE, um documentário sobre a comunidade global de lésbicas.

Simone Niamani

Com formação em música clássica e dança, Simone Niamani começou a fotografar em 2015 depois de se mudar para Nova York. Trabalhou como modelo e logo passou a testar suas primeiras câmeras em suas amigas. “Uma perspectiva queer parece incrivelmente essencial

para como eu me expresso em todos os aspectos da minha vida, embora eu adorasse me concentrar em fazer uma série exclusivamente dedicada à representação de diques. Eu sempre acabei clicando meus amigos (muitos dos quais são esquisitos), mas criar um corpo de trabalho com a intenção específica de trazer mais visibilidade à comunidade lésbica é algo que eu realmente aspiro fazer este ano ”contou a fotógrafa à Dazed Digital.

"Vai ter bicha no rap, sim", é o que bradam os representantes da cultura queer que vêm construindo uma nova cena dentro do Hip Hop. São artistas homossexuais, transgêneros e travestis que escolheram mostrar suas vivências e sua arte rimando.

O Queer Rap já tem um cenário bastante consolidando fora do Brasil e, nos últimos anos, vem cavando seu lugar dentro da música nacional. Um movimento que, a depender da vontade e do talento de seus porta vozes, veio para ficar.

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Em países como os Estados Unidos, o Queer Rap já é uma cena consolidada com artistas como Mykki Blanco, Le1f, Cakes da Killa e Zebra Katz. Já pelas bandas tupiniquins, o movimento ainda pode ser visto com aquele frescor de coisa nova.

Desconstruindo padrões e peitando a normatividade, rappers e MCs LGBT brasileiros estão produzindo em quantidade e com bastante qualidade. Certamente, um sopro de inovação que sabe como se fazer ouvir e notar, até porque, como disse em entrevista o cantor Criolo, um dos grandes nomes do rap nacional: “Não somos nós que vamos dizer a cara do novo, ele que vai mudar nossa cara".

Um dos primeiros a apostar na 'novidade' foi o rapper paulista Rico Dalasam, em meados de 2014. E ele já chegou abrindo um show do tradicional grupo de rap Racionais MC's. Na plateia, cerca de cinco mil pessoas testemunharam Dalasam, de saia e salto alto, mandar suas rimas: "Vem e aceita que onde ninguém foi eu vou tá/ Vê bem e vem/ Que pra variar/ Esse close eu dei". Em 2017, aos 25 anos, Rico lançou seu primeiro EP, 'Modo Diverso', com letras que versam sobre aceitação e mesclam diversas referências estéticas.

De lá para cá, outros nomes do Queer Rap ingressaram no rol de artistas do segmento, como a drag Gloria Groove - que agora envereda por um universo mais pop -, a MC Alice Guel - com rimas diretas e sinceras em seu EP 'Alice no País que Mais Mata Travestis' -, Danna Lisboa, Rosa Luz, JUP, Monna Brutal e MC Dellacroix.

Dellacroix, MC de São Paulo, enveredou pelo mundo do hip hop após alguns anos de pesquisas em teatro, dança e performance. A música foi a expressão que faltava para mandar seu recado. Ela explica sobre o que se trata esta cena: "Juntamente com o rap, o queer rap quer explorar as novas narrativas marginais e outras possibilidades de corpos, narrando e criando trajetória de corpos transvestigeneres pretos do gueto. Eu expresso meu trabalho na música de forma muito orgânica, e acho que o queer rap tá aí para nomear e tornar palpável todo esse movimento entre nós, as bixa preta, as travestis do rap", explica, em entrevista ao LeiaJá.

A MC fala sobre segmentar o Hip Hop: "Essa segmentação já foi criada a partir do momento que o rap/hip hop se torna machista quando os homens dominam a cena. Essa segmentação pode ser classificada como resistência". E, demonstrando seu empoderamento e confiança, declara sem arrodeios: "A gente não precisa mais de aval de macho pra rimar, e eu sigo Dellacroix, travesti preta no rap rimando pra incomodar sim, e se incomodou é porque atingiu quem eu queria impactar e questionar com a minha fala, meu proceder e minhas rimas".

Dellacroix afirma que ela e as demais artistas que compõem a cena ainda são "um tapa na cara", mas que tem sido bem aceita entre o público e se sente respeitada no meio do rap. Além disso, ela se preocupa em trabalhar com profissionais LGBT: "É importante e é necessário para corpos como o meu. Somos uma equipe composta por minas, monas, os mano também. Aprender e entender e ter noção de lugar nesse meu corre independente, se ligar em showbiz e a indústria da música. É aprendizado constante com todas as pessoas que eu fecho parcerias".

A MC está planejando seu primeiro álbum para o segundo semestre de 2018, além de projetos de audiovisual e uma turnê pelo país para "Conhecer minhas manas de todos os cantos e tecer cada vez mais redes: de afeto, de fortalecimento, de potência".

Quebrada Queer

Outro grupo que já chegou fazendo barulho é o Quebrada Queer. Formado por cinco MC's: Guigo, Murillo Zyess, Harlley, Lucas Boombeat e Tchello Gomez, o grupo deixou claro a que veio em sua primeira música lançada: "Quebrando armários, extermínio à normatividade. Revolução!/ Vamo assistir você ouvindo a nossa realidade/Tirando nossas capas de invisibilidade/ As monas unidas pro combate e olha no que deu".

'O que deu', e o que está dando, ao que tudo indica, é a estruturação de um movimento que traz inclusão e diversidade a uma cena, até então, tida como fechada e com padrões normativos bem estabelecidos. As portas do armário estão se abrindo, não à toa, com força, coragem e resistência; e tomando emprestados os versos do Quebrada Queer para o assunto: "Não é só close, é luta/ Então vê se me escuta/ Aceita, atura ou surta".

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