Bolsonaro deve se esforçar para trazer cubanos de volta

É o que acredita 49% dos recifenses ouvidos pelo Instituto de Pesquisas UNINASSAU no levantamento que aferiu a opinião da população sobre o programa Mais Médicos

por Giselly Santos qui, 06/12/2018 - 15:53
Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Posturas políticas influenciam diretamente no dia-a-dia da população e, recentemente, as declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) diante do Mais Médicos,  prometendo critérios mais rígidos para a participação do governo e de profissionais de Cuba no projeto federal, causou a saída do país caribenho do programa.

Com o assunto entre os mais comentados nas últimas semanas, o Instituto de Pesquisas UNINASSAU foi às ruas do Recife aferir o que a população pensa sobre o Mais Médicos e ouviu da maioria que o capitão da reserva deve se esforçar para trazer os médicos cubanos de volta ao país.

Entre os que responderam o levantamento divulgado nesta quinta-feira (6), 75% disseram que já ouviram falar no programa e 24% pontuaram que não. Dos recifenses que sinalizaram conhecer a iniciativa, 72% são favoráveis ao projeto do governo federal para ampliar o atendimento médico principalmente nas cidades periféricas brasileiras e 24% colocaram-se contra.

Ainda tomando como base os que conhecem o Mais Médicos - que trouxe mais de 8,3 mil médicos cubanos para o país, sendo 414 deles para Pernambuco -, o Instituto também perguntou se o entrevistado já tinha sido atendido por um profissional caribenho. Neste quesito, 16% disseram que sim e 84% pontuaram que não. Dos que usufruíram do serviço, 29% consideraram ótimo, 54% bom, 11% regular, 4% ruim e 4% péssimo.

Desde 2013, quando o programa foi criado pela então presidente Dilma Rousseff (PT), Cuba chegou a enviar 11 mil profissionais para o Brasil. Agora os médicos, que inclusive foram alvos de protestos no início da atuação no país, estão retornando aos poucos para o país de origem depois que no último dia 14 de novembro o governo caribenho decidiu convocar a volta deles ao país.

Quanto ao apoio do retorno dos médicos para Cuba, 57% dos entrevistados se posicionaram contra e 37% foram favoráveis. Além disso, para 49% dos recifenses que conhecem o Mais Médicos, o presidente eleito deve se esforçar para trazer os cubanos de volta para o país. Em contrapartida, 39% disseram que Bolsonaro não precisa atrair de volta os profissionais e 9% pontuaram que talvez.

A pesquisa “Os recifenses, o futuro e temas da conjuntura” ouviu 480 pessoas em idade eleitoral nos dias 3 e 4 de dezembro. O nível de confiança do levantamento é de 95% e a margem de erro é de 4,5 pontos percentuais para mais ou menos.

Veja a análise do coordenador do Instituto e cientista político, Adriano Oliveira, sobre o levantamento:

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Entenda o desembarque de Cuba do Mais Médicos

Segundo a nota do Ministério da Saúde Pública de Cuba, a saída do país da iniciativa se deu por declarações "ameaçadoras e depreciativas" do presidente eleito. No comunicado, o órgão diz também que “não é aceitável que se questione a dignidade, o profissionalismo e o altruísmo dos colaboradores cubanos que, com o apoio de suas famílias, presta serviços atualmente em 67 países".

“As mudanças anunciadas impõem condições inaceitáveis ​​e violam as garantias acordadas desde o início do programa… Essas condições inadmissíveis impossibilitam a manutenção da presença de profissionais cubanos no Programa", chegou a informar o governo cubano.

Jair Bolsonaro, por sua vez, não poupou críticas à postura e disse que como as novas condições listadas exigia a entrega do salário integralmente aos profissionais cubanos sem um percentual para o governo, a medida atingia “a manutenção da ditadura” de Cuba.

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