DOU traz afastamento de Moro e assessoria diz que é férias
O despacho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) observa que o ministro ficará afastado das atividades de 15 a 19 de julho 'para tratar de assuntos particulares'
O Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira (8) traz o afastamento do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, do cargo. O comunicado diz que Moro ficará afastado das atividades de ministro no período de 15 a 19 de julho, “para tratar de assuntos particulares”.
O LeiaJá entrou em contato com a assessoria de imprensa da pasta para saber detalhes do despacho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e foi informado, por telefone, que o afastamento se tratava de “cinco dias de férias do ministro”. Depois, ainda pela manhã, a assessoria emitiu uma nota pontuando que a saída temporária de Moro na realidade era uma licença não reumerada prevista em lei.
"Por ter começado a trabalhar em janeiro, o ministro não tem ainda direito a gozar férias. Então está tirando uma licença não remunerada, com base na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990", informou.
Moro vai sair de cena no momento em que aparece como protagonista do vazamento de conversas que sugerem a interferência do ex-juiz nas investigações da Lava Jato. As mensagens estão sendo divulgadas pelo site The Intercept desde o dia 9 de junho. Os diálogos de Moro são com o procurador da Deltan Dallagnol. O periódico diz ter tido acesso à trocas de mensagens privadas com gravações em áudio, vídeos, fotos e documentos judiciais a partir de uma fonte confiável.
As últimas revelações aconteceram na sexta-feira (5) quando, através da revista Veja, foram expostas articulações que sugerem que Moro teria orientado procuradores e retardado a inclusão de provas em casos investigados pela Lava Jato.
O conteúdo também apontou que o ministro foi contra o fechamento de um acordo de delação premiada entre o MPF e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB), e expressou conselhos dados pelo apresentador Fausto Silva para os procuradores sobre como se portarem diante da imprensa para falar das investigações dos casos de corrupção. Faustão confirmou a conversa com o então juiz.
O ministro da Justiça e Segurança Pública nega qualquer interferência nas investigações e já declarou que não tem medo dos vazamentos. “Achei que esse revanchismo da Lava-Jato tinha se encerrado. Aqui [no ministério] tenho um trabalho e uma missão a ser cumprida, que é consolidar os avanços sobre o combate à corrupção e ao crime organizado. Não vai ser por causa de falsos escândalos que vou desistir dessa missão”, disse, em entrevista recente.