Alesp: polarização rendeu denúncias ao Conselho de Ética

Já foram 19 apenas em 2019, com duas advertências verbais, uma delas ao próprio Arthur do Val, que protagonizou uma briga no plenário da Casa nessa quarta (4)

qui, 05/12/2019 - 12:05
Reprodução/TV Alesp Briga generalizada aconteceu nessa quarta Reprodução/TV Alesp

O clima de polarização que tomou conta da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) já resultou em 19 denúncias ao Conselho de Ética da Casa desde o início do ano. Segundo a presidente do colegiado, deputada Maria Lúcia Amary (PSDB), duas delas já resultaram em advertências verbais a Douglas Garcia (PSL) e Arthur do Val, o "Mamãe Falei", atualmente sem partido após ser expulso do DEM.

Nesta quarta-feira (4), Mamãe Falei repetiu o mesmo termo pelo qual havia sido punido ao xingar servidores públicos de "vagabundos", provocando uma briga generalizada. "Levanta a mão quem é machão. Levanta a mão do líder sindical aí. Quem é líder sindical aí? Levanta a mão. Tá com medo? Quero ver me encarar, ô líder sindical. Eu quero pegar você. Eu quero pegar você, que toma o dinheiro dos trabalhadores. Bando de vagabundo", discursou o deputado. Em seguida, o plenário foi invadido por um grupo de parlamentares e apoiadores, com o deputado Teonílio Barba (PT) à frente.

As cenas que rapidamente invadiram as redes sociais mancham duramente a imagem da Alesp, que deu um "péssimo exemplo de democracia", segundo Maria Lúcia, e requerem medidas firmes da Casa. Ela afirmou que espera receber nesta quinta-feira, 5, denúncias de parlamentares de ambos os lados para logo instaurar procedimentos no conselho que podem resultar em novas punições a Arthur do Val e outros deputados.

De acordo com Maria Lúcia, desde 1999 que o Conselho de Ética da Alesp arquiva todas as denúncias feitas ao colegiado. "E não podemos permitir esse corporativismo. Todas as denúncias agora são discutidas e encaminhadas para que se possa dar o parecer de um relator. É uma questão de moralidade, não se pode arquivar pura e simplesmente. Não é possível que em 20 anos não tenha acontecido nada."

"Mamãe Falei" e Barba chegaram a erguer os punhos, indicando que trocariam socos em plena tribuna. Em seguida, o petista foi puxado pelo paletó e afastado, enquanto a sessão se transformou em uma confusão generalizada.

Mas o clima já estava quente antes mesmo da fala de Arthur. Isso porque Enio Tatto (PT) havia acusado, minutos antes, a deputada Janaina Paschoal (PSL) de "sentar no colo do governador João Doria (PSDB)", em referência ao apoio dela à reforma previdenciária elaborada pelo governo estadual e em pauta na sessão.

'Sem radicalização'

Diante do baixo nível das declarações, o presidente da Alesp, Cauê Macris (PSDB), chegou a interromper a fala de Arthur, após diversas provocações direcionadas à plateia, e pediu que o deputado não usasse mais termos como "vagabundo". Mas não cortou o áudio, o que gerou revolta em parlamentares da oposição.

Em nota, Macris afirmou que as cenas registradas não condizem com a história da Assembleia Legislativa de São Paulo e que o "momento exige serenidade e responsabilidade, sem radicalização". A assessoria do presidente da Assembleia disse ainda que "não houve tempo" para cortar a fala de Arthur do Val.

Entre as medidas possíveis previstas no regimento da Alesp estão advertências verbais e por escrito, afastamento temporário das funções parlamentares e até mesmo perda do mandato. Atualmente, o conselho estima finalizar um processo gerado a partir de uma denúncia em um prazo informal de 60 dias.

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