Amadorismo e inércia marcam o PSB, diz dirigente da sigla
Vice-presidente estadual, Luciano Vasquez expôs fissuras internas e inflamou o clima no partido. Ele disse que "estão jogando fora" o legado de Arraes e Eduardo e chamou Paulo Câmara de "pedinte de cargos"
A crise pós-eleição no PSB é cada vez mais latente. Depois do advogado Antônio Campos (PSB) acusar correligionários de interferir negativamente na sua campanha em Olinda, o vice-presidente estadual da legenda, Luciano Vasquez, inflamou o clima ao fazer uma dura análise sobre a atuação de socialistas na política local e nacional, entre elas, a do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB).
Em nota divulgada à imprensa, Vasquez classificou como “pequeno” e “precário” o fato dele ter sido exonerado do cargo de diretor de Relações Institucionais de Suape. Para o pessebista, a ação foi resultado de uma “retaliação” ao posicionamento de dissidência adotado por ele no pleito em Caruaru, no Agreste de Pernambuco. No segundo turno, Vasquez apoiou a prefeita eleita Raquel Lyra (PSDB) que precisou deixar o PSB para se candidatar.
“Com a eleição de Eduardo, em 2006, pensávamos que havíamos vencido a velha política e as suas práticas mais nefastas, como a perseguição, a retaliação e o expurgo, mas estão vivas e ativas em Pernambuco”, desabafou. “A inexperiência, o amadorismo, a inércia e a falta de diálogo são as marcas efervescentes desse tempo”, disparou, emendando.
Segundo o vice-presidente, “estão jogando fora, de forma inconsequente, toda a história e legado de Arraes e Eduardo”. Ele afirmou que não houve um diálogo prévio, nem justificativa à sua exoneração do governo. “Sobre a minha saída, quem tem que falar é o governador. Ele é governador até 31 de dezembro de 2018 e está dentro das prerrogativas dele nomear e exonerar, não é assim?”, ironizou.
Disparando diretamente contra Paulo Câmara, Luciano disse que “um governante não pode ficar reduzido a imagem de um pedinte de cargos”. “É um ato pequeno e precário que está em desarmonia com as tradições de bravura e honra de quem já exerceu tão dignificante cargo, de Governador de Pernambuco”, ponderou. Para ele, o chefe do Executivo precisa se preocupar com a “melhoria da qualidade de vida do nosso povo”.
Ao explicar a postura, Vasquez disse que antes de subir ao palanque da tucana conversou com o governador e o então candidato da legenda na cidade, Jorge Gomes. “Fiz o que minha consciência determinava: ter lado. Fiz a opção pela coerência histórica e política da Frente Popular, e estava certo. A vitória de Raquel é o resultado do acerto de quem faz política sintonizado com a luta do povo. Quando os governantes e os políticos erram, o povo conserta”, observou. Oficialmente, o PSB apoiou a postulação de Tony Gel (PMDB) ao cargo.