PSOL aciona o Conselho de Ética contra Ricardo Barros
Segundo documento, Ricardo Barros 'desonrou o cargo para o qual foi eleito, abusando das prerrogativas asseguradas para cometer as ilegalidades e irregularidades'
O PSOL protocolou, nesta quinta-feira (1º), uma representação no Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro parlamentar contra o líder do governo na Casa, deputado Ricardo Barros (PP-PR). Segundo documento encaminhado ao Estadão/Broadcast, Barros "desonrou o cargo para o qual foi eleito, abusando das prerrogativas asseguradas para cometer as ilegalidades e irregularidades". O pedido exige a perda de cassação do mandato do parlamentar.
O documento tem por base as declarações do deputado Luis Miranda (DEM-DF) e de seu irmãos, Luís Ricardo Miranda, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid contra Barros e o presidente Jair Bolsonaro na compra da vacina indiana Covaxin. De acordo com representação, Barros teria utilizado a importância que tem no governo para ser intermediador das negociações em defesa de interesses pessoais, às custas da pandemia da Covid-19.
"Depreende-se da atitude do Deputado Ricardo Barros a prática de abuso das prerrogativas constitucionalmente asseguradas aos representantes do povo, ao fazer uso abusivo de sua posição de parlamentar Líder do Governo para negociar vantagens alheios aos interesses públicos, para si próprio e para a Precisa Medicamentos", empresa intermediária da Covaxin, diz o pedido. "Em razão disto, outra não pode ser a sanção aplicada ao Representado após o devido processamento pelo Conselho de Ética, senão a perda do mandato".
Sobre a representação, a vice-líder do partido Fernanda Melchionna (RS) afirmou que "existem muitos indícios" do envolvimento de Barros no esquema de compra da vacina. Conforme pontua, "ele é o líder do governo Bolsonaro na Câmara e isso implica diretamente o presidente da república". "O caso deve ser investigado em outro Poder, mas o Legislativo precisa se posicionar no sentido de responder à sociedade que é inadmissível um parlamentar se envolver neste tipo de corrupção. O parlamento não pode continuar abrigando e defendendo quem é cúmplice de uma política genocida".
O conselho precisa votar para aceitar o pedido e abrir um processo sobre quebra de decoro parlamentar ou arquivar. Além do presidente nacional do partido, Juliano Medeiros, e de Melchionna, o documentos também é assinado pela líder do PSOL na Casa Talíria Petrone (RJ), e seus correligionários, Áurea Carolina (MG), Vivi Reis (PA), Ivan Valente (SP), David Miranda (RJ), Glauber Braga (RJ), Luiza Erundina (SP), Sâmia Bomfim (SP), além dos deputados Túlio Gadelha (PDT-PE) e da Joênia Wapichana (Rede- RR).