Vaza Jato: O Antagonista mantinha conluio com procuradores
De acordo com o The Intercept, a parceira entre MPF e o site influenciou na escolha do presidente do Banco do Brasil
Procuradores da Lava Jato são suspeitos de formar um conluio com a imprensa para interferir na escolha do presidente do Banco do Brasil, no fim de 2018. O grupo do Ministério Público Federal (MPF) enviou documentos ao site O Antagonista para evitar que o ex-presidente da Petrobras Ivan Monteiro - principal postulante - assumisse a cadeira. É o que aponta uma nova fase de divulgação da troca de mensagens de membros da força-tarefa da Lava Jato, mais conhecida como 'Vaza Jato'.
Mantendo uma postura de parceiros, o portal recebia documentos, dava sugestões na investigação e, em troca, obtinha as informações em primeira mão. Segundo a apuração do The Intercept, a direção do editorial chegou a sofrer influência do MPF.
Em um dos casos, a Lava Jato seguiu um 'palpite' do editor Claudio Dantas e solicitou, em 2016, a quebra do sigilo fiscal de uma nora do ex-presidente Lula. Sem autorização, os procuradores acionaram a Receita Federal informalmente, contudo não foi descoberto indícios de crime.
Em uma mensagem enviada em agosto de 2018, Deltan Dallagnol afirma para Dantas que o El País havia solicitado posicionamento em relação a uma declaração do advogado Rodrigo Tacla, um dos críticos da Lava Jato na Espanha. Na conversa, o procurador garantiu que: "Não estamos passando pra mais ng agora".
O laço também é evidenciado em uma conversa de junho de 2017, quando o editor do Antagonista expõe alinhamento com a Lava Jato na escolha do procurador-geral da República ao afirmar que iria "apoiar [o nome] certo". Augusto Aras tomou posse da PGR em setembro de 2019.
O site é vinculado a Veja, que em julho de 2019, fez uma 'autocrítica' do seu trabalho e, na mesma edição, publicou uma parceria com o The Intercept em sua revista semanal. A matéria mostrou ilegalidades cometidas por Sergio Moro enquanto esteve à frente da operação.