Manifestantes contrários ao impeachment se reúnem em SP
Foi instalado no local um telão para que possa ser acompanhada a votação sobre a abertura do processo de impeachment, na Câmara dos Deputados
Manifestantes contrários ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff estão reunidos na tarde de neste domingo (17) no Vale do Anhangabaú, centro da capital paulista. Foi instalado no local um telão para que possa ser acompanhada a votação sobre a abertura do processo de impeachment, na Câmara dos Deputados. Além disso, foi montado um palco onde são feitos debates e apresentações musicais.
Em meio à multidão, circulam grupos tocando percussão e berimbau. São ouvidos gritos com palavras de ordem e estouros de fogos de artifício. Com bandeiras de sindicatos e movimentos sociais, vários participantes estão vestidos de vermelho e levam faixas e adesivos que classificam o processo contra Dilma de golpe. “Estão tirando ela do poder para eleger quem eles querem sem ter uma nova eleição”, reclamou Guilherme Nadoni, de 22 anos.
Para o jovem, não existem razões para que a presidenta deixe o Palácio do Planalto. “Estou aqui pela democracia que está em risco com esse golpe que está sendo feito. A Dilma é ficha limpa, não fez nenhuma ilegalidade”, destacou o jovem, que veio de Interlagos, zona sul paulistana, mesmo não sendo um apoiador do governo. “Na verdade, eu não gosto do governo atual, mas não acho que o golpe é certo.”
As suspeitas contra os deputados que conduzem o impeachment são, na opinião da cientista política Daliane Saroba, de 38 anos, um dos principais problemas do processo. “Eu não reconheço nas pessoas que estão fazendo o julgamento nenhuma credibilidade”, disse. “O mesmo crime que está sendo imputado a ela o TCU não imputou aos governos Lula [Luiz Inácio Lula da Silva] e FHC [Fernando Henrique Cardoso]. Não está havendo imparcialidade”, acrescentou a cientista política.
Daliane afirmou que não está confiante em relação ao desfecho da votação desta tarde. “Eu acredito que ela não vai escapar”, opinou. No entanto, a cientista política defende a importância de marcar posição. “A cidadania se traduz em participação política. Você só tem como interferir na ordem social quando se manifesta.”
Entre os apoiadores do ato no Anhangabau estão a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e a Central de Movimentos Populares (CMP).