Pastora transexual quer se eleger deputada
Alexya Salvador (PSOL) disse que quer 'transformar' Legislativo. ''Se acontecer de eu ser eleita, imagina o nó na cabeça da bancada evangélica? Como assim uma pastora 'trava'?'', declarou
A bancada evangélica da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) pode ter uma componente inusitada a partir das eleições deste ano. Caso a pastora Alexya Salvador (PSOL) seja eleita, o colegiado terá pela primeira vez uma pastora transgênero entre os seus componentes. Alexya é líder da Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM).
Inicialmente, o desejo da pré-candidata psolista era de pleitear uma vaga na Câmara Federal, mas recentemente ela mudou o requerimento no PSOL e anunciou que vai concorrer a vaga de deputada estadual.
Independente da Casa Legislativa, o intuito principal de Alexya é “mudar o sistema por dentro”. “Se acontecer de eu ser eleita, imagina o nó na cabeça da bancada evangélica? Como assim uma pastora 'trava'?”, salientou em recente entrevista ao jornal Folha de São Paulo.
Nas redes sociais, a pastora se apresenta como “transgênera por natureza e transfeminista por convicção”. Para ela, é preciso ter novos representantes LGBTs no pleito deste ano para que haja mais igualdade no país.
“Minha candidatura é um caminhar de transformação para que possamos ter cada vez mais representatividade. Se nós não tivermos representatividade em Brasília e na Assembleia em São Paulo não teremos os nossos direitos garantidos. Cada vez mais aquela bancada que alí está continuará execrando, nos humilhando, nos massacrando e fazendo de nós fantoches apenas”, ponderou, no vídeo em que anuncia sua pré-candidatura.
“Temos sim que eleger LGBTs para o assumir em 2019 aquelas cadeiras para que possamos reconstruir a história do país e aquela Casa seja de igualdade. Meu desejo é exercer a igualdade. Que todas as pessoas tenham a sua experiência representadas. Que não seja simplesmente uma bancada evangélica, que possamos ter todas as religiões lá representadas. O Estado é laico, mas sabemos que as religiões elegem seus representantes para estar lá”, completou Alexya.
Filiada ao PSOL desde 2017, esta é a primeira vez que a pastora concorre a um cargo público. Ela tem 37 ano,s é casada e mãe de dois filhos adotivos. Formada em Letras, Pedagogia e Teologia, Alexya é professora rede estadual de ensino paulista e vice-presidente da Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas (ABRAFH).