7 em cada 10 pessoas temem agressões por razão política
Amostra elaborada por institutos nacionais indica que 113,4 milhões de brasileiros temem a tensão política
O medo de sofrer violência política acomete quase 70% da população brasileira. Essa é uma impressão estimada a partir da nova pesquisa Violência e Democracia: panorama brasileiro pré-eleições de 2022, uma parceria entre a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Os dados foram coletados pelo Datafolha e divulgados nesta quinta-feira (15).
De acordo com o levantamento, foram sete em cada 10 pessoas que revelaram ter medo de realizar manifestações políticas ou partidárias em virtude de possível violência ou represália. 67,5% dos entrevistados têm muito medo (49,9%) ou um pouco de medo (17,6%) de ser vítima de agressões físicas por motivação política. Apenas 32,5% dos ouvidos não temem ser atingidos pela violência no pleito deste ano.
A amostra indica que 113,4 milhões de brasileiros têm medo de sofrerem agressões físicas. Ao mesmo tempo, a pesquisa verificou que 3,2% dos brasileiros disseram ter sido vítimas de ameaças por razões políticas e 0,8% de violência física.
A sondagem mostra, ainda, que o medo de sofrer uma ameaça diante do clima de escalada da violência política no País também é alto. Segundo a pesquisa, 45,2% têm muito medo de sofrer uma ameaça em razão de escolhas políticas ou partidárias e 17,4% dos ouvidos dizem ter pouco medo. Apenas 37,3% afirmam não temer ameaças. Com isso, pela projeção, o temor de ameaça atinge 105,2 milhões de brasileiros (62,6%).
"É difícil falar em eleições livres e justas com este nível de violência. As eleições livres estão ameaçadas não pelas razões que (o presidente Jair) Bolsonaro suspeita — as urnas eletrônicas —, mas pela violência política", afirmou o presidente do FBSP, Renato Sérgio de Lima. Para a cientista política Mônica Siodré, do Raps, a violência de matriz política - medida pela primeira vez - afeta milhões de pessoas. "É um indicador que preocupa. Temos uma população amedrontada”.
Um dos casos contextualizados para a análise da tensão política deste ano foi a morte de Marcelo Arruda e as agressões verbais direcionadas à jornalista Vera Magalhães. Arruda era um guarda municipal e tesoureiro do Partido dos Trabalhadores em Foz do Iguaçu, no Paraná. Ele foi morto no dia do seu aniversário, cuja festa tinha tema em homenagem ao seu partido. O assassino é o agente penal federal Jorge Guaranho, que se tornou réu e está preso desde julho.