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“Eu ensinei, não tenho culpa que ninguém aprendeu”, disse-me recentemente um professor universitário que se orgulhava de ter reprovado 65% dos alunos da turma em sua disciplina. Respondi a ele, mesmo com o receio de ser mal interpretado, o seguinte: professor, com essa afirmação você torna público o quanto você ainda não compreende o real objetivo do ato de ensinar e também o novo momento em que vivemos na educação no Brasil e no mundo.

Em última análise, o que interessa efetivamente é o quanto o aluno realmente aprendeu. O como ensinamos é apenas uma questão circunstancial que deve considerar o conteúdo, os diferentes estilos cognitivos dos estudantes e seu contexto. A responsabilidade do professor, portanto, não é com o ensino, mas sim com a aprendizagem. Por mais simples e óbvio que isto possa parecer, este pensamento ainda não se disseminou nos meios educacionais hodiernos.

No passado recente vivemos na sociedade da informação. Quem detinha mais e melhores informações tinha mais poder e, o papel do professor como um eficiente retransmissor de boas informações se justificava plenamente.

Hoje vivemos na sociedade do conhecimento e o acesso à informação está praticamente universalizado. Retransmitir informações não é mais papel do professor. Já há quem faça melhor esta tarefa.

Cabe agora ao educador, utilizar toda a sua experiência no trato com o conhecimento, para auxiliar seus pupilos a transformar informação em conhecimento; compreendê-lo em profundidade; aplicar este conhecimento na solução de problemas e transferi-lo para outras situações distintas.

A educação formal vive nostálgica do “tempo da informação” e ainda nem sequer conseguiu introjetar o paradigma do conhecimento e já vem sendo “pressionada” pelo novo paradigma: o da aprendizagem.

Não basta sabermos transformar informação em conhecimento, temos que ser capazes de integrar informações, conhecimentos, habilidades e atitudes na solução de distintos problemas a todo momento.

Nesta sociedade, interessa mais quem é capaz de aprender rapidamente como se resolve um dada situação ou problema, do que aquele que já sabe como resolver este mesmo problema, pois amanhã a questão será outra e depois outra e mais outra e sempre com novas nuances, novas informações e novos desafios.

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