Temer precisará mostrar a que veio, diz Skaf
"Michel Temer é uma pessoa equilibrada e neste momento só pensa na nação brasileira", afirmou
O vice-presidente da República, Michel Temer, tem consciência de que, num eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff, assumirá o governo sob olhar de desconfiança da nação brasileira e terá que mostrar o mais rapidamente possível a que veio. Foi o que disse em uma conversa exclusiva com o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, principal interlocutor entre Temer e o setor empresarial, especialmente da indústria.
"Michel Temer é uma pessoa equilibrada e neste momento só pensa na nação brasileira. Não está preocupado com eleições e com partido e, sim, em fazer o melhor para a nação brasileira", respondeu Skaf, ao ser questionado sobre a possibilidade de as eleições municipais deste ano reduzirem o ímpeto do atual vice-presidente de fazer um ajuste fiscal mais profundo. Skaf continuou: "Ele tem consciência de que entra sob o olhar de desconfiança da nação. Ele precisa mostrar a que veio rapidamente e eu creio que é isso que ele vai fazer."
O presidente da Fiesp afirmou acreditar ser possível o governo promover um forte ajuste fiscal sem aumentar impostos nem prejudicar os programas sociais, zerando o déficit público ainda neste ano. Ele usou como exemplo o investimento previsto no Orçamento, de R$ 48 bilhões, dos quais não devem ser executados nem R$ 20 bilhões em razão da crise política e econômica. "Só aí já teremos de R$ 28 bilhões a R$ 30 bilhões para ser abatidos do rombo de R$ 90 bilhões nas contas públicas", exemplificou Skaf, acrescentando que dentro do próprio Orçamento há muitas contas que podem ser acertadas de modo a ajustar as contas públicas.
Skaf, que tem mantido diálogos frequentes com o vice-presidente, não comentou os rumores em torno de seu nome para ocupar algum cargo num eventual governo de Michel Temer. Disse apenas que está fazendo reuniões com representantes não só da indústria, mas de outros segmentos, desde o começo do ano, em meio ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Nesta quinta-feira, Skaf presidiu uma reunião na sede da entidade com representantes de mais de 40 associações de classe empresarial. Ficou decidido durante o encontro que todos visitarão o Senado na quarta-feira da semana que vem numa força-tarefa junto aos senadores. "Há muitos senadores indecisos ainda (em relação à votação do impeachment)", afirmou.