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Faltando pouco menos de um mês para as eleições municipais e com a apresentação de projetos para implantação de mais ciclovias e o incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte por quase todos os candidatos a prefeito do Recife, recebemos a notícia que a cidade receberá, a partir de outubro, estações de bicicleta para deslocamentos no centro da cidade.

É de conhecimento de grande parte da população brasileira que a utilização da bicicleta como meio de transporte é comum nos países desenvolvidos, como Holanda e  lá, a “magrela” é um dos principais meios de transporte do país. E nas metrópoles do século XXI, que prezam pelas construções parceiras do meio ambiente, o uso da bicicleta é uma opção que vem sendo priorizada dentro e fora do Brasil, como em Nova Iorque, Cidade do México e São Paulo.

O Recife receberá dez estações, cada uma com dez bicicletas. Os veículos serão liberados por um cadastro e pelo pagamento de uma mensalidade estimada em R$ 10 – o equivalente a menos que cinco passagens de ônibus do anel A. Sistema parecido ao instalado no Rio de Janeiro, onde os ciclistas podem alugar bicicletas espalhadas em estações pela cidade e que já conta com 60 estações e 600 veículos.

Além dos benefícios já citados, o uso da bicicleta preza pela saúde das pessoas e promove a inclusão social, visto constantemente com o aumento dos grupos de ciclistas que realizam passeios à noite pela cidade. E, confirmando todas essas teorias, a bicicleta foi reconhecida como o transporte ecologicamente mais sustentável do planeta pela Organização das Nações Unidas (ONU), pela Conferência das Nações Unidas para o Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92) e pela Agenda 21.

Infelizmente vivemos em uma sociedade que cultivou o hábito do automóvel como um símbolo de status e ignorando as consequências da grande quantidade de veículos para a mobilidade urbana. Porém, faz-se necessário perceber que a utilização da bicicleta como meio de transporte pode contribuir significativamente para melhorar a qualidade de vida da população, visto que, além de garantir uma maior fluidez no trânsito, elas reduzem a emissão de poluentes e de ruídos e minimizam os custos de mobilidade.

Em textos anteriores já relatamos o Brasil como o terceiro produtor de bicicletas, responsável por cerca de 5% da produção mundial e com a sexta frota do planeta, com 75 milhões de unidades. Porém, na soma entre os prós e contras quando o assunto é o uso da bicicleta como meio de transporte, estes últimos acabam desequilibrando a equação.

Sem exceção, o uso da bicicleta está associado a diversos benefícios sociais e ambientais, oferecendo um mercado de produtos e serviços ainda pouco explorado no Brasil. O grande problema está na falta de vias e de educação dos motoristas para lidar com a presença dos ciclistas dividindo o espaço das ruas e avenidas com os carros.

Incentivar é preciso. Mas antes de incentivar, é preciso estruturar espaços adequados e criar campanhas educativas e de conscientização para que os motoristas respeitem e se habituem a presença das bicicletas no trânsito.

Ao participar de uma reunião com o Grupo de Amigos do Turismo (GAT), o candidato a prefeito do Recife, Humberto Costa (PT), apresentou suas propostas para o setor. No encontro, discutiu-se a mobilidade urbana, a navegabilidade do rio Capibaribe e as ciclovias como alternativas aos veículos motorizados.

Na intenção de melhorar a infraestrutura e as atividades turísticas, o candidato prometeu viabilizar ciclovias como rotas de conexão entre várias áreas da Região Metropolitana da cidade (RMR). “Uma conjunção de fatores nos dá condições de fazer do Recife uma cidade turística cada vez mais forte: temos uma cultura importante, belezas naturais, patrimônio histórico e um povo hospitaleiro. Precisamos contar com parcerias que valorizem essas questões", destacou Humberto.

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Para Humberto, um projeto de integração deve ser priorizado com o intuito de ligar áreas afastadas da cidade, como a beira-mar de Piedade e a Avenida Norte. "Precisamos usar os recursos públicos com responsabilidade. Tem muita coisa que pode ser feita. É importante valorizar as ideias, a criatividade e o diálogo para fazer o turismo da cidade seguir em frente", destaca.

Propostas de governo foram apresentadas aos membros do GAT, que entregaram um documento com sugestões para o setor. Segundo o presidente do grupo, Helder Lins Texeira, o GAT está de portas abertas e esperam que o candidato volte no período pós-eleitoral para debater maneiras de melhorar a qualidade de vida do recifense.

Humberto, atualmente, ocupa o cargo de senador de Pernambuco.

Foi lançado nesta terça-feira (7) o Programa Pedala PE, que visa à implantação de mais de 100 quilômetros de ciclovias no Recife e sua Região Metropolitana a partir de 2014. O programa, que foi lançado pelo governador do estado, Eduardo Campos, e pelo secretário das Cidades, Danilo Cabral, contou também, na ocasião, com a assinatura do Projeto de Lei de implantação da Política de Incentivo ao Uso da Bicicleta, que será encaminhado à Assembleia Legislativa de Pernambuco. 

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Também foram assinados dois decretos estaduais, sendo um firmando parceria com as prefeituras para a implantação de ciclovias, ciclofaixas, bicicletários municipais e outro criando incentivos fiscais para as fábricas montadoras de bicicletas que tiverem interesse em se instalar no Estado de Pernambuco.

“O Programa obedece às diretrizes do Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU) e da Política Nacional de Mobilidade Urbana que defende, entre outras premissas, o incentivo ao transporte não motorizado, a ampliação da mobilidade para a população de baixa renda, a preservação do meio ambiente e não degradação das cidades” ressaltou o secretário das cidades, Danilo Cabral.

Para a concretização do Pedala PE, o governador assinou também nesta terça-feira (7), o Edital de Licitação para elaboração do Plano Diretor Cicloviário, que irá definir as diretrizes para a Política de Incentivo ao Uso da Bicicleta. Eduardo Campos também assinou outros dois editais para a contratação dos Projetos de Implantação das Ciclovias e Requalificação de Calçadas das Avenidas Caxangá, Agamenon Magalhães, PE-15 (requalificação), BR-101 (Igarassu a Abreu e Lima) e Complexo de Salgadinho. 

Segundo Eduardo Campos, o Programa PEDALA PE vai promover além do incentivo ao uso da bicicleta, uma série de outras frentes que garanta o convívio pacífico entre o modal bicicleta e os outros modais – ônibus, carro e metrô – e consequentemente a segurança dos ciclistas.

“Hoje, 11% da população do Nordeste usa a bicicleta para ir trabalhar, estudar ou para se locomover. Mas há pesquisas, inclusive do IBOPE, que dizem que 84% dos nordestinos topariam e gostariam de usar mais a bicicleta. Ou seja, temos aí um modal que precisa se integrar com outros modais. Com o ônibus, com a navegabilidade, com o metrô e até com o próprio transporte individual. Para isso é preciso construir, como está proposto no Programa, os bicicletários nos terminais de ônibus, para ligar o modal bicicleta a outro tipo de transporte”, declarou o governador. 

O programa tem um investimento de cerca de R$ 22,4 milhões que serão aplicados na construção dos 100 quilômetros de ciclovias nos Projetos dos Corredores Exclusivos de TRO (Transporte Rápido de Ônibus) dos eixos Norte-Sul, Leste Oeste, Ramal Acesso à Cidade da Copa, BR-101 e II Perimetral.

 

Terminais Integrados - Já as ordens de serviços também assinadas pelo governado foram para a construção dos Terminais Integrados (TI) de Abreu e Lima e Joana Bezerra. Esses terminais irão servir como obras principais para a integração com o corredor de Transporte Rápido de Ônibus Norte-Sul. Ao todo, os TI’s somam um investimento de R$ 13,3 milhões. 

O TI Joana Bezerra contará com uma área de 4.336,93 m² onde serão construídas 15 plataformas de embarque – cinco para o os veículos de TRO e 10 para os coletivos convencionais –, além de três plataformas de desembarque. Também será construído estacionamento para carros e bicicletários.  É estimado que o TI atenda uma demanda de 140 mil passageiros diariamente com oito linhas operando. 

Já o TI de Abreu e Lima será construído em frente ao Hospital  Miguel Arraes, entre a BR-101 e a PE-15, em uma área de 6 mil m². O equipamento prevê atender diariamente 30 mil passageiros que contarão com o serviço de oito linhas de ônibus. Também serão construídos estacionamento e bicicletário. Todas as duas obras dos TI’s serão executadas em um período de 12 meses. 

Já está em andamento o Plano de Ações para o Trânsito do Recife 2011/2012. A manutenção, dessa vez, aconteceu na pintura da ciclofaixa da avenida do Forte, trecho localizado próximo à Chesf, no bairro do Bongi. As próximas pistas da cidade que irão passar por reparos serão as ciclofaixas do Canal do Cavoco, no Cordeiro, e a ciclovia da avenida Brasília Formosa, em Brasília Teimosa, todas localizadas na Região Metropolitana do Recife.

A Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) também vai incluir a pintura e todos os elementos gráficos das ciclovias e ciclofaixas da cidade. “Estamos garantindo que as pessoas possam utilizar suas bicicletas em locais sinalizados e seguros, principalmente para aquelas que utilizam diariamente o modal como meio de transporte para seus trabalhos”, enfatiza a presidente da CTTU, Maria de Pompéia.

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A previsão de conclusão do serviço é até o dia 15 de junho. No total, o Recife possui aproximadamente 24 quilômetros de ciclovias distribuídas por toda a cidade.

O Estado de Pernambuco nos últimos anos se transformou em vitrine de grandes eventos culturais e desenvolvimento econômico. Mas no que diz respeito à política de mobilidade urbana, as críticas às ações desenvolvidas pelo poder público são uma constante, especialmente quando o tema inclui o debate sobre o uso da bicicleta como meio de transporte na Região Metropolitana. Os próprios técnicos de órgãos públicos reconhecem que não há avanços significativos e admitem que não há como incentivar o uso sem infraestrutura adequada.

Atualmente, na cidade do Recife e Região Metropolitana, existem apenas 73 quilômetros de rotas para o deslocamento de bicicletas, entre ciclovias, ciclofaixas e ciclo rotas -  são 9,5 metros de extensão na avenida Boa Viagem; 1,7 metros de ciclovia da avenida Norte; 3,8 metros de ciclo faixa no centro; 6,5 metros no bairro de Afogados; e 2,6 metros no canal do Cavuco, de acordo com dados da Prefeitura da Cidade do Recife (PCR). “Não adianta a gente incentivar, se o ciclista não vai ter boas condições de se locomover pela cidade. Antes é preciso a construção de novas ciclovias, melhorias na arborização e o mais importante, a conscientização da população, principalmente a dos motoristas para com os ciclistas” afirma o gerente de informação da diretoria da CTTU, Heitor Salvador.

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Com essa pequena quantidade de vias específicas, os ciclistas são obrigados a dividir espaço com os carros e conviver com motoristas que não reconhecem a bicicleta como um meio de transporte.  O servidor público, Antonio Cezar Martins, reclama do descaso do governo. “Para os governantes, a bicicleta se parece mais com um velocípede para gente grande, do que com um veículo de locomoção. O ciclista só existe no Código de Trânsito Brasileiro(CTB)”. Antonio aponta alguns descasos que comprometem ainda mais o uso de bicicletas no dia a dia. “Não existe campanha de educação no trânsito para o ciclista. Não existe sinalização vertical que indique fluxo, sem falar que muita gente acha que lugar de ciclista é na calçada” completa.

A funcionária pública, Maria das Graças Cunha, elege dois dias na semana para usar a bicicleta como transporte para o local de trabalho, numa distância em torno de 12 quilômetros, que vai do bairro de Boa Viagem, zona Sul do Recife, ao centro da cidade, no chamado bairro do Recife Antigo.  Mas, parte do percurso ela utiliza um barco porque não há ciclovia suficiente para concluir o trajeto e a opção de encarar as avenidas sem ciclofaixas ou mesmo ciclovias não a encoraja. “Vou até Brasília Teimosa, onde pego um barco e atravesso  com a minha bicicleta até a Praça do Marco Zero, porque acho mais seguro do que enfrentar uma fúria de carros e a falta de segurança nas ruas”, ressalta.

Projetos - Segundo a Secretaria das Cidades, até a Copa de 2014, 57 quilômetros de ciclovias serão implantados e integrados aos corredores exclusivos de ônibus que estão em construção, além de bicicletários introduzidos em 25 terminais integrados até 2014  e nas 13 estações do Programa de Navegabilidade. Mas para especialistas em temas de mobilidade urbana, esses projetos do Governo não inspiram confiança.

O engenheiro e professor da Universidade Federal de Pernambuco, Maurício Pina, diz que a iniciativa da Secretaria das Cidades carece de estudos atualizados. Segundo ele, a última pesquisa domiciliar de origem e destino feita na Região Metropolitana foi realizada em 1997, há 15 anos, quando muitos dos polos geradores de tráfego não existiam ou estavam no início - a exemplo do Shopping Plaza, Tacaruna, e algumas universidades situadas no centro do Recife. "Cadê pesquisa que justifique esse projeto do Governo nas áreas, inclusive, em que estão pretendendo executar as obras?", questiona. 

Segundo o professor, na última pesquisa, o registro é de que a área de grande fluxo de bicicletas ocorria na Zona Norte da cidade do Recife, nos bairros de Peixinhos e Beberibe. "É o pedreiro que vai trabalhar, a professora que usa para ir a escola dar aulas e assim sucessivamente", acrescenta Maurício Pina.

Ele lembra também que recente projeto de execução de novas obras, anunciado pelo Governo do Estado, no corredor de umas das principais avenidas do Recife, a Agamenon Magalhães, não há registro de construção de ciclovias. "Nossa crítica é em relação à criação dos viadutos previstos e, também, sobre o fato de que não há perspectivas, no novo corredor que eles (o governo) imaginam, ao menos, a existência de criação de ciclovias", ressalta

Formas -  Existem três tipos de ciclovias, cada uma é caracterizada pelo tipo de tráfego. No tráfego compartilhado os automóveis e bicicletas circulam livremente entre as faixas. Na ciclofaixa existe uma faixa específica para o tráfego de bicicletas, porém o trânsito é integrado. Há somente um marcador diferenciado no chão da via. Na Ciclovia a bicicleta possui uma área totalmente separada e independente do fluxo de veículos, podendo ser em um ou em dois sentidos.

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