Campos Neto diz que hoje não votaria com camisa da Seleção
A escolha da roupa é até hoje criticada por várias alas políticas - principalmente do PT - e até por correntes de economistas que defendem, assim como Campos Neto, a autonomia da autoridade monetária
Pela primeira vez, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que, se "tivesse pensado", não teria ido votar na eleição presidencial de 2022 vestindo a camisa da Seleção Brasileira de Futebol, que virou símbolo do Bolsonarismo. A escolha da roupa é até hoje criticada por várias alas políticas - principalmente do PT - e até por correntes de economistas que defendem, assim como Campos Neto, a autonomia da autoridade monetária. "Obviamente, hoje, pensando, eu não faria isso. Não parei para pensar (na ocasião)", afirmou ao programa Conversa com Bial, da TV Globo, exibido na madrugada desta terça-feira (3).
O presidente do Banco Central foi escolhido para o cargo pelo então presidente da República, Jair Bolsonaro, mas segue comandando a autoridade monetária porque foi, durante seu mandato, que a instituição ganhou autonomia, num processo discutido no Congresso e que foi até judicializado, sendo confirmado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se diz contrário à autonomia. Em audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) na semana passada, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) voltou ao tema, tendo Campos Neto como convidado.
Apesar de ter dito que não repetiria o ato hoje, o banqueiro central não se mostrou arrependido. "Pense no próximo presidente que vai me suceder. Ele será escolhido pelo presidente Lula. Você acha que ele vai votar em quem? Vai votar no Lula. O voto é uma coisa muito privada", afirmou, argumentando que a escola em que foi depositar seu voto ficava em frente a sua casa e que estava acompanhado de um dos filhos de 11 anos. "Era uma coisa mais do mundo privado do que do mundo público", justificou.
Campos Neto repetiu, porém, que o tempo conta as histórias pelas ações, e não pela "maquiagem". A ação, segundo ele, estava ali: no aumento dos juros mesmo num período de campanha para a Presidência da República. "A gente fez a maior subida de juros num ano eleição na história do Brasil e na história do mundo emergente porque a gente queria entregar, independentemente de quem ganhasse, uma situação melhor para o brasileiro, não para o presidente", defendeu.