Meirelles: 'Youssef me disse que os valores eram de Cunha'
Leonardo Meirelles, que é proprietário do Laboratório Labogen e apontado como operador do doleiro Youssef, depõe no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa
Colaborador da Lava Jato, o empresário Leonardo Meirelles afirmou, na manhã desta quinta-feira (7), que o doleiro Alberto Youssef disse ter feito o pagamento de mais de US$ 5 milhões para o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), depositados em contas na Suíça.
Meirelles, que é proprietário do Laboratório Labogen e apontado como operador do doleiro Youssef, depõe no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa. Ele foi convocado para esclarecer o envolvimento de Cunha no esquema de propina da Petrobras e como parte das investigações da representação impetrada pelo PSOL e a Rede Sustentabilidade pedindo a cassação do mandato do peemedebista.
Indagado sobre como relaciona o envolvimento de Eduardo Cunha com o esquema, Meirelles detalhou uma conversa que teve com Youssef. “Uma semana após a transferência [no exterior], almoçando com Alberto[Youssef], ele comentou informalmente que estava sofrendo uma pressão e tinha liquidado a transferência para Eduardo Cunha”, afirmou. “Nunca estive com Eduardo Cunha, não sou operador, como Youssef e Julio Camargo”, acrescentou.
O colaborador pontuou também que nunca foi informado sobre nomes dos destinatários das propinas, mas especificamente neste momento Youssef apresentou detalhes para ele, de maneira informal. “Fui ligando as informações [das delações de Julio Delgado e Alberto Youssef] com a nossa conversa, já prestei depoimento de livre espontânea vontade minha em 48 oportunidades, não estou aqui para pré-julgar ou condenar ninguém, mas estou expondo fatos que já falei”, argumentou, diante de acusações dos aliados do presidente da Casa.
Sobre a existência de contas do exterior que são da posse de Eduardo Cunha, Leonardo Meirelles disse que não tinha conhecimento. "Não posso afirmar isso", resumiu. O assunto é a principal acusação contra Cunha no processo em tramitação no Conselho de Ética. O PSOL e a Rede sustentam ele teria mentido durante um depoimento espontâneo à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras quando afirmou que não tem contas no exterior.