Lava Jato: avião que caiu com Eduardo era fruto de propina
Argumento é reforçado na ação civil pública ajuizada contra o PSB e o MDB, além de políticos, por improbidade administrativa. Lava Jato aponta que o jatinho custou cerca de R$ 1,7 milhão
Investigações da Lava Jato afirmaram que a aeronave em que ocorreu o acidente aéreo que matou o ex-governador Eduardo Campos (PSB) e mais seis pessoas em agosto de 2014 foi comprada, ao menos em grande parte, com dinheiro de propina. O jatinho estava sendo usado por Eduardo em sua campanha presidencial e foi comprada pelo valor de R$ 1 milhão 710 mil.
A afirmativa do Ministério Público Federal (MPF) surge junto com uma ação civil pública movida pela Lava Jato e a Petrobras, que acusam o PSB e o MDB de improbidade administrativa. A ação pede o pagamento de mais de R$ 3 bilhões ao erário público.
A Lava Jato aponta que o responsável pela compra da aeronave foi o João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho que "desempenhou o papel de operador das propinas recebidas por Eduardo Campos", sendo ele também acusado de ter recebido subornos para o ex-governador por diversas vezes, segundo aponta os procuradores.
De acordo com as investigações, a compra da aeronave, o jato Cessna Citation, 560 XLS, prefixo PR-AFA, foi realizada mediante pagamento dividido de várias pessoas físicas e jurídicas, uma "típica lavagem de capitais". Até duas empresas "fantasmas" , em nome de "laranjas" estão no meio: a RM Construções Ltda. e a Geovane Pescados Eireli.
“As investigações revelaram que a aeronave em que ocorreu o acidente aéreo que vitimou Eduardo Campos e mais seis pessoas, no dia 13 de agosto de 2014, foi comprada, pelo menos em grande medida, com dinheiro de propina. O jato Cessna Citation, 560 XLS, prefixo PR-AFA, era utilizado por Eduardo Campos em sua campanha presidencial e foi comprado por João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho pelo valor de R$ 1.710.297,03”, aponta a Lava Jato.
Em entrevista ao Estadão, o procurador da República Deltan Dallagnol salientou que "trata-se de propinas canalizadas para a campanha de um presidenciável que, se não tivesse falecido, poderia ter sido presidente do Brasil ou ocupado outra alta função pública na esfera federal." Dallagnol aponta a necessidade de "reformas no sistema político brasileiro".
Defesa
O PSB emitiu uma nota afirmando que recebeu com supresa a ação pública ajuizada pelos procuradores da Lava Jato. No texto, eles também observam que "as campanhas do PSB sempre foram financiadas de acordo com as normas legais".
O partido também defendeu Eduardo Campos. "Quanto à citação, na mesma ação, do ex-governador e ex-presidente do partido Eduardo Campos, embora este não esteja mais entre nós para se defender, temos confiança plena de que nada haverá de ser comprovado que macule o nome e a honra de um homem público com tantos e tão relevantes serviços prestados a Pernambuco e ao Brasil", diz a nota, assinada pelo presidente nacional do partido, Carlos Siqueira.