Cavendish e Cachoeira vão para prisão domiciliar
Todos foram beneficiados por decisão da desembargadora federal Lizete Lobato, do 2º Tribunal Regional Federal, da 2ª Região
Os empresários Fernando Cavendish, Adir Assad, Cláudio Abreu e Marcelo Abbud e o contraventor Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira, todos presos na Operação Saqueador da Polícia Federal, deixaram por volta das 4h desta segunda-feira (11) o presídio Bangu 8, no Rio.
Todos foram beneficiados por decisão da desembargadora federal Lizete Lobato, do 2º Tribunal Regional Federal, da 2ª Região. No fim de semana, a magistrada ordenou que os réus fossem liberados para cumprir prisão domiciliar, mesmo sem tornozeleiras eletrônicas, em falta no sistema penitenciário do Rio. Agora, eles deverão ser monitorados por agentes da Polícia Federal.
A soltura dos acusados fora determinada pelo ministro Nefi Cordeiro, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Assad só foi liberado porque outro mandado de prisão, concedido na Operação Pripyat, que investiga corrupção na Eletronuclear, foi revogado também pelo STJ.
Os cinco deverão permanecer no Rio até a próxima quarta-feira, dia 13, quando será julgado o mérito do habeas corpus que determinou a libertação dos réus, ajuizado pela defesa de Cachoeira, mas cujos efeitos beneficiaram os outros réus. A Procuradoria-Geral da República vai recorrer da decisão para tentar levar os acusados de volta à prisão.
A Operação Saqueador da PF investiga supostos desvios de R$ 370 milhões em obras públicas atribuídas à Construtora Delta, que era controlada por Cavendish. O empresário era próximo do então governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB, 2007-2014), e sua empresa tocou obras importantes para o Estado e o governo federal.
A Companhia fez sem licitação, por exemplo, o Parque Aquático Maria Lenk, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. O complexo foi usado nos Jogos Panamericanos e também será utilizado na Olimpíada. De 2007 a 2011, segundo a Polícia Federal e o MPF, a Delta faturou R$ 11 bilhões só em dinheiro público - 96% de tudo o que ganhou no período.
Investigadores que acompanham o acaso dizem que há indícios de pagamento por serviços que não foram realizados, além de lavagem de dinheiro. Os valores seriam repassados para empresas de fachada e depois sacados em dinheiro vivo, para pagamento e funcionários públicos e a políticos, segundo a PF e o MPF. As defesas dos réus negam as acusações.